CAPÍTULO XXIV

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Eu podia vê-lo. Podia enxergar cada pedacinho dele. Steve estava parado, usando um dos seus paletós perfeitos que ficavam gloriosos nele. Os cabelos estavam arrumados com toda a sua formalidade. Ele estava encostado à mesa da sua sala, segurando-a, com as mãos em cada lado do seu corpo. Os olhos azuis tinham desaparecido deixando no lugar olhos negros, frios e implacáveis. Sentia medo da forma como ele me olhava, mesmo assim queria muito tocá-lo. Estar ao seu lado, dizer a ele que eu estava lá.

Avancei em sua direção, porém algo me manteve no lugar. Tentei mais uma vez e nada aconteceu. Eu sentia que avançava e algo me segurava, impedindo-me de alcançá-lo. Steve não se movia. Apenas me olhava analisando a situação.

O desespero tomou conta de mim. Eu não o queria daquela forma. Aquele não era o meu Steve, era apenas o Sr. Rogers articulando uma negociação em que ele precisava ter cautela para não perder.

Esforcei-me, novamente, para alcançá-lo e algo me puxou com mais força. Steve me olhou com mais atenção inclinando seu corpo em minha direção como se para observar melhor o que havia além de mim. Foi quando olhei para trás e vi o que me puxava.

Peggy.

Linda com seu rosto perfeito, cabelo maravilhoso e traje adequado para uma mulher em sua posição. Ela me segurava pelos braços e seus olhos eram letais. Sua boca estava curvada. Iria me matar. Eu tinha certeza.

Tentei me desvencilhar e ela, sem muito esforço, me manteve no lugar. Puxei meus braços sucessivas vezes e nada. Olhei para Steve que continuava parado. Então entendi. Eu nunca o alcançaria. Peggy não permitiria. Senti que enfraquecia e as lágrimas me dominaram enquanto meu corpo afundava.

— Nat? – a voz dele me chamava, mas sua boca não se mexia. — Acorde! Acorde, Nat! - Estava mais urgente. — Acorde.

Abri os olhos e a claridade me avisava que já era dia. Como? Eu não havia adormecido há muito tempo. Lembro-me de ter ficado na cama observando Steve dormir até os primeiros raios de sol surgirem no horizonte.

— Está acordada? – só então o percebi inclinado sobre mim. Sua expressão confusa. — Você estava tendo um pesadelo? – parecia atordoado. — Estava chorando.

Procurei pela minha voz e ela não estava lá. Seus dedos correram por meu rosto úmido. Levantei um pouco tentando me adaptar à realidade e tive uma visão mais ampla do meu amante.

— Você está vestido – minha voz saiu rouca e falha. Arranhava em minha garganta. Steve estava sentado ao meu lado, usando um paletó, como em meu sonho. Fiquei com o coração acelerado. Seus olhos me sondavam.

— Sim. Estava vindo acordá-la e a encontrei assim. Já é dia, precisamos voltar.

Oh, droga! Precisávamos voltar. Peggy. Ela nunca me deixaria alcançá-lo. Balancei a cabeça concordando e coloquei minhas pernas para fora da cama. Eu estava péssima. Trêmula. Com certeza não tinha dormido mais do que meia hora e ainda por cima o pesadelo... Suspirei.

— Você está bem? – Steve ainda estava preocupado.

— Sim. Só preciso de mais alguns minutos e estarei pronta – ele concordou e, após me olhar atentamente conferindo se realmente estava tudo bem, saiu do quarto.

Fui até o banheiro e encontrei uma escova nova ao lado da que imaginei ser a dele. "Sempre pensando em tudo". Suspirei. Seria perfeito se não fosse tão errado. Steve era o príncipe que virou sapo.

Escovei os dentes, penteei os cabelos e voltei ao quarto. Precisava procurar pelas minhas roupas. Eram as únicas que eu tinha, mas fui surpreendida.

Em cima da cama estava um vestido verde, com decote quadrado, próprio para quem vai ao trabalho e não a uma boate e, um conjunto de lingerie branco. Mais um ponto para Steve. Talvez ele não tivesse se transformado totalmente em sapo. Vesti-me e utilizei a maquiagem básica que graças a Deus tinha na bolsa. Carol não deixaria passar.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora