CAPÍTULO XIII

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O som da água banhando a areia da praia me despertou. Não sabia que horas eram, só que ainda era dia. Minha cabeça doía, minha boca estava seca e meu estômago embrulhado. Foi muito difícil levantar, bem como encontrar ânimo para mais um dia de tortura. Ele continuava dominando meus pensamentos.
Não sabia ao certo porque o Sr. Rogers havia resolvido que deveria viver aquilo tudo justo comigo. Eram tantas as suas mulheres: Peggy, a namorada grega, e a tal da Ana que eu nem sabia ainda quem era. Por que então achou de cismar logo para o meu lado?
Coloquei um vestido branco, comprido e com alças finas. Fui obrigada a me render ao branco, mesmo achando que aquilo apenas confirmava que eu seria uma peça adequada para enfeitar a sala. Não encontrei o Sr. Rogers, mas Macaria estava lá, cuidando da casa. Cumprimentou-me educadamente e me mostrou a mesa com algumas comidas. Só naquele momento olhei no relógio. Já passava do meio dia.
O cheiro delicioso, devido às especiarias utilizadas, deduzi, preenchia a sala onde o almoço seria servido. Identifiquei o aroma de hortelã e canela, contudo ainda havia alguns outros que não consegui identificar, mas que contribuíam para o meu interesse pela comida.

— E Steve? – tive o cuidado de não chamá-lo de Sr. Rogers, já que o mesmo tinha se apresentado apenas pelo primeiro nome.

— Na lancha com Abadir. Já avisei que o almoço está servido. A senhora precisa de alguma coisa em especial?

— Na verdade, preciso saber o que é isso tudo – a mesa estava repleta de comida, de todas as cores e formatos. Identifiquei algumas verduras, mas o restante era totalmente estranho para mim. Macaria riu.

— Para nós gregos comer é uma cultura. Gostamos de mesa farta. Venha, vou apresentá-la ao que temos para hoje.

Sentei em uma das cadeiras que ficava na mesa grande demais para apenas duas pessoas. Macaria recomeçou a falar. Parecia orgulhosa da sua culinária. Fiquei feliz por deixá-la tão animada.

— Sr. Steve nos informou que gostava dos frutos do mar, então os priorizei. Aqui temos Lavráki, Astakós e Garides – apontou para um refratário contendo peixes, lagostas e camarões. Parecia realmente muito bom. Meu estômago roncou. — Aqui é o que chamamos de mezédes – ela me apresentou um prato repleto de "coisinhas". — Servem para aperitivos também. Como o Sr. Rogers avisou que vocês vão sair para uma visita à cidade, optei por comidas mais leves – apontou para o próximo prato. — Melitzanosalata, patê, como vocês chamam, de berinjela. Temos também tomates e pimentões recheados, Keftedes de polvo, Dolmadakia com avgolémono além da Xoriátika.

Identifiquei os charutos de folha de uva e uma salada com azeitonas, tomate, cebola, pimentão e mais algumas coisas misturadas a ela. O restante não consegui descobrir o que era, mas teria que provar um pouco de tudo se quisesse agradar Macaria.

— Tudo bem então – a voz dele tomou toda a sala em que estávamos fazendo com que Macaria recuasse um pouco. Sorri ao pensar no quanto o Sr. Rogers conseguia ser ameaçador, mesmo quando não queria ser. — Estarei de volta em dois dias, Peggy e resolveremos isso – parou notando a minha presença e sorriu com o telefone ainda no ouvido. — Claro! Não se preocupe com nada. Resolvo tudo quando chegar – seus olhos ainda estavam em mim. — Natasha! Pensei que não a veria acordada tão cedo – como assim?

Ele não teria como saber que só consegui dormir quando o dia já estava claro. Então por que tinha dito aquilo? Entendi quando percebi o constrangimento de Macaria. Era a maldita farsa. Com certeza todos acreditavam que compartilhamos o quarto e que nossa primeira noite na Grécia tinha sido repleta de aventuras sexuais.

— Vai sair hoje? – desviei a conversa. Não sei quem estava mais sem graça, eu ou Macaria.

— Vamos – não contestei. — Macaria, pode levar o meu prato. Não posso estar na Grécia e não usufruir dos seus costumes – fiquei ainda mais intrigada. O que ele queria dizer? — Aqui os casais costumam dividir o mesmo prato. É uma tradição – Oh droga! Ele não desistiria de tentar demonstrar que éramos amantes.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora