CAPÍTULO XII

864 63 0
                                    


Macaria ainda estava lá quando Abadir entrou trazendo minhas malas, mas o Sr. Rogers não estava em lugar algum. Segui Abadir até o local onde deixou minhas coisas, um closet grande onde eu poderia morar sem me incomodar nem um pouco. Assim que eles saíram, reforçando o fato de estarem a minha disposição, aproveitei para separar roupas mais leves e apropriadas para a reunião que aconteceria em breve.
Tomei um banho rápido, deixando para curtir a banheira em outro momento. Coloquei um vestido azul, comprido até os joelhos e justo ao corpo apenas até a cintura, onde a saia abria em leque. Tinha decote quadrado e alças largas. Ao olhar no espelho me senti uma peça da casa.
Era exatamente aquele o meu papel naquele teatro. Tive ímpeto de matar o Sr. Rogers por me envolver naquele jogo estranho, porém me acalmei decidindo esperar até que pudéssemos ter uma conversa mais esclarecedora. Calcei as sapatilhas, penteei os cabelos e saí do quarto.
Não sabia onde poderia encontrá-lo, já que a casa era muito grande e eu não fazia ideia de onde ficava o seu quarto, por isso desci até a sala e sentei aguardando pelas suas primeiras ordens. Ele não apareceu.
Impaciente, comecei a caminhar pela casa observando cada detalhe azul e branco que havia nela. Com certeza em menos de duas horas não conseguiria mais aguentar estas cores e quando dormisse teria pesadelo onde existiria apenas um mundo azul e branco. Por que eu estava tão irritada?
Decidi que seria melhor trocar de roupa e colocar um pouco mais de cor em meus pensamentos, mas assim que cheguei a escada o encontrei. O Sr. Rogers usava uma camisa de linho azul e calça jeans. Não estava casual, mas também não estava vestido para uma reunião. E aquela cor... Parecia brincadeira. Ele parou no degrau em que estava e me olhou sem perder nenhum detalhe, depois sorriu aquele mesmo sorriso que me desmontava completamente.

— Alguma ordem? – era melhor começarmos a deixar o clima mais profissional ou então... Só Deus poderia saber o que seríamos capazes de fazer.

— Já enviou o e-mail que pedi? – merda!

— Estava indo agora mesmo buscar meu computador, Sr. Rogers – rezei para que minha mentira passasse despercebida.

— Faça isso, mas traga-o aqui. Quero que a mensagem saia do meu e-mail.

Concordei sem questionar. Subi correndo as escadas, amaldiçoando o fato de não mais poder trocar de roupa. Peguei meu computador e desci para encontrá-lo. O Sr. Rogers falava ao telefone na mesma sala onde eu estava há pouco tempo. Já ia saindo quando ele olhou para mim e fez um gesto com a mão para que me aproximasse.

— Se você faz tanta questão, Peggy.

Continuou falando sem se importar com a minha presença. O nome chamou a minha atenção. Peggy. A namorada ou ex-namorada psicopata. Ele conversava de maneira civilizada, o que me levou a imaginar que tinham se reconciliado. Não tive nem tempo de identificar o motivo da minha apatia, pois o Sr. Rogers fez um gesto para que eu abrisse o computador.

— Só chegarei daqui a quatro dias. Lembre-se que tenho outras viagens programadas.

Ele virou o computador, que estava em meu colo, em sua direção e digitou alguma coisa. Depois o devolveu. Notei a tela do seu e-mail abrindo. Claro que meus olhos correram as mensagens existentes que ainda não tinham sido abertas. É óbvio que as da Bernie chamaram a minha atenção. Não existia apenas uma mensagem dela e sim seis.

— Ah sim! Estarei em reunião com o pessoal do México em poucos minutos – fez mais um gesto com as mãos para que eu digitasse o e-mail.

Comecei imediatamente. Ele se afastou continuando a falar ao telefone.

— Você sabe como é o México. Quente, com pessoas falando o tempo todo e ao mesmo tempo – riu sem graça.

Fiquei vermelha ao constatar que ele mentia descaradamente para ela, dizendo que estava no México. Só esperava que este barco não virasse para o meu lado. Com a namorada que ele tinha era melhor não brincar.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora