CAPÍTULO XXXVII

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Esperei por Nat. Ela estava atrasada, como normalmente acontecia, e eu precisava com urgência dos contratos e dos documentos que ela deveria ter deixado sobre a minha mesa para eu analisar antes da reunião. Natasha às vezes conseguia detonar com a minha paciência.

Quebrei o protocolo e liguei para seu celular. Não apenas pela necessidade de saber se ela demoraria, mas principalmente para me certificar de que estava tudo bem entre nós dois. Nat não atendia. "Será que ela teve outro desmaio? Por que não atendia, não dava notícias?"

Eu não suportaria ficar na empresa fingindo estar aborrecido pelo seu atraso. Estava preocupado com o que poderia ter acontecido. Natasha era realmente a minha perdição.
Na minha loucura resolvi ir a casa dela. Não deveria. Aquilo poderia por tudo a perder, mas não ficaria em minha sala enquanto Nat poderia estar precisando de ajuda. Precisando de mim. Peguei o carro e fui até lá.

Parado a sua porta tentei escutar e descobrir se algo estava acontecendo. Silêncio total. Graças a Deus eu tinha cometido a loucura de ter uma chave, assim poderia entrar e sem precisar arrombar a porta. Estava com receio, mas teria que agir.

Abri a porta e o silêncio continuou. A casa parecia vazia. Avistava a sala e a cozinha, ela não estava em parte alguma. Caminhei em direção ao quarto. Estanquei na entrada. Nat estava sentada na cama. Os olhos imensos encaravam a porta. Estava assustada, abraçando as pernas e parecia em transe. Não sabia o que fazer. Seus olhos profundos estavam vermelhos, deixando claro que não havia dormido.

— Nat? O que aconteceu? – minha voz saiu fraca com medo do que poderia ter acontecido. De alguma forma meu coração pressentia. Nat iria me abandonar. Algo tinha dado errado. Mas como? Dei alguns passos em sua direção e ela finalmente reagiu.

—Não se aproxime de mim – disse por entre os dentes. Parecia um bicho acuado e pronto para atacar. Estava com ódio de mim. Fechei os olhos contendo a minha própria raiva.

Tinham sido dias difíceis. Eu e Peggy chegamos ao ponto mais inusitado do nosso jogo o que me obrigou a ficar afastado de Nat durante um tempo. Eu estava cansado, triste, irritado e impaciente. Tudo o que não queria naquele momento era entrar numa batalha com Natasha também. Não com ela. Abri os olhos para encará-la.

— O que aconteceu? Você não apareceu. Fiquei preocupado – fingi não estar incomodado com sua reação. Era o melhor a fazer no momento.

— O que aconteceu? – ela parecia prestes a explodir. — O que aconteceu seu covarde, imundo, egoísta, imbecil... – Nat se interrompeu me encarando com fúria. Eu estava chocado, mas precisava descobrir em que tipo de mal-entendido estávamos envolvidos, então permaneci frio. — Acabou, Steve. Acabou a sua farsa. Acabou a brincadeira. Acabou tudo – ela gritou. — Saia da minha casa. Vá embora da minha vida – respirei fundo. O que teria acontecido para que Natasha tivesse aquela reação?

— Natasha... – gritei de volta fazendo-a parar com todo aquele escândalo. — Estou exausto – estava em meu limite também. — Tive vários problemas nos últimos dias então pare com este escândalo e converse comigo como uma pessoa adulta.

Seus olhos endureceram ainda mais. Natasha não deixaria os ânimos se acalmarem. Eu não precisava daquela merda. Não mesmo! Peggy já tinha esgotado toda a minha paciência naquela manhã e não tinha sobrado quase nada para utilizar com ela.

— Quem é você para falar de maturidade. O garotinho mimado, que sempre teve tudo, que acha que pode brincar com as pessoas e com seus sentimentos enquanto se diverte. Você tinha razão, Steve, você é um monstro – não dava mais. Ouvir aquilo tudo me lançou além dos meus limites.

— Chega! – gritei mais alto ainda. — Não tenho tempo nem paciência para suas inseguranças, Natasha. Eu fiz tudo o que pude. Quebrei todas as regras. Dei-lhe mais do que intencionava, mais do que já dei a qualquer mulher. Eu a pedi em casamento, enfrentei o inferno para continuar ao seu lado, coloquei tudo em risco e para que? Para você se recolher e ficar histérica toda a vez que algo acontece? Para que você utilize as mesmas artimanhas de Peggy, me acusando, me julgando? Não preciso disso. Já tenho problemas demais para resolver nesta maldita vida e não preciso de mais um entendeu? Eu estava errado ao seu respeito.

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