CAPÍTULO LX

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Como Steve poderia pensar em me dar um filho assim, sem mais nem menos? E suas diferenças com Peggy? E a nossa situação? Como eu poderia engravidar sendo a sua amante? Tudo bem que eu não era a amante, mas no final das contas, não era muito diferente disso, não é? O que Steve estava planejando?

— Steve, por favor! – repeti pela milésima vez naquela manhã.

Ele havia confiscado a minha cartela de anticoncepcional. Tinha colocado na cabeça que deveríamos ter um filho naquele momento. Eu achei engraçado na noite anterior e até pela manhã quando ele beijou a minha barriga e brincou de conversar com o filho imaginário, daí confiscar minha pílula para tornar realidade, era no mínimo assustador.

— Nat, nós queremos um filho. Você não precisa mais disso – ele segurava a cartela com as duas mãos atrás das costas.

— Steve! – respirei profundamente para não perder a paciência. — Eu amo você. Eu quero que você se separe de Peggy, quero me casar com você e quero ter um filho seu. Exatamente nesta ordem. Dá para entender? Você não está raciocinando. Finalmente surtou – dei uma risada fraca sem acreditar no que ele estava fazendo.

— Eu vou fazer tudo isso. Nada impede de começarmos a nos preparar para a chegada de nosso filho – aquilo era uma piada. Uma grande e sem graça piada. — Eu não te entendo, Natasha. Você me fala de filhos, me assusta, me faz pensar sobre o assunto e quando finalmente eu resolvo derrubar esta barreira você recua?

— Eu não estou recuando – minha voz saiu esmagada. — Você esqueceu que Peggy está tentando me matar? Já pensou como seria eu estando grávida? – percebi seus ombros se encolherem com as minhas palavras. Eu estava conseguindo atingi-lo. — São seis meses. Não vamos conseguir esconder uma gestação de seis meses – ele sorriu e eu vi que seus olhos brilharam com a ideia.

— Não estou te pedindo muito – disse baixinho. — Só quero que você deixe o tempo decidir quando será. Pode ser logo, ou demorar para acontecer. Nat, por favor! – seus olhos intensos me queimaram.

Como eu queria que fosse possível. Um filho de Steve, uma miniatura dele em meus braços, para minha tristeza aquele não era o nosso momento. Eu me sentia péssima por ter sugerido, nunca passou pela minha cabeça que ele fosse surtar com a ideia. Ele não queria filhos, de repente passou a querer mais do que tudo.

— Você está louco – falei mais para mim mesma do que para ele. Ouvi o barulho da cartela sendo esmagada. — Steve! – falei mais alto.

— Sinto muito! Você não precisa mais disso – passou por mim com a mão fechada. Jogou tudo na privada e deu descarga.

— Eu vou procurar um médico hoje mesmo. Vou forçá-lo a me dar uma injeção. Não vou deixar você jogar sua vida no lixo. Não vou, entendeu?

— É isso o que você pensa? – ele virou para mim e seus olhos eram puro sofrimento. — Em todos estes anos eu não me permiti ser feliz. Eu abraçava a infelicidade e me julgava merecedor dela. Passei dias e dias vendo a mesma infelicidade acusatória nos olhos de Peggy. Sou obrigado a ver o meu pai em uma cama de hospital sem nenhuma esperança de recuperação. Vi meu filho morto em meus braços e jurei a mim mesmo que nunca mais permitiria que outra criança viesse através de mim. Nunca, nem por um único segundo, acreditei que fosse mudar. Você me deu vida, Natasha! – Steve se aproximou de mim secando uma lágrima que escorria. — Você me fez acreditar que ainda sou capaz. Eu quero esse filho. Quero você e este filho como nunca quis nada em minha vida. Por favor!

Meu Steve, suplicando por um filho, suplicando para que eu o ajudasse a deixar o passado para trás. Steve achava que eu tinha lhe dado a vida, ele não entendia que eu tinha começado a viver quando o encontrei. Antes dele não existia nada de importante. Nada pelo que eu desejasse viver e lutar.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora