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Rintarou abriu a porta da casa, sua figura assustou alguns de seus companheiros ali, ele estava coberto de sangue seco, nem sabia mais dizer se aquele sangue era dele ou de outra pessoa. Ele continuou andando e subiu as escadas, indo em direção ao quarto onde dormia, Suna foi tirando sua roupa e enfim entrou no box, assim que ele ligou o chuveiro o sangue começou a sair e transformar o piso branco em um mar vermelho. Ele fechou os olhos, mas ele não queria, sempre que fazia isso a imagem dela surgia em sua cabeça.

O sangue seco em seus braços saiu só depois que ele passou a esponja, assim como outras partes do corpo, o shampoo não pegou de primeira, pois o cabelo estava oleoso o cheirando a sangue. Haviam alguns cortes nele também, mas nada muito grave. Rintarou saiu do box e se olhou no espelho, ele passou as mãos nos cabelos, os puxando para trás, ele se odiava, aquela pessoa que ele via no espelho já não era mais a mesma.

– Não consegui proteger ninguém... — Suna disse baixo.

Osamu veio em sua mente agora, tudo estava tão nebuloso, o acinzentado era o seu melhor amigo e mesmo assim ele deixou que ele morresse aquela noite. Elize, ela era a maior vítima naquilo e ele sabia disso. Suna riu, ele tapou um dos olhos e em seguida encarou seu desprezível reflexo, o moreno então socou o espelho, o vidro se partiu em múltiplos pedaços e o sangue começou a sair de seu punho, assim como as lágrimas em seus olhos. Rintarou estava um caco, sua pele parecia se rasgar, seu estômago doía, seu coração queimava.

Suna caminhou para trás e bateu as costas na parede do banheiro, o sangue ainda saía sem parar, ele chorava como uma criança agora, tudo dentro dele doía. Ele lavou o rosto e saiu do banheiro, vestiu qualquer roupa que fosse confortável o suficiente para ele e acendeu um cigarro de maconha, estava tremendo, seu corpo precisava daquela maldita substância quando ele não estava com ela.

– Suna? Eu posso entrar? — Era Kita.

– Entra. — O moreno disse enquanto soltava a fumaça.

– Você matou dois Italianos. — Kita estava com os braços cruzados.

– Kita, se eles matam um dos nossos, nós matamos dois dos deles. — Rintarou andou até a porta e olhou o porta-retrato na cômoda e o virou para baixo e saiu.

– O que deu em você, Rintarou? — Kita perguntou para si mesmo enquanto levantava o porta-retrato e vendo uma foto de Suna junto de Atsumu e Osamu.

Kita foi até o banheiro e viu o estilhaço e sangue por todo lado, ele tapou o nariz pelo cheiro forte e começou a retirar os cacos da pia. Suna ainda era inocente, ele não sabia como controlar aquele sentimento enorme que tinha em seu peito, ele nunca foi acostumado com essa quantidade de amor, então ele se assustou com Elize.

[...]

Enquanto isso Elize estava olhando pela janela do quarto, ela usava apenas uma camisa branca que batia em suas coxas. O cigarro entre os dedos enquanto o vento a abraçava naquele fim de tarde, mas em sua mente vagava apenas Suna, queria poder entendê-lo, mas o moreno era alguém difícil, e talvez realmente fosse melhor deixá-lo ir. A morena então sentiu os braços fortes ao redor de sua cintura, ela sorriu quando ele colocou o rosto no ombro dela, ela pegou o cigarro e colocou na boca dele.

Já estava no final, então logo foi para o cinzeiro, e ela se virou para encará-lo, ele segurou o rosto dela com cuidado e beijou-a, era doce, como se estivesse experimentando pela primeira vez.

– Quer dar uma volta mais tarde? — Ele perguntou.

– Não sei, Tsumu... — Elize sorriu fraco.

– Suna é alguém difícil, mas ele não é uma pessoa ruim, Elize. — Atsumu colocou o cabelo dela atrás da orelha.

– O que...? — Ela o olhou surpresa.

 𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora