Parecia meio atordoado e eu estava me deliciando com a sua reação. Aquela informação, mesmo sendo uma mentira completa, havia lhe dado o suficiente para ele pensar duas vezes antes de me abandonar naquele estado. Descobri em mim um lado até então desconhecido. Eu gostava de jogar com meu amante, mesmo sabendo que, na maioria das vezes, o seu jogo era cruel e desumano.
Tony, irmão meu chefe, chegou com seu jeito espalhafatoso, evitando que nossa conversa se prolongasse. Ele tinha uma forma peculiar de tornar tudo constrangedor demais. Levantei para deixá-los a sós, sob o olhar quente e atento de Steve, mas seu irmão conseguiu me deter.
— Nat, ouvi algumas conversas a seu respeito e descobri que você tem muitos pretendentes.
Fiquei sem graça na hora. Não só por mim, mas por Steve também. Aquele não era o melhor assunto a ser abordado naquele momento.
— Loki está apaixonado e, pelo que entendi, Daniel ficou encantado com a sua... – fez um gesto vago com as mãos, como se procurasse pela palavra mais adequada. — Inteligência! – gargalhou.
Minha vontade era de socar a cara dele. Tony era um cara legal, namorado da minha amiga Pepper, mas era muito inconveniente. E se existia algo que me irritava era não levar a sério a minha capacidade profissional. Olhei para ele bem séria e levantei uma sobrancelha.
— Para algumas pessoas, a inteligência pode ser afrodisíaca – na hora me lembrei do meu amante falando essas palavras e minha pele ficou arrepiada. Olhei depressa para ele e o flagrei sorrindo de modo contido. — Não sei se esse é o caso da Pepper...
Steve riu com vontade. Tentei sair logo da sala, porém meu chefe não poderia deixar de me provocar.
— Srta. Romanoff? Eu gostaria muito de poder ver a situação que a senhorita me descreveu agora há pouco, sobre a atividade que a senhorita praticou hoje cedo.
Depois de me virar para aguardar alguma ordem ou pedido, percebi que eu não tinha entendido. Meu semblante demonstrou a minha confusão. Pensei que meu rosto pegaria fogo. Os olhos de Steve crepitavam com a vingança. Filho da puta! Na frente de Tony. Era para me ferrar mesmo.
— Que atividade?
Se Steve achou que poderia dizer aquilo sem aguçar a curiosidade do irmão, estava muito enganado. A não ser que essa tenha sido a sua real intenção. Não conseguia nem imaginar o que dizer.
— Corrida. A Srta. Romanoff praticou corrida hoje cedo. Pelo tanto que é desastrada, fico imaginando como deve ter sido.
Steve riu e Tony o acompanhou. Eu fiquei enfurecida.
— Posso garantir, Sr. Rogers, que correr pela manhã é muito prazeroso. Se o senhor não fosse um homem tão ocupado, poderia desfrutar esse prazer matinal, mas...
E deixei que a frase morresse na metade. Steve me deu um olhar ameaçador. Dei as costas aos dois e saí da sala.
Como se o mundo inteiro soubesse que naquele momento minhas atividades se iniciavam, tudo começou a acontecer ao mesmo tempo. O telefone tocou, as mensagens começaram a entupir a caixa de e-mail, o fax não parava. Quase surtei. Atendi ligações, anotando todos os recados, resolvendo os problemas pertinentes e transferindo as mais importantes para o meu chefe. Ao mesmo tempo, tentava responder aos e-mails e encaminhar os mais importantes para análise de Steve, tentava organizar a papelada que chegava não apenas por malote, mas também por fax, além de tudo que eu tinha que imprimir.
Comecei a me sentir como uma multifuncional. O lado bom era que não sobrava tempo para mais nada, ou seja, pensamentos profundos, que necessitavam de reflexão ou questionamentos e que eu sabia que não me levariam a lugar nenhum, estavam descartados.
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Pleasure | Love (Romanogers)
Fanfiction"Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la?" Não p...