Dois dias inteiros sem ao menos tocar nele. Peggy baixou a guarda em nossa última noite, em compensação fez questão de nos atrapalhar depois. Eu não sabia o teor do novo acordo deles, só tinha certeza de que a regra de não poderem se relacionar com alguém da empresa havia caído por terra
Ela sabia de nós dois, nem eu nem Steve fizemos questão de esconder, mas e aí? Como as coisas ficaram depois disso? Eu não sabia. Nem sabia como deveria agir.
Eu tinha passado a sexta-feira e boa parte do sábado trabalhando nos relatórios solicitados. Saí de casa apenas para levar a roupa para lavar, como de hábito. Tive que aguentar a presença dos dois seguranças, que me acompanhavam à distância.
Se Peggy agisse naquele momento o que eles poderiam fazer? Uma sensação ruim me cercou com este pensamento e por isso voltei para casa o mais rápido possível e me tranquei lá com os meus papéis. Steve não apareceu.
No final do dia ele telefonou dizendo que estava cumprindo com a parte dele do acordo, ficando em casa à noite para receber amigos do casal e fingindo ser o marido exemplar. Eu não sei por que Peggy insistia em manter as aparências. Em seis meses eles estariam separados e o que ela diria?
Meu amante me ligou outra vez, antes de eu pegar do sono. Conversamos assuntos melosos de namorados apaixonados, no final da ligação eu me senti sozinha e péssima. Seriam apenas seis meses e depois disso eu o teria todas as noites, passar algum tempo sozinha não deveria ser tão ruim. O pior é que era.
Acordei com beijos leves em meu rosto. Abri os olhos para a claridade que já dominava o meu quarto e subitamente os fechei. Ele riu, não com aquela alegria que eu esperava. Domingo! Era isso. Aquele não era um dia que o homem que eu amava se permitia ser feliz.
— Trabalhou até tarde ontem? – ele fazia carinho em meus cabelos e distribuía beijos em meu rosto. Sorri.
— Sim. Falta bem pouco agora – virei para abraçá-lo. Era tão bom tê-lo de volta apesar de todo os problemas que enfrentaríamos naquele dia.
— Ótimo! Vou dar uma olhada amanhã quando estivermos a caminho de Sydney – beijou rapidamente meus cabelos. — Agora preciso que se apresse. Pretendo apresentá-la a uma pessoa muito importante para mim – fiquei tensa imediatamente. Iríamos ao hospital, isso significava ser apresentada ao seu pai, que amargava um coma irreversível há alguns anos.
Levantei e olhei em seus olhos. Steve estava tão tenso quanto eu. Ele tinha motivo para isso. Naquele dia meu amante me deixaria presenciar mais uma vez o quanto era frágil perante seu passado. Eu teria que ser forte. Ele não precisava de mais uma fraqueza em sua vida.
— Se quiser ficar em casa descansando não tem problema – seus olhos demonstravam que não estava totalmente confiante em relação a decisão de me levar.
— Só se você não quiser minha companhia.
— Você tem dez minutos – disse com um sorriso triste. Corri para o banheiro e entrei no chuveiro. Quinze minutos depois eu estava pronta para seguir Steve pelo mundo, se fosse necessário.
Ele segurou firme em minha mão, como se precisasse de forças para fazer o que iria fazer. Não conversou muito durante o percurso até o hospital. Respeitei o seu momento, fiquei apenas absorvendo a música suave que tocava enquanto meu amante dirigia atentamente. Assim que entramos no hospital fomos saudados por uma enfermeira sorridente. Sorridente até demais.
— Bom dia, Sr. Rogers!
A mulher de cabelos negros, com um corte que lhe caía muito bem, feições finas e olhos azuis de uma maneira absurdamente bonita, deixou que seus olhos nos percorressem. Steve não largou a minha mão nem por um segundo e eu podia jurar que ele intensificara o seu aperto assim que passamos pelas portas do hospital.
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Pleasure | Love (Romanogers)
Fanfiction"Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la?" Não p...