CAPÍTULO LXIV

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De repente eu tinha consciência de que estava respirando. Passei a língua nos lábios. Precisava de água com urgência. Minha garganta estava inacreditavelmente seca. Não tinha ideia de nada. Onde estava? Que dia era aquele? Que horas eram? Eu estava em casa? Merda! Com certeza estava atrasada e Steve me mataria. Maldita obsessão por horário. Uma boa terapia o ajudaria a superar este problema.

Pensar em Steve me fez puxar o ar com mais força e isso doeu. Não uma dor normal por uma posição ruim durante a noite, mas uma dor forte e aguda. Gemi involuntariamente. A ideia de uma dor anormal me fez buscar por algo que me levasse a sua razão. E então lembrei. Como se estivesse sentada em uma sala de cinema 3D, vi todas as imagens passarem em minha mente. O carro preto, a pancada, Carol...

— Não! – gritei apavorada e senti vários tipos de dores.

Senti a mesma dor aguda em minhas costelas. Desta vez veio acompanhada de uma dor de cabeça incrivelmente forte e uma dor ardente no braço, sem contar que meu corpo inteiro parecia ter sido batido em um liquidificador e que todos os meus ossos estavam quebrados.

— Nat? – ouvi a voz doce e encantadora do homem da minha vida e isso amenizou um pouco o meu desespero. — Está doendo? Onde? – ele estava angustiado. Forcei meus olhos e os abri. Estava escuro, não o suficiente para me impedir de enxergar. Havia uma luz fraca, vinda de algum lugar atrás de mim. — Nat, amor, fale comigo! – Steve estava apavorado.

— Steve. Onde estou? – senti toda a fraqueza me dominando. Ouvi a respiração dele ao meu lado. Encontrei seu rosto e vi o pânico estampado naquele rosto de anjo.

— No hospital – gemi mais uma vez aterrorizada.

— Onde está doendo, amor?

— No hospital? – ele me olhou sem entender. — Como estou? – um pequeno sorriso torto se formou em seus lábios.

— Linda como sempre. E viva, que é o mais importante – fiz uma careta, e doeu. Muito! Para Steve dizer aquilo a coisa não devia estar muito boa.

— Meu corpo inteiro dói. Que dia agitado, perdi alguma coisa? – seus lábios formaram uma linha fina. Eu sabia que Steve não gostava muito quando eu falava daquele jeito, sem me importar com a gravidade do problema.

— Você foi atropelada, quebrou um braço, três costelas, bateu forte a cabeça e ganhou um corte – instintivamente, levantei a mão para levá-la a cabeça e senti a dor dilacerante no braço. Gemi. — Ei! Calma! Fique quietinha. Vou chamar a enfermeira.

— Não! – fui mais rápida. Eu não precisava de mais algumas horas de sono. Precisava de respostas. — Espere – fechei os olhos para esconder a dor. — E Carol? Como ela está? – Steve respirou fundo. Eu sabia que ele editaria os acontecimentos.

— Bem. Agora está bem, mas, assim como você, também foi atingida. O caso dela é... – hesitou. — Um pouco mais grave, então os médicos a deixaram em observação na UTI.

— UTI? Meu Deus, Steve! – meus pulmões queimaram com a minha ansiedade.

— Calma, Nat! Ela está bem.

— O que aconteceu? Por que alguém faria isso com nós duas? Pegaram alguém?

— Calma! – Steve passou as mãos pelos cabelos. —Ou vou pedir para a enfermeira te sedar outra vez – a ameaça era real. Steve faria isso realmente. Respirei fundo, ignorando a dor absurda e tentei me acalmar.

— Preciso ver Carol.

— Assim que tiver alta – ele estava de mau humor? Cansado? Aborrecido? Por que estava assim, tão impaciente e desesperado ao mesmo tempo? Aliás, o que ele fazia ali ao meu lado em um lugar público?

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora