CAPÍTULO XXV

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Senti mãos fortes me levantarem e que algo escorria de mim, talvez um cobertor, abandonando meu corpo. Estava tão cansada! Meus olhos se negavam a abrir. Ele me apertou em seu peito enquanto me segurava como uma criança. Entendi que Bucky me levava para cama. Não para a minha cama, mas para aquele monstro que Steve teve a ousadia de deixar em meu quarto. Reuni minhas forças e me debati em seus braços.

— Não. Me deixe no sofá – meus movimentos eram lentos.

— Algum problema com a cama? – a voz grossa, rouca e doce de Steve invadiu meus ouvidos como uma perfeita melodia. Meu coração acelerou. — Pensei ter comprado a melhor e você a despreza? – deitou-me sobre a cama. Eu não conseguia raciocinar direito. O que eu tinha mesmo para dizer a ele além da imensa saudade que sentia?

— Steve! – envolvi meus braços em seu pescoço. Ele riu baixinho. As lágrimas caíram sem minha permissão.

Até aquele momento eu não tinha percebido o motivo da minha tristeza. Sabia que me arrependia por ter deixado que tudo acontecesse e que havia cometido um grande erro ao me apaixonar por ele, só não imaginava que todas as lágrimas derramadas de indignação ou raiva, eram também lágrimas de saudade. A ausência de Steve era um imenso vazio em meu peito. Um buraco gigantesco e doloroso que só fechava quando estávamos juntos. Eu estava perdida.

— Eu... Eu senti... Eu pensei... Eu...

Não conseguia encontrar palavras para dizer como estava me sentindo, simplesmente porque não havia palavras que pudessem esclarecer o que realmente se passava dentro de mim. Era tão confuso e ao mesmo tempo tão claro para mim.

Ainda assim, mesmo sabendo perfeitamente o que sentia, não podia contá-lo. Eu sempre fui uma péssima jogadora, não seria daquela vez que faria diferente, mas Steve tinha deixado claro que o amor era a única carta proibida naquele jogo.

— Eu sei, Nat. Eu também – murmurou em meu ouvido. Então nada mais tinha importância.

Nenhuma raiva, nada do que eu tinha jurado fazer ou dizer. A única coisa que importava era que ele estava ali, em meus braços, de volta para mim, dizendo que foi ruim para ele também.

— Nat, não chore! – ele passava as mãos em meu rosto limpando as lágrimas que caíam sem conseguir impedir que as novas descessem. — Não faça isso. Não me condene também, eu... – puxou forte o ar. — Não imaginava que poderia ser assim. Por favor! Acalme-se.

— Você...

Engoli as palavras. Não tive coragem para dizer o que estava pensando. Eu queria acusá-lo de ter me ignorado, de não se importar comigo ou com o que tínhamos vivido, mas o que podia cobrar dele? Sempre soube como seria. Steve foi bem claro quando definimos as nossas regras. Era tudo um jogo.

— Eu sei. Não tive escolha. Peggy ficou desconfiada e aproveitou as reuniões para pegar no meu pé. Não podia colocar tudo a perder, não agora que estou quase conseguindo.

— Conseguindo o que? – analisei seu rosto que, mesmo no escuro do quarto, era perfeito. Steve desviou o olhar indeciso sobre o que deveria me contar. Sua boca formou uma linha fina.

— É difícil, Nat. Não quero você envolvida com os meus problemas. É triste, doloroso e sujo demais para que possa entender - não contestei, ele estava lá e era o que importava no momento. Steve se voltou para mim e com seu rosto muito próximo ao meu hesitou sobre o beijo. — Como senti a sua falta!

Sua voz estava baixa e fraca, quase um sussurro. Imaginei se ele, assim como eu, tinha medo de que qualquer barulho nos acordasse daquele sonho. Sim, um sonho. Porque era difícil demais acreditar que estávamos juntos outra vez.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora