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Elize ouvia atentamente as palavras que saíam da boca de Suna, ela só queria acordar daquele pesadelo, a palavra "morto" se repetia diversas vezes em sua cabeça que latejava. Quanto mais a morena ia descobrindo sobre seu passado, mais gente parecia morrer. Ela olhava para as mãos agora, o braço enfaixado enquanto silenciosamente as lágrimas saíam, ela estava tão derrotada, nada parecia fazer sentido agora, aquela dor jamais cessaria.

Sentiu a mão de Satori em seu ombro e tudo pareceu desmoronar, todos estavam de cabeças baixas, apenas ouvindo ela fungar enquanto desesperadamente limpava as lágrimas, com aquele grito preso na garganta.

– Eu encontrei isso na casa dele. — Kenma pegou o notebook e virou a tela para ela e clicou para o vídeo começar.

Olá... bom, se vocês estão vendo isso significa que eu infelizmente morri. É estranho dizer isso em voz alta. Oi, Elize e Stephen, como vocês estão? Espero que bem, ok? — Wade parou um momento.

– Merda, Wade... — Ela choramingou.

Eu sei que não tenho direito de pedir nada, mas eu realmente não consigo pedir para qualquer outra pessoa além de vocês dois. Amor, venha até aqui. —  Elize viu atentamente ele se abaixando.

– O que é isso? — Satori se aproximou.

Pessoal, essa é a Roslyn, a minha Rosy. — Ele sorriu mostrando a menina de mais ou menos três anos. — Stephen e Elize, por favor, cuidem da minha filha quando eu partir, ela é tudo pra mim.

– Ah, caralho! — Elize começou a chorar.

– Rosy foi fruto de umas das minhas aventuras por aí, mas não me arrependo dela. Elize, cuide da minha filha, faça dela uma mulher forte. Se você ainda estiver fugindo, eu vou deixar uma quantia para vocês duas, pelo menos até Stephen voltar. — Wade limpou umas lágrimas enquanto a filha brincava com um cavalinho de plástico.

Wade continuou falando, ele ria vez ou outra, ele pediu para que Stephen fosse um pai atencioso, pediu para que ele fizesse coisas que ele não faria. O homem sorriu para a filha que tocava o rosto dele com inocência, tudo dentro de Elize doía, ela não sabia onde Roslyn estava. Wade contou que ele não teve suporte algum dos familiares da mãe da menina, que faleceu logo após o parto por complicações.

Ele pediu desculpas por estar pedindo aquilo, e disse que Stephen e Elize eram os melhores amigos dele, e as únicas em quem ele realmente confiava. A morena olhou para o rosto da menina, que agora deveria estar em algum lugar chorando pelo pai, assim como ela um dia fez.

– A Roslyn conhece vocês, então mesmo que você não a reconheça, ela vai te reconhecer. A minha menina é esperta, não subestimem ela. — Ele sorriu.

Quando o vídeo acabou o rosto de Elize estava vermelho, os olhos inchados, ela mordia os lábios em uma tentativa de prender o choro. Roslyn era a menina dele, ela era o tesouro de Wade, Elize não permitiria que ela vivesse sozinha e fosse negligenciada, ela respirou fundo enquanto fechava os olhos, todos eles estavam calados no quarto. Suna estava no canto escuro, ele estava de braços cruzados enquanto a olhava de relance.

Ela sorriu pequeno, queria poder começar já a se preparar para encontrar Roslyn, mas ainda era muito perigoso, ela não queria que ela se machucasse.

– Quando a poeira baixar, eu vou encontrar Stephen e vamos nos mudar, apenas nós três. Bem longe de toda essa merda, eu não quero que ela cresça no meio disso tudo. — Elize disse.

– Vai se casar com ele? — Pedro brincou.

– Talvez eu me case com ele. Passarei meu sobrenome para Roslyn, assim como Stephen também. Mas ter uma criança é muita responsabilidade, tenho que me preparar psicologicamente pra isso. — Ela suspirou derrotada.

– Está falando sério? Você realmente pretende fazer isso? — Kenma indagou.

– Claro. Wade teria feito o mesmo por mim, é mínimo que eu devo a ele. Ele não morreu apenas para cumprir algo que prometeu, morreu por ela também. — Elize passou a mão no braço machucado e Suna a olhou triste e saiu do quarto.

[...]

Rintarou olhava para um ponto qualquer enquanto estava sentado na poltrona da casa, ele tinha um cigarro entre os dedos e um copo com whisky em outra. Atsumu o olhava vez ou outra, eles ainda não haviam comentado sobre nada desde que Suna contou a ele sobre Elize estar tentando se matar mesmo que inconscientemente. As palavras dela dizendo que poderia se casar com Stephen latejava em sua cabeça como um tambor barulhento, era horrível.

De repente tudo estava ficando cinza de novo, não fazia sentido continuar assim, vê-la se casar com outro homem e formar uma família com ele era estranho para Rintarou, mas ele jamais admitiria isso.

– Se ela se casar nunca mais vamos vê-la. — Atsumu riu.

– Vai ser melhor assim. — Suna olhou para o teto.

– Você realmente acha isso? — O loiro o olhou.

– Claro que sim, Tsumu. Elize não pode ficar o tempo todo fugindo disso, se ela se casar com o Stephen vai ficar segura, e também vai ter a menina, que pode ser a salvação dela. — Suna disse.

– Se acha isso mesmo, por que você está tão triste? Pensei que não ligasse mais. — O Miya mais novo olhou para os próprios pés.

– É apenas impressão sua. Quanto mais longe Elize estiver, melhor vai ser, acredite nisso. Eu fico feliz em saber que ela vai se livrar dessa merda. — Suna sorriu.

– No final das contas você não é o cara asqueroso que eu achei que era. — Kuroo apareceu.

A sala logo estava cheia novamente, fora Satori, que recebeu uma ligação e saiu. Eles começaram a falar sobre Stephen, o sumiço dele ainda era um mistério, não sabiam se realmente estava bem, fora que ele estava na Espanha junto da irmã. Satori voltou com um sorrisinho no rosto, ele viu Elize na escada junto de Yamaguchi, ele ajudava ela a descer. O ruivo se aproximou e tocou os ombros dela.

Os olhos dele também estavam um pouco marejados, o que fez a garota se desesperar um pouco, não estava preparada para receber outra notícia ruim.

– O bebê da Rita nasceu. — Ele disse.

– Sério!? Eu fico aliviada em saber que ela está em segurança. — Elize sorriu genuinamente.

– O nome dele é Vicente, parece que Rita conseguiu ter um parto tranquilo. — Satori abraçou Elize.

– Bem vindo ao mundo, Vicente! — Kuroo disse e ergueu o copo para cima.

– Bem vindo! — Todos repetiram.

Elize sorriu pequeno, ainda era muito cedo para comemorar algo, mas não era como se não fosse impossível. A morte de Wade e o nascimento de Vicente trouxeram emoções diferentes. A vida e a morte eram coisas naturais, mas Elize não queria morrer tão facilmente, se bem que de todas as vezes foi por pura sorte. Não queria mais ser um alvo fácil para os outros, era uma presa perfeita quando estava sozinha e estava farta disso.

No dia seguinte ela pediu para que Atsumu a ensinasse a atirar corretamente, Pedro estava ao lado, colocando alvos. Ainda era complicado para sair assim, de longe Suna observava aquilo, parte dele não gostava, mas a outra ficava aliviado, se ela estivesse com uma arma poderia muito bem se defender, mas ao mesmo tempo poderia acabar morrendo com suas próprias balas.



















N/A: Tô aqui só pra renovar a depressão para os próximos capítulos. Os próximos vão ter conteúdos sensíveis, eu vou deixar aviso mas vou logo falar sobre isso aqui pra deixar todo mundo preparado.

Stephen papai de menina, amaram? Porque eu sim, eu imagino muito ele um pai bobão nhonhonho

É isso, beijão.

 𝐓𝐖𝐎 𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓𝐒 ─ 𝐒𝐔𝐍𝐀 𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀𝐑𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora