CAPÍTULO X

902 64 13
                                    


Caminhei pela rua estreita molhada que me levava para o Aeroporto. O táxi tinha me deixado um pouco distante da minha entrada devido ao trânsito lento. A chuva fina incomodava mais do que qualquer outro dia. Eu estava cansada. Dormir com a expectativa do dia seguinte foi uma merda. Precisava colocar a minha cabeça no lugar para fazer aquela primeira viagem ao lado dele ou então tudo estava perdido.

Minha angustia era tão grande que não parei nem para olhar as lojas ou a arquitetura do aeroporto que tanto me encantava. Caminhei apressadamente para embarcar logo. Era incrível e absurdo, mas eu estava praticamente atrasada e sabia que o Sr. Rogers não me perdoaria.

Nunca antes tinha viajado em um avião particular, então me perdi em quase tudo que tinha para fazer, o que formalizou o meu atraso. Quando finalmente fui encaminhada para a aeronave, o Sr Rogers já me aguardava impaciente. Seu olhar reprovador foi o suficiente para me deixar constrangida e receosa.

— Bom dia – cumprimentei a comissária, que me ajudou com a bagagem me levando até uma das poltronas aconchegantes que compunha o local.

Era inacreditável que uma decoração como aquela coubesse dentro de um avião pequeno. Fiz questão de não ficar olhando para tudo. Tal atitude com certeza seria arquivada pelo Sr. Rogers para depois ser usada contra mim.

— Bom dia, Sr. Rogers – não olhei em sua direção.

— Bom dia, Srta. Romanoff. Problemas com o despertador? – ele não tirou os olhos do jornal que lia.

A comissária sorriu e se retirou. Ela era muito bonita. Morena, cabelos curtos, rosto como uma pintura além de um corpo incrível. Não sei se era a postura típica das comissárias ou o uniforme, mas para mim ela parecia ser o tipo de mulher que os homens consideram sexy. E muito provavelmente Steve a considerava sexy. Deixei de admirá-la me mantendo ocupada com a poltrona. Se fechasse os olhos poderia dormir até chegarmos lá.

O avião taxiou e logo depois estávamos no ar. Durante a decolagem não conversamos ou olhamos um para o outro. O Sr. Rogers continuava absorto em seu jornal. Fechei meus olhos me forçando a permanecer assim até chegarmos ao nosso destino. O que, claro, seria impossível.

Estava desenvolvendo uma relação tão confusa com o Sr. Rogers. Eu não o queria, ou melhor, queria desesperadamente não querer. No entanto me incomodava profundamente quando ele demonstrava interesse. Como eu disse, confuso. O que estava acontecendo comigo? "Com certeza quando este estágio acabasse eu precisaria me tratar com um psicólogo".

— Com sono? – sua voz me atingiu com tudo.

Não consegui evitar o sorriso que se formou em meus lábios. Confeso que era bom ter a atenção dele.

— Não. Apenas não quero atrapalhá-lo – virei em sua direção e o encontrei sorrindo para mim.

— Como foi a sua noite? – ai, Deus! Não! Ele não iria começar com aquilo.

— Tranquila – fiquei atenta.

— Esta é a resposta a minha pergunta? – franzi o cenho. Como assim? — Sobre a sua vida sexual – puta merda! Não.

— Não vou lhe responder, Sr. Rogers. Dê-se por satisfeito com o que já sabe – voltei a minha posição inicial e fechei os olhos.

— Eu acho que sim – riu debochado.

O que ele estava sugerindo? Que a minha vida sexual era tranquila? Que eu não tinha uma vida sexual atraente ou no mínimo interessante? Quem ele pensava que era? Meu queixo se projetou para cima, como sempre acontecia quando eu me sentia desafiada. Isso só o incentivou ainda mais. Ouvi seu riso e fiquei indignada. Porém a comissária voltou para lhe servir um copo de uísque.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora