FIM

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Já estávamos por muito tempo no avião o que não era nada fácil. Não que não tivéssemos costume ou que fosse desconfortável, já que Steve, mesmo não dispondo mais da aeronave da Rogers Medical Systems, preferiu alugar um tão espaçoso quanto para fazer a nossa viagem de volta para casa.

Sim. Estávamos voltando para New York e meu coração não aguentava mais de tanta ansiedade. Mas viajar com duas crianças como os nossos filhos era realmente algo que nos consumia. Sarah não parava de reclamar do quanto era chato não ter o que fazer dentro da aeronave, apesar de todos os aparatos para entretê-la.

No Brasil tínhamos três funcionárias que se revezavam nos dias e horários das crianças, porém não podíamos levar todas conosco e escolhemos Isabel por dois motivos, ela era discreta e atenciosa, além de já estar familiarizada com nossos filhos, e ela falava espanhol, o que facilitava e muito na comunicação.

— Não quero mais assistir desenho – minha filha fez birra, cruzando os bracinhos no peito e exibindo uma linda careta de desagrado. Steve tirou os olhos da tela do computador, onde analisava diversas planilhas e sorriu. Ele nunca se incomodava com as malcriações de Sarah.

— Você puxou a sua mãe, princesa – estreitei os olhos enquanto sacudia James nos braços. — Sempre muito ansiosa.

Justamente naquele dia James resolveu ficar indisposto. Dois dentinhos saíram ao mesmo tempo. O coitadinho chorava muito, não queria comer e nem dormir. Eu achava que avião o estava incomodando um pouco também. Eu mesma enjoava algumas vezes imagine uma criança de quase um ano?

— Quer que eu pegue ele, amor? – Steve perguntou pela milésima vez. Ele não estava aborrecido com o choro, apenas apreensivo quanto ao estado do filho. Mas eu não queria atrapalhá-lo. Meu marido realmente precisava estudar aquelas planilhas.

— Não precisa. Isabel está trazendo um pouco de chá. Logo, logo ele se acalma. Eu vou para cabine. Sarah, mamãe vai para o quarto, qualquer coisa peça a Isabel e não ao papai, entendeu? Ele precisa trabalhar.

— Papai ajuda – ela disse com aquela vozinha de menina mimada que sabia conseguir tudo do pai.

— Papai não! Isabel! Entendeu? Ou não vai poder comer o biscoito que fizemos ontem para levar para tia Carol – ela fez cara feia e voltou a sentar como se estivesse muito contrariada.

Steve me lançou um olhar de repreensão. Claro! Ele não gostava quando eu obrigava a nossa filha a não ficar atrás dele para tudo. Dei de ombros e resolvi o ignorar. Ele precisava entender que Sarah não podia ter tudo. Tinha até medo de pensar no quanto ele estragava a menina. Mas meu marido nunca contestava as minhas ordens, principalmente as relacionadas aos nossos filhos. Ótimo!

Isabel chegou com a mamadeira contendo chá. Testei a temperatura e fui em direção a cabine de casal. Naquele avião só haviam duas, o que não me incomodava nem um pouco. Sentei na poltrona confortável e aconcheguei James para que ele começasse a ingerir o líquido que há muito já estava acostumado e eu sabia que o acalmaria. Dito e feito, antes de finalizar a mamadeira já estava dormindo. Um alívio!

Fui até o pequeno berço posto estrategicamente na cabine, acomodei meu bebê, me certifiquei de que ele estava muito bem aquecido e subitamente me senti relaxar. Ainda restava Sarah, que precisava de entretenimento urgente antes que começasse a fazer mais birra e atrapalhasse o pai. Voltei para onde eles estavam, tomando cuidado para deixar as portas abertas, apesar de saber que se James chorasse qualquer pessoa na terra ouviria.

— E James? – Steve conferia alguns papéis enquanto Sarah se divertia no colo de Isabel, brincando com o computador do pai.

— Eu disse para ela não te atrapalhar – esbravejei. Será que ele não entendia que era melhor para a nossa filha? — Você vai estragar a menina.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora