CAPÍTULO IV

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Dei as costas indo em direção à saída da sala. Queria apenas pegar a minha bolsa e ir embora daquele lugar. Desejava correr, no entanto minhas pernas pareciam gelatinas. Então me concentrei apenas em sair andando, mesmo que fosse a passos lentos.

Apesar de toda a amplitude do local era quase impossível conseguir respirar. Eu precisava com urgência de ar. Percebi que tremia. Quando o surto de adrenalina passasse, com certeza me arrependeria amargamente. Aliás, já começava a me arrepender. Minha atitude poderia comprometer minha vida profissional.

Alcancei a mesa e, antes de conseguir pegar a minha bolsa, notei a luz do telefone piscando, indicando a linha da sala do Sr. Rogers, logo depois o som da chamada preencheu o ambiente. Olhei para trás buscando me certificar se era uma brincadeira, entretanto ele estava sentado, com o telefone nas mãos, olhando para mim, sugerindo que eu o atendesse.

Com as mãos trêmulas, obedeci. Tirei o telefone do gancho aproximando-o do meu ouvido. Não foi preciso falar. Nós ainda fazíamos contato visual o que tornava a tensão no ar quase palpável.

Prendi a respiração aguardando o que ele diria. O Sr. Rogers me observava através da sua parede de vidro. Seu olhar era intenso e me atingia como se estivesse me tocando. Podia senti-lo completamente. Era demasiadamente excitante. Deixei que minha mão livre me apoiasse à mesa, zonza pela intensidade daquele olhar.

Ele nada dizia.

Meus lábios se entreabriram, como que para recebê-lo e fechei os olhos, quebrando a força dos dele em mim. Ainda podia sentir seu olhar me queimando. Era loucura demais para um único dia. O que estava acontecendo?

— Srta. Romanoff? –tirou-me do transe. Abri os olhos para encará-lo de volta, aguardando. Tive medo. Aquilo poderia se prolongar. Ele podia aprontar mais uma das dele. — Volte a minha sala, por favor.

Minhas pernas começaram a tremer na expectativa do que ele faria, contudo, como não poderia deixar de ser, obedeci ao seu comando voltando lentamente para a sua sala. Ele me acompanhou com o olhar por todo o percurso. Parei em frente a sua mesa aguardando.

— Sente-se, por favor – obedeci sentindo que meu corpo inteiro tremia.

Onde estava a minha coragem naquele momento? Eu tinha dito tantas coisas. Estava quase recuperando a minha liberdade, voltando a minha vida simples, mas harmoniosa e, de uma maneira inexplicável, estava ali novamente, sentada a sua frente, obedecendo as suas ordens.

— Sr. Rogers, eu... – ele estendeu seu dedo indicador me pedindo um momento.

— Srta. Romanoff, eu gosto de pessoas com personalidade forte. Principalmente quando precisam defender uma posição, ou um ponto de vista. Confesso que fiquei impressionado com esta reviravolta em seu comportamento. Achei que não passava de um bichinho acuado, mas, para minha surpresa, a senhorita reagiu – seus olhos brilharam enquanto um sorriso torto brincou em seus lábios. — Gosto de mulheres com atitude – tão rápido quanto chegou, o sorriso se desfez. — Mas não se acostume – Desviou o olhar voltando aos papéis em cima da sua mesa. — E não volte a falar comigo desta forma ou será demitida – voltei a respirar, mas minhas pernas ainda tremiam.

— Não precisa ficar até mais tarde com Carol. Eu permito que chegue mais cedo amanhã para que ela possa lhe explicar as normas da empresa. Se ela concordar, é claro! Agora pode voltar para sua mesa e organizar as agendas em seu iphone. Eu não me importo. Sharon costumava separar tudo para não se perder. Apenas quero as informações necessárias na hora em que preciso. Certo? – balancei a cabeça lentamente concordando. O Sr. Rogers me olhou pelo canto dos olhos. — E descubra como e a que horas iremos para a reunião. Utilize toda a sua curiosidade para descobrir o que é importante para executar o seu trabalho. Agora vá.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora