Deitada na rede eu podia ouvir o som do mar lá embaixo. Eu não via a praia, mas podia fechar os olhos e ver suas areias brancas brilhando com a luz da lua cheia que nos presenteava naquela noite escura. No alto pouco podíamos perceber do que acontecia na cidade. Apenas um poste iluminava o caminho que dava acesso à imensa escadaria que nos levava até a segunda praia.
Este era o nosso lar nos últimos meses e eu amava a forma como fomos capazes de mudar as nossas vidas. Na varanda imensa de madeira que circulava todo o andar superior da nossa casa, nos dando uma paisagem de 360 graus daquele ambiente adorável, eu podia ouvir o riso infantil da nossa pequena Sarah. Podia até imaginar os fios loiros caindo em sua testa e a mãozinha retirando-os com impaciência. Ela parecia tanto com o pai! Steve estava com ela, brincando de casinha na cozinha aberta que mantínhamos no andar de baixo para os nossos dias em família, como se não houvessem dias que não fossem em família.
A cidade era tão pequeno que podíamos conhecer cada pessoa que ali habitava. Mas aquele era o paraíso, então o lugar fervilhava de turistas o ano todo. Eram tantos e ao mesmo tempo que o nosso trabalho nunca cessava. Bom... Eu não podia acreditar que Steve largaria tudo e viveria só dos seus rendimentos. Claro que não! Ele era um CEO nato, e podia não estar mais à frente das empresas do seu grupo, mas estava sozinho construindo o seu próprio império.
— Nat, conseguiu? – ele gritou lá de baixo.
— Mamãe, conseguiu? – Sarah sempre repetia o que ele dizia, o que me dava muita dor de cabeça, pois Steve tinha uma boca suja incontrolável e ainda dizia que as coisas horríveis que a coitada dizia tinha aprendido comigo. Como pode?
— Ainda não. Chamou duas vezes, mas ela não atendeu. Quer subir?
— Não – Sarah gritou de lá já cheia de vontade.
— Está na hora de uma linda princesa dormir – brinquei dando um sinal a Steve de que ele precisava manter os horários da menina.
— Não. Quero falar com tia Carol – e depois riu. Com certeza era mais uma das brincadeiras com o pai.
— Amor, está na hora! – alertei.
— Estamos subindo.
Ainda ouvi a malcriação de Sarah, mas logo depois seus pequenos pés batendo na escada que dava acesso ao andar de cima. Com um click no computador em meu colo tentei chamar mais uma vez. Nada. Ninguém atendeu.
— Diga boa noite para a mamãe! – ouvi a voz de Steve antes mesmo de vê-los entrando na varanda.
— Boa noite, mamãe – a voz infantil e doce da minha linda filha fez o meu coração inchar. Talvez nem todo mundo tenha noção do que é para uma mãe ouvir o seu filho, ou olhá-lo com atenção. Eu fazia isso com frequência, mas todas as vezes me emocionava.
— Boa noite, meu anjinho – ela se atirou nos meus braços quase derrubando o notebook do meu colo. — Vai dormir com o papai?
— Ele vai contar a história da princesa e o sapo – ela sorriu largamente.
— Seu pai vai contar a história da nossa vida para você – rimos juntas e Steve se fez de ofendido. — Não deixe ele te enganar, a verdade é que ele era um sapo bem verde, velho e feio. Não melhorou muito depois do beijo! – ela riu fazendo uma careta.
— Não beije sapos por aí, princesa – Steve segurou Sarah levantando-a com facilidade. Sua risada infantil deixou a noite ainda mais bonita. — Vamos logo ou não conto quando eu achei sua mãe sozinha no jardim, chorando por não ter nenhum sapo em sua vida – mais uma vez ela riu com vontade. Rimos juntos. Era impossível resistir ao seu risinho. — Beijo na mamãe – ele a inclinou de cabeça para baixo para que pudesse me beijar. Não foi bem um beijo, afinal de contas Sarah não parava de rir. — Agora escovar os dentes, mocinha ou então vou contar a história dos monstros que comem os dentes das crianças.
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Pleasure | Love (Romanogers)
Fanfic"Você já sentiu vontade de tocar em algo que sabe ser proibido? Já teve o desejo irresistível de experimentar alguma coisa que sabe não ser socialmente ou eticamente correto? Tão proibido e ao mesmo tempo tão desejável que poderia destruí-la?" Não p...