CAPÍTULO L

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Fiquei parado à porta enquanto Nat me encarava com ansiedade. Eu não deveria, mas a minha única vontade era abraçá-la e confortá-la. Era necessário prudência. Depois dos acontecimentos dessa noite eu precisava ser mais cuidadoso e, principalmente, colocar limites no nosso relacionamento ou colocaria tudo a perder. Como fazer isso? Eu a amava com toda a minha alma, com todo meu ser.

— Oi! – ela respondeu com a voz fraca.

Caminhei até a cômoda, colocando sobre ela a xícara com o chá preparado por Carol, que eu tomara de suas mãos e insistira em levar. Nat apenas me observava. Fiquei um tempo de costas sem saber por onde iniciar a conversa.

— Steve, eu...

— Nat, nós precisamos conversar – voltei-me para encarar seus olhos assustados. Por um breve segundo vi todo o desespero da expectativa passar por eles. Ela piscou algumas vezes e seu queixo enrijeceu.

— É isso? – perguntou tentando conter a emoção em sua voz. — Você não sabe como fazer, não é? Não sabe como me dizer que acaba aqui – uma lágrima, correu pelo seu rosto, ela a recolheu rapidamente.

Eu não conseguia dizer nada. Meu coração estava tão apertado quando o dela. Eu sabia o que precisava fazer. Era para o bem de Natasha. No entanto não tinha coragem suficiente para afastá-la, mesmo sabendo que se não o fizesse poderia colocar sua vida em risco. Eu era simplesmente a pior coisa que acontecera em sua vida e mesmo assim ela continuava lá, sofrendo pelo fato de eu estar lhe dando o direito de ser feliz e não roubando para mim a sua felicidade.

Eu sou tão egoísta que não consigo pensar em outra coisa que não seja abraçá-la. Só queria que ela permanecesse inteira e era por isso que precisava fazer aquilo. Peggy era uma ameaça real. Deixar que meus sentimentos por Natasha ganhassem tanta força foi um enorme e imperdoável erro. Um erro que passou a colocar a vida dela em risco. Eu era a única pessoa que poderia evitar o pior.

Eu já tinha fantasmas demais em minhas costas e não conseguiria carregar mais aquela culpa. Se algo acontecesse a ela eu não sobreviveria.

— Não vai dizer nada? – externou a sua raiva. Eu não conseguia encontrar forças para dizer o que era necessário.

— Vou sim – desviei meus olhos do dela. — Venha! Sente-se aqui comigo.

Fui até a cama e me sentei. Minha noite fora suficientemente agitada e eu estava esgotado, além de entorpecido por remédios. Nat apenas virou em minha direção aguardando ansiosa pelo que eu diria. Estendi a mão para ela como uma suplica para que se juntasse a mim. Eu não deveria. A segurança dela deveria ser mais importante do que a minha necessidade de tê-la por perto. Natasha hesitou, mas acabou cedendo e colocando sua mão na minha. Eu a puxei, mantendo uma distância segura.

— Nat, eu não deveria esconder nada de você, infelizmente como já disse inúmeras vezes, a minha vida é repleta de tragédias e acontecimentos ruins. Carrego em minhas mãos a infelicidade de muitas pessoas. Sou culpado por coisas terríveis.

— Você realmente pretende usar esse argumento como desculpa para terminar comigo? – Sua acusação me pegou de surpresa. Olhei para ela para encarar o seu desespero. Era o reflexo do meu.

— Não. Não vou. Quero contar mais uma parte da história que você ainda desconhece. Talvez depois entenda os meus motivos – ela permaneceu calada. Apenas me observava atentamente. — Você já sabe sobre Sharon e Loki. Também sabe que Peggy viu meu carro entrando no motel e descobriu que Sharon estava nele, deduzindo que nós tínhamos um caso – ela concordou. — Você lembra do por que conseguiu o emprego lá na empresa? – Nat franziu o cenho sem entender completamente a que eu me referia, depois seu rosto foi mudando de expressão à medida que ia compreendendo. Sua boca se abriu um monte de vezes enquanto procurava palavras para formular alguma pergunta.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora