CAPÍTULO XI

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Acordei assustada com a penumbra do quarto. Demorei alguns segundos para entender onde estava e mais alguns para entender que havia dormido ao lado do Sr. Rogers. Contudo, naquele momento eu estava sozinha na cama. Levantei olhando ao redor reconhecendo a cabine onde estávamos. "Quanto tempo eu tinha dormido?"

Cambaleei indo em direção a uma porta que imaginei ser de um banheiro. Acendi a luz e fiquei ainda mais atordoada com a claridade. Lavei o rosto com cuidado para não borrar muito a maquiagem e saí tentando voltar para o local onde ficavam as poltronas. Eu nem sabia o que havia acontecido, nem me lembrava de como tinha dormido. Recordava-me apenas de sua mão em meus cabelos. Fechei os olhos na tentativa de trazer o máximo das minhas lembranças.

Entrei na cabine em que ele estava e nossos olhos se encontraram. De súbito fiquei constrangida. No entanto se fosse analisar friamente, o que aconteceu foi bem menos que o sexo por telefone. Fiquei ainda mais envergonhada.

— Boa tarde, Srta. Romanoff – tarde? Senti meu estômago roncar. Quanto tempo tinha passado?

— Boa tarde – ainda me sentia confusa.

A comissária que estava debruçada em sua direção, servindo algo que parecia ser uma coca-cola, se endireitou. Fiquei intrigada. O que eles estariam fazendo antes da minha chegada? A atitude deles parecia suspeita? Ah não, Deus! O que eu estava fazendo? A vida dele não me interessava. Não podia agir como a namorada insegura. Eu era apenas a sua secretária.

— A senhorita deseja o seu almoço agora? – percebi a sua má vontade em me servir. Olhei para o Sr. Rogers e depois para ela.

— Não, obrigada – minha fome desapareceu.

— Você deveria comer, Natasha – era uma exigência, dava para notar pelo tom de sua voz.

— Carne ou frango? – a comissária voltou a me encarar impaciente.

— Frango. Obrigada! – não estava interessada em saber qual era o prato, apenas queria comer logo de uma vez. Assim as atenções não recairiam sobre mim.

A comissária se afastou rebolando. Sentei na poltrona que havia ocupado antes de ser levada para o quarto. Olhei pela janela e o sol não parecia ter se movido nem um centímetro. Fuso horário.

— Sem fome? – ouvi aquela pergunta pela segunda vez desde que nos conhecemos.

— Acho que dormi demais – disfarcei a minha resposta.

Não queria admitir que o que eu pensei estar acontecendo entre ele e a comissária conseguiu expulsar a minha fome.

— Verdade. Mas isso é bom. Chegaremos ainda cedo em Atenas – ele voltou a olhar o seu computador. — Se bem que ainda faremos uma pequena viagem até Míconos.

—Míconos?

— Uma ilha. Lá será mais seguro – o encarei demoradamente, mas ele desviou a atenção para a tela do computador.

Droga! No que eu estava me metendo?

A comissária entrou com meu almoço. Pela cara dela tive até medo de saber o que me aguardava. Com certeza a mulher tinha cuspido em minha comida ou deixado algum presente indesejável. Ela sorriu educadamente ao retirar a tampa. O cheiro de frango preencheu a cabine. Meu estômago imediatamente respondeu ao estímulo.

— Quanto tempo ainda até lá? – coloquei a primeira garfada na boca. O Sr. Rogers me olhou interessado.

— Até Míconos?

— Atenas – esclareci com a boca cheia e ele riu me deixando envergonhada.

— Mais duas horas.

Coloquei mais um pouco de comida na boca, ciente de que ele me observava. Mastiguei lentamente tentando ocupar o meu tempo. Havia algo a mais naquela viagem. Algum segredo que o Sr. Rogers não queria que eu descobrisse. Não deveria estar tão cismada, afinal de contas, ele era o CEO, e eu apenas a secretária. Porém alguma coisa me intrigava e muito em relação a aquela história.

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