Recolhi minha bagagem de mão e dei a Bucky. Steve aguardava por mim sem dizer nada. Acompanhava cada passo que eu dava, sem acrescentar nenhum detalhe. Ele estava desta forma, introspectivo, desde que acordei.
Isso não quer dizer que não conversamos. Claro que conversamos, mas ele respondia as minhas perguntas sem se aprofundar em nada. Como quando eu quis retomar a briga e ele apenas respondeu "vai ser legalizado quando você quiser que seja, Natasha". Era inacreditável como ele conseguia virar o jogo a seu favor todas as vezes.
Sejamos justos, que mulher em uma situação como a minha não surtaria? Ok, ele estava coberto de razão, mas custava avisar? Custava discutir as letras minúsculas no final do contrato? Não dava para acreditar que ele achava que eu deveria simplesmente perdoá-lo e seguir em frente. Não dava mesmo.
Mas eu o perdoaria. Não naquele momento, um pouco mais adiante. Porque eu o amava como nunca achei possível amar alguém e Steve tinha razão, precisávamos de cautela com Peggy. Faltava muito pouco e quando as luzes acendessem e as três letrinhas aparecessem na tela indicando o fim seria a minha vez de colocá-lo contra a parede. Por enquanto eu nada podia fazer. Também tinha o fato de eu estar enlouquecida com toda aquela pressão, os últimos acontecimentos, a gravidez, ele precisando ficar trancado em um quarto com Bobbi fazendo sabe-se lá o quê. Respirei fundo sem querer passar por tudo aquilo outra vez.
— Nós vamos em carros separados, então vamos nos despedir daqui – ele falou baixinho ao meu lado enquanto todos os outros começavam a se preparar para descer. Foi então que me dei conta da nossa realidade. Steve percebeu meu abatimento, porém nada disse, apenas mordeu o lábio inferior me observando.
— Tá. Tudo bem.
— Você vai ficar bem? – me avaliou com aqueles olhos azuis capazes de me fazer esquecer de como se respirava.
— Vou – fraquejei ao falar. Eu não queria me separar, não queria mais nenhuma noite sem ele ao meu lado, mesmo que fossem noites sem tocar um no outro, deixando a distância segura que ele estava mantendo de mim desde que acordei. — Você vai aparecer? Digo, vai passar lá em casa? – tentei colocar um pouco de firmeza na voz. Aquela conversa estava muito estranha.
— Não, hoje não – tenho certeza que o bolo que se formou em minha garganta poderia ser visto facilmente por qualquer pessoa. — Eu vou passar na empresa, preciso verificar o que está acontecendo, ajustar as últimas decisões, são três demissões e isso sempre assusta muito os demais funcionários. Também tenho reunião com o conselho para conversarmos sobre a China e a Tailândia – concordei com a cabeça sem olhá-lo diretamente. — Depois vou para casa, tenho que acompanhar Peggy de perto e sentir como estão as coisas com ela.
— Ok! – eu já ia saindo. Bucky aguardava por mim próximo a porta e Bobbi o acompanhava. Porém quando ameacei dar-lhe as costas Steve me segurou pelo braço. O movimento foi rápido, ele simplesmente me puxou ao seu encontro e tomou minha boca sem pedir permissão. Tenho que admitir, um beijo nunca foi um bálsamo tão eficiente em toda a minha vida, pois bastou nossas bocas se encontrarem para todas as feridas pararem de sangrar. Sua língua tocou a minha com uma delicadeza inacreditável e seus lábios pressionaram os meus com muita macieis. Era doce, carinhoso e cheio de amor. Mas acabou tão rápido quanto começou.
— Vejo você depois.
Ele passou por mim como bala e com um gesto de cabeça fez Bobbi segui-lo. Bucky me olhou em dúvida de como eu reagiria, mas sorriu ao ver minhas bochechas vermelhas e meus olhos brilhantes. Steve era sempre uma força fora do normal em mim.
— Vamos apenas um ao lado do outro. Para todos os efeitos estamos em processo de divórcio.
— É? Pensei que já estávamos divorciados.
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Pleasure | Love (Romanogers)
Fanfiction"Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la?" Não p...