Cheguei ao 5° andar ainda zonza pelos acontecimentos. Caminhei até a recepcionista que me observava com atenção. Claro, eu tinha saído das escadas ainda arfante. Tenho certeza que meu rosto pegava fogo. Ela me olhou de cima a baixo, depois me deu um sorriso genuíno. Pedi que me anunciasse a Carol. Aguardei um pouco mais que dois minutos para que finalmente me mandasse entrar.
Caminhei pelas mesas desejando morrer. O vestido justo e os saltos faziam com que meus movimentos ganhassem maiores proporções. Todos os homens pararam suas conversas para me olhar. Também percebi alguns olhares femininos não muito amistosos. Agradeci a Deus quando a porta da sala de Carol, fechou atrás de mim.— Nat. O que aconteceu? Ai meu Deus! Você fez alguma besteira? Steve a demitiu? Nat...
— Calma, Carol. O Sr. Rogers apenas sugeriu que me levasse para conhecer a empresa.
— Como assim? Por que ele não me ligou?
— Alguns imprevistos – mordi o lábio inferior evitando comentar o que não deveria. Carol estreitou os olhos me analisando atentamente.
— O que aconteceu, Natasha? É melhor me contar ou eu mesma vou procurar saber – ela fez menção de que iria à procura dele, mas me apressei a impedi-la.
— Carol... Espera... – respirei fundo. — O Sr. Rogers está com uma pessoa neste momento... Uma mulher... Em uma situação um tanto quanto delicada – Carol abriu a boca chocada.
— Eles não podem estar transando. Não. Eles nem...
— Ai, meu Deus! – tapei os ouvidos impedindo que, o que quer que ela revelasse, conseguisse me alcançar. — Eles estão brigando. Pronto – quase me joguei no chão e chorei ao pensar no quanto o Sr. Rogers me odiaria quando descobrisse que contei a irmã dele o que vi. — Não diga a ele que eu contei. Por favor!
— Era de se imaginar. Era Peggy, não era? Eu tinha certeza. Quando Peggy vai entender que as coisas não se resolvem desse jeito?
— Carol, não estou interessada em saber mais nada sobre a vida pessoal do Sr. Rogers. Apenas vamos circular pela empresa e ponto final – ela riu.
— Ok. É melhor mesmo. Vamos começar logo com isso.
Caminhamos por duas horas seguidas. Entrando e saindo dos setores. Apertando diversas mãos. Passando por situações constrangedoras. Aguentando várias investidas do Sr. Laufeyson. Até que o Sr. Rogers ligou para o celular de Carol solicitando a minha presença.
Esta foi a parte mais complicada. Encará-lo depois de tudo o que vi, era, no mínimo, estranho. Eu não sabia como agir. Mesmo assim entrei no elevador tentando minimizar o tremor em meu corpo. Imaginei o que ele me diria. Se pediria desculpas, se me explicaria o que aconteceu. Mas estava enganada.
Quando entrei na sala, o Sr. Rogers estava ao telefone conversando calmamente com alguém sobre ações que estavam em baixa no mercado. Fiquei interessada, contudo era prudente não prestar mais atenção do que o necessário na sua conversa. Só Deus para conhecer o humor deste homem. Quando terminou apenas pediu a pasta de um cliente. Nenhuma palavra sobre o ocorrido. Nenhum sinal de constrangimento. Nada.
Dei continuidade ao meu trabalho me esforçando para não pensar no incidente. Meu maior medo era do ódio que aquela mulher com certeza iria direcionar a mim. Afinal de contas, quem era ela? Uma namorada? Uma ex-namorada?
Seria muito difícil contrabalancear as coisas tendo que evitar seu ódio.Meu celular vibrou. Uma mensagem: "Quer sair? Posso pegá-la às 20:00h."
Era Bucky. Nós não tínhamos nos falado nos últimos dias. Nosso último encontro foi meio estranho, apesar de ter terminado como eu queria.
Bucky Barnes era meu "ficante", mas era também meu amigo. Eu gostava dele, porém não o suficiente para casar e ter filhos. Gostava de tê-lo sempre próximo a mim, principalmente nas horas em que era necessário ter alguém mais perto. O mais perto possível.
Ele andava estranho, meloso. Falava algo sobre evoluirmos nosso relacionamento. Com certeza não era o que eu queria no momento. Respondi a mensagem.
"Tenho compromisso. Pode ser amanhã? Bjs, Nat."
Nenhuma resposta. Pela empolgação de Carol, furar com nossas compras seria o mesmo que dar um tiro no pé.
O Sr. Rogers saiu na hora do almoço avisando que só voltaria no final do dia. Antes de sair, solicitou mais duas pastas e me pediu para deixar sobre sua mesa.
Almocei com Carol e Pepper. Conversamos sobre tudo, menos sobre o acontecido. Pepper me contou que o Sr. Laufeyson tinha abordado o Sr. Tony para conseguir mais informações a meu respeito. Como eu trabalhava com o Sr. Rogers ele não teve coragem de me abordar na sala. Fiquei aliviada por não tê-lo feito.
No final da tarde, meu chefe ligou avisando que não voltaria mais, falou também que chegaria um relatório por e-mail que ele precisava que estivesse impresso, sobre a mesa dele, no dia seguinte, bem cedo. Anotei a informação em um bloco, reservando-o para providenciar depois, enquanto estudava uma planilha que ele recebera. Não era a minha função, mas, como uma boa economista, esta informação não passaria despercebida.
No horário combinado, Carol e Pepper apareceram para me apressar. Elas estavam adorando a ideia de fazer compras, enquanto eu estava assustada. Meu cartão de crédito tinha um limite pequeno em relação ao que deveria ser os delas e a minha poupança implorava para não ser dizimada.
Nunca andei nem gastei tanto quanto gastei com as duas. Carol achava que tudo ficava perfeito em mim, por isso praticamente me obrigou a comprar todos os tipos de vestidos, saias e camisas que achou serem adequados para o trabalho. Eu, particularmente, achei tudo justo demais, transparente demais e curto demais.
Somente quando resolvemos parar para comer me lembrei da anotação que tinha esquecido completamente em minha mesa, sobre o relatório solicitado. O arquivo que receberia por e-mail, precisaria imprimi-lo e deixá-lo sobre a mesa do Sr. Rogers, mas que por uma falha imperdoável, tinha esquecido completamente de fazer. "Santo Deus! Eu serei demitida por isso".
Fiquei com medo de contar às meninas sobre o meu lapso, pois um equívoco como aquele, permitiria que elas me considerassem uma incompetente. Então inventei um encontro de ultima hora com Bucky para conseguir deixá-las e voltar à empresa para cumprir com a minha obrigação.
O segurança achou estranho, porém acabou permitindo a minha entrada, depois que concordei não só em deixar o carro fora do estabelecimento como também em não levar a bolsa. O que ele estava pensando? Que eu roubaria informações? Mas precisei concordar ou então não conseguiria corrigir meu erro. Conferi o horário ainda dentro do elevador. "Onze horas. Caramba! Carol sabe como "gastar" o tempo".
Senti meu corpo exausto, pois as sandálias altas pareciam incomodar ainda mais os meus pés. Entrei na sala focando a atenção no computador da minha mesa. Liguei-o, tamborilando os dedos enquanto ele fazia seu moroso trabalho de iniciar. Abri o e-mail, achei o arquivo e mandei imprimir, sentindo-me mais tranquila e com o corpo mais leve por ter conseguido.
Só notei a presença dele quando fui em direção à copa em busca de água.
Seus olhos cinza estavam cravados em mim. O Sr. Rogers estava apoiado em sua mesa. Sem paletó e com a camisa para fora da calça. Em uma de suas mãos estava um copo, que deduzi ser de uísque.
Não sei o que foi mais forte, o desejo intenso que assolou o meu corpo ao vê-lo, mais uma vez me observando daquela forma perturbadora que só ele conseguia fazer, ou a vergonha por ser flagrada em mais uma incompetência. Tive medo das duas reações.
Ele levantou uma mão me convidando a ultrapassar a barreira que nos separava: a sua imensa porta.
Caminhei até ele, parando a uma distância confiável e confortável. Com a pouca luz que havia em sua sala era impossível ver o que ele fazia, no entanto dava para entender que não estava em seu estado normal. Cansado? Preocupado? Irritado?
— Natasha!
Sua voz saiu arrastada, um tanto quanto rouca, no entanto sensual o suficiente para me deixar úmida. Ele tinha me chamado pelo nome, não formalmente, como sempre fazia. Era demais para o meu equilíbrio. Precisei buscar desesperadamente por minha voz. Quando a encontrei, foi difícil fazer com que ela concordasse em falar o que deveria, visto que só queria dizer "me tome para você" acrescentando um "pelo amor de Deus" suplicante. Pigarreei.
— Sr. Rogers, eu acabei... Eu... Me desculpe! – não consegui admitir a minha falha.
Ele apenas me olhava e seus lábios exibiam um sorriso mais do que tentador. O olhar dele tinha um brilho nada ingênuo. Ele sabia que estava me enlouquecendo. Pior. Podia jurar que queria mesmo me enlouquecer.
— Tudo bem! – fiquei espantada com a compreensão que demonstrava. — Parece que nada deu certo hoje.
Minha mente, mesmo abalada, conseguiu registrar o breve segundo em que seus olhos perderam o foco. A tal mulher, Peggy, que tinha causado aquela situação tão embaraçadora. Só podia ser.
— Algum problema, Sr. Rogers? Posso ajudar em alguma coisa?
Instintivamente a minha vontade de ajudá-lo falou mais alto. Porém seus olhos se modificaram outra vez. Assumiram um brilho mais intenso. Mais sedutor. Mais faminto. Eu sabia qual era a sua fome. E o pior de tudo era que eu queria saciá-la.
Ele avançou para me alcançar. Minha consciência praticamente me empurrou para trás. Ela gritava "Cuidado! Ele não é confiável." Mas meu corpo vibrava enlouquecido, desesperado por contato. Como podia me sentir assim? Minha cabeça parecia estar girando.
No entanto continuei recuando até sentir o frio da parede de vidro às minhas costas. Eu não tinha mais como escapar. O Sr. Rogers, consciente da minha situação, sorriu lindamente, colocando suas mãos espalmadas no vidro prendendo-me entre seus braços, mas sem me tocar.
— Sr. Rogers... – tentei chamá-lo para a realidade.
— Cuidado quando me oferecer ajuda, Natasha – seu rosto estava bem próximo ao meu, lançando um hálito delicioso em minha pele. — Você corre um sério risco de me ver aceitar.
Aproximou-se um pouco mais, inebriando-me com o seu aroma másculo misturado ao perfume caro. Era afrodisíaco.
— Sr. Rogers, não.
Consegui falar, sem acreditar no que estava dizendo. Ele sorriu abertamente deixando que a língua umedecesse seus lábios. Outra parte do meu corpo ficou totalmente úmida. Santo Deus! Eu não conseguiria resistir.
Ele deixou que sua boca chegasse bem perto a minha. A expectativa pareceu diminuir o ritmo do tempo, fazendo com que todas as suas ações fossem registradas em câmera lenta por meu cérebro, mas ele desviou quando pensei que iria experimentá-los. A ponta do seu nariz percorreu da minha bochecha até a orelha. Eu podia sentir seus lábios bem perto de minha pele. Minha respiração estava descontrolada e meu coração ameaçava explodir.
— Natasha! – sussurrou em meu ouvido. — Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la? – voltou a me olhar nos olhos aguardando por uma resposta. O que eu deveria responder?
— Sim – estava hipnotizada pelos seus olhos. Como fui capaz de dizer uma coisa daquela? Ele deixou um risinho escapar por entre os lábios.
— Então... Natasha – minha pele ficou arrepiada com o pouco mais da proximidade do seu corpo ao meu. Dos seus lábios tão próximos. — É melhor você ir embora – parei chocada. — Ou então, eu serei tentado a aceitar a sua ajuda, mas do meu jeito.
Um dos seus braços saiu do meu lado dando passagem. Sem conseguir raciocinar direito, caminhei até o elevador. Não tive coragem de olhar para trás. Era tentador demais. Eu nunca tinha me visto de uma forma tão promíscua, luxuriosa, como me via naquele momento.
Sexo para mim era uma necessidade, contudo sem muitos recheios ou alegorias. Era sexo e pronto. Dependia mais de mim do que de qualquer outra pessoa. Mas vendo o Sr. Rogers me olhar da forma como fazia, facilmente conseguia me enxergar em diversas situações. Eu desejava cada uma delas.
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Pleasure | Love (Romanogers)
Fanfiction"Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la?" Não p...