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Lana estava no quarto de hóspedes àquela manhã, passou a noite toda em claro apenas pensando em Hunter e em todas as coisas que Elize havia dito. Tudo o que ela mais queria agora era acordar e perceber que era apenas um sonho, ela nunca quis ter um filho, mas ao perceber já estava naquilo até o pescoço. Quando ela foi ao hospital e descobriu que já estavam quase em seus dois meses se desesperou, ela procurou por ele, mas não obteve respostas.

Restavam apenas três meses para que seu bebê viesse ao mundo, ela estava ansiosa, mas agora não mais. Lana se levantou com dificuldade e olhou pela janela, ela viu Callan com Rosy enquanto Elize os olhava de longe, ela queria aquilo.

Lana o amava com todo o seu coração, mas agora estava tudo tão confuso, ela foi abandonada com o filho, sua amiga foi ferida e muita gente morreu, ele não era mais quem ela conhecia, ou talvez ele nunca tivesse sido, ele a fez odiar aquela cidade, aquela casa e... eventualmente, aquele bebê. A mulher começou a puxar o ar com força, percebendo todas as mentiras dele, como quando ele lhe disse haver perdido os amigos, na verdade, ele os havia matado. Ela apertou os olhos e abriu a gaveta, tirando de lá uma tesoura afiada.

– Lana, o café... O que você está fazendo? — Elize correu até ela e jogou a tesoura que antes estava apontada para sua barriga no chão.

– Elize, me larga! — Lana começou a se debater.

– Lana... — Elize largou as mãos dela.

– Essa criança, Elize, essa criança não pode existir mais! — Lana gritou.

– O quê? Lana, não é assim. Eu posso te ajudar. — Elize se aproximou dela.

– O bebê será como ele! Um monstro assassino! — Lana chorava.

– Não... ele jamais será como ele, Lana! Esse bebê, ele nunca será como o Hunter. — Elize segurou os ombros da amiga.

– Não vou conseguir olhar para ele, Elize... me ajuda. — Lana soluçava.

– Eu vou ajudar você, eu prometo. — Elize abraçou a mulher.

– Nós ainda somos amigas, certo? — Lana sussurrou.

– Claro que somos! — A morena acariciava seus cabelos.

– Se eu morrer, eu quero que cuide dele como se fosse seu. — Lana disse aquelas palavras que uma vez já foram ditas por Wade.

– Você não vai morrer... — Elize apertou mais o abraço.

Assim que elas duas se separaram Lana ainda chorava, começando a dizer sobre as mentiras de Hunter, e novamente ela disse que se morresse Elize seria a única pessoa em quem ela confiaria para cuidar de seu filho, ela fez Elize prometer. Assim que elas estavam saindo Lana sentiu algo vazar, era sangue. Rapidamente a morena correu para fora do quarto e começou a pedir ajuda, ela não iria suportar isso novamente. Callan e Cobra rapidamente subiram e assim que viram a garota na cama a pegaram no colo e desceram com ela.

Eric que estava com Rosy apenas olhou sem poder fazer muita coisa, ele entregou a neta para uma das empregadas e correu até Elize, que tremia, mas ela não se deixou abater por isso novamente, o sangue em suas mãos lhe traziam memórias ruins, mas ela não iria mais aceitar que isso a levasse ao fundo do poço novamente.

Foi então que Mattia apareceu, Elize o viu e rapidamente começou a andar até o mais velho com passos duros e socou o rosto dele com toda a sua força, fazendo o sangue escorrer pelo canto da boca do tio. Ninguém ali entendeu o que realmente aconteceu, Eric se aproximou e segurou o punho da filha quando ela se preparou para o próximo soco.

– Está vendo, Eric!? A sua filha é louca! — Mattia gritou.

– Louca!? Você atirou no Kite, seu merda! — Elize cuspiu as palavras em cima dele.

– Eu nunca faria isso! Eric, dê um jeito m sua filha! — Mattia começou.

– Elize, querida... — Eric olhou para sua filha e ela viu aqueles olhos tristes novamente.

– Vai acreditar nele? Callan está de prova! Por causa dele Kite perdeu a memória. — Elize gritou e só então ela viu Rosy no canto.

– Elize- — Eric começou e foi ignorado por ela que foi até Rosy.

– Rosy, você perdoa a mamãe? Sinto muito que tenha visto isso, amor... eu- — Elize foi calada quando sentiu o abraço de Rosy.

– Eu sei que você não é má, mamãe. Eu te amo. — Ela disse baixo.

– Obrigada... — Elize abraçou de volta e depois beijou sua testa e pediu para que Rosy se comportasse enquanto ela estivesse fora.

Elize saiu dali logo depois, deixando Eric e Mattia para trás, ela não sabia o que fazer, muitas coisas acontecendo e todas sendo jogadas em seus ombros eram demais para ela aguentar sozinha. Sabia que Eric não iria ceder quanto a Mattia, afinal, ele não sabia a verdade ainda. Eric não queria escolher um lado, ele amava Elize mais do que qualquer coisa no mundo, mas Mattia ainda era seu irmão, ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar.

Elize foi junto de Francesco e Isaiah até o hospital onde Lana estava. A morena viu o sangue seco em uma parte da mão respirou fundo, logo, tratando de limpar. Assim que eles chegaram logo ela chegou e viu Callan em um canto com Cobra, ela nunca os viu tão quietos como agora.

– Callan, Cobra... — Elize apareceu e os olhou.

– Eles estão bem, Elize. — Callan disse e viu a amiga soltar o ar.

– O que aconteceu lá, Elize? — Cobra perguntou.

– Ela queria matar o bebê. — Elize disse e viu os outros ficarem tensos.

– Mas não é só por isso que está assim, não é? — Callan entregou a ela um copo d'água.

– Mattia está em casa, ou melhor, na casa do meu pai. — Elize bebeu.

– Aquela casa também é sua. — Francesco disse.

– Não enquanto ele estiver lá. Não vou dividir o mesmo teto que aquele homem, eu não sei do que ele é capaz, ele poderia matar o próprio irmão se quisesse. — Elize disse e um arrepio percorreu toda a sua espinha.

– Você tem razão, vamos procurar uma casa para ficarmos enquanto ele estiver lá. — Cobra disse.

– Cobra?! — Callan o olhou.

– Se ela não quer ficar lá eu também não vou. Eu não confio nele, Callan. — Cobra disse e olhou para Francesco.

– Não vou arriscar a vida da minha filha com aquele desgraçado lá dentro. Se meu pai continuar ao lado dele mesmo quando apresentarmos provas, eu não vou mais insistir. — Ela se levantou.

 𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora