CAPÍTULO LXIX

384 40 7
                                    

Olhamos um para o outro buscando um jeito de sairmos daquela enrascada. Por alguns segundos achei que Steve estava tão desorientado quanto eu, no entanto ele piscou se afastando e tratando de ajeitar suas roupas.

— Se tem uma pessoa que consegue realmente me fazer brochar com você, essa pessoa é Peggy.

Ele não estava assustado, somente frustrado. Eu estava em pânico. Como Steve conseguia manter aquela postura de dono da situação sabendo que Peggy estava do lado de fora do banheiro procurando por ele?

— Eu não vou sair – sussurrei evitando que ela ouvisse a minha voz.

Steve revirou os olhos terminando de se recompor. Ele me puxou pelo pescoço para um beijo forte e rápido.

— Como preferir – sua voz inalterada demonstrava que ele não tomava nenhum cuidado para que Peggy não percebesse que estava acompanhado.

Observei meu amante abrir a porta do banheiro e sair. Eu nunca conseguiria deixar o local sem antes ter a certeza de que Peggy havia ido embora, então me encostei o máximo possível à porta para ouvi-los.

— O que é? – sua aspereza me surpreendeu, apesar de conhecer perfeitamente bem seus motivos.

— O que estava fazendo no banheiro de visitas?

Por favor, que ele invente alguma coisa que desfaça sua curiosidade.
Ouvi o riso debochado de Steve. Era como se ele estivesse deixando claro para ela que não era da sua conta.

— Não te devo satisfações, Peggy. O que você quer?

— Onde está Natasha? – ah, não! Ela estava desconfiando. Por favor, fique calado, Steve.

— No banheiro.

Merda!

Eu poderia morrer naquela hora que seria menos constrangedor do que ser flagrada pela segunda vez em menos de uma semana. Pior, ser flagrada pela psicótica da ex-mulher dele. Por que ele não podia ficar calado?

— No banheiro – Peggy repetiu. O silêncio que se seguiu aumentou minha tensão. — O conselho gostará desta informação. O grande CEO transando com sua secretária no banheiro de visitas.

— Fique à vontade. Tenho alguns filmes que mostram a grande empresária em diversas situações muito parecidas, só que com Daniel. Não que este seja o meu tipo de filme favorito, mas eles vão ficar surpresos quando descobrirem que, para você, esta pose não existe quando o assunto é sexo.

Puta merda! Eu não queria ouvir aquilo.

— Você não presta, Steve. Mas é bom que Natasha esteja ouvindo. Ela terá uma visão bem clara do que você é capaz de fazer quando quer tirar alguém do seu caminho. Quem sabe assim não repense se é isso mesmo o que deseja. Fico imaginando que tipo de jogo fará quando se cansar dela.

Mais silêncio. Tentei construir a cena em minha cabeça onde os dois duelavam apenas com os olhos. Era terrível só de imaginar.

— Pelo amor de Deus, Natasha, saia logo daí. Isso está me deixando ainda mais irritado – Steve estava sem paciência. Peggy riu alto.

Ah, não! Com que cara eu sairia? Passei a mão pelo vestido tentando desfazer a bagunça que ele havia deixado e limpei o excesso de batom borrado, adiando o máximo possível a minha saída.

— Ela é muito fraca para você, Steve. Sempre com medo, olhar baixo, se desculpando por tudo. Quanto tempo acha que ela sobreviverá ao que nós somos? Sua fantasia está durando tempo demais. Pondere. Perceba e avalie os riscos.

— Foi para isso que você veio? – meu amante continuava sem paciência.

Respirei fundo e saí do banheiro. Steve estava de costas para mim, no entanto Peggy estava de frente e seu olhar deixava claro o quanto reprovava aquela situação. Steve, sem desviar os olhos dela, me cercou com seus braços.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora