Capítulo Setenta e Oito

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— Steve?

Minha cabeça latejava e meu corpo inteiro doía. Tentei abrir os olhos, mas qualquer feixe de luz que passasse por minhas pálpebras, incomodava insuportavelmente. Tenho consciência de que fiz uma careta de dor.

— Steve? Você está bem?

Sharon me chamava de algum lugar que eu não conseguia identificar. "Merda! Natasha!" meus pensamentos me levavam de volta à realidade. Puta que pariu! Ela estava casada. Minha nuca parecia ter sido atingida por uma pedra. Aliás, por um torpedo.

Aos poucos a memória voltava esclarecendo o ocorrido. Eu estava enfurecido. Merda! Ela estava casada e com aquele fodido. Eu não... Respirar tornou-se uma atividade extremamente complicada.

— Você está bem? Steve? Fale comigo!

— Minha cabeça – consegui articular aquelas palavras. Levantei a mão, sentindo meu corpo protestar e protegi os olhos. — Onde eles...

— Eles já foram. Bucky conseguiu te atingir com uma arma de choque. Você queria machucar Natasha.

— Que absurdo! Eu nunca a machucaria – forcei meu corpo para cima. Doeu, mas não mais do que a dor da minha realidade. — Merda, Sharon! O que aconteceu?

Ela sabia que eu não perguntava da minha situação naquele chão do banheiro, mas sim era uma pergunta que abrangia muito mais do que a briga. Eu estava perdido. Natasha voltou, fria, distante, raivosa, cheia de mágoas e cobranças. Ela havia tirado tudo de mim. Havia me humilhado e estava casada com Bucky. Era descrição perfeita do inferno.

— Eu não sei Steve. Não sei como explicar – encarei minha secretária que me olhava com pena.

Eu não precisava daquele sentimento.
Sempre soube jogar. Fui forte, desprovido de todo e qualquer sentimento diferente do ódio. Fui implacável em minha guerra com Peggy. Como Natasha conseguiu me desestruturar tão rápido? Como ela pôde trair a minha confiança daquela forma? Como ela pôde me trair? Meu coração pesava, apertado, espremido pela dor. Eu a amava. Fiz tudo para merecê-la, para ser digno de um amor que não existia mais, ou que talvez nunca existiu. Natasha mentia. Ela foi mais cruel do que Peggy quando me fez acreditar que havia esperança. Precisava aprender a odiá-la, a colocá-la naquela guerra que tanto lutei para afastá-la, e principalmente, aceitar que deveria esmagá-la sem piedade. Mas eu a amava.

— Steve?

Levantei rapidamente pegando minha secretária de surpresa. Eu precisava de ar. Tinha que sair daquele banheiro sufocante, daquela sala repleta do cheiro da mulher que eu tanto amava e que precisava tirar da minha vida. Precisa fugir e calar todas as vozes que gritavam em minha cabeça.

— Para onde você vai?

Sharon me acompanhava visivelmente preocupada. Andei até o elevador sem me importar com maleta, chaves, nada. Eu só queria sair dali o mais rápido possível.

— Steve?

— Preciso de ar, Sharon!

E corri pelas escadas sem que ela tivesse chance de me deter. Passei pela recepção sem me preocupar com quem estivesse me observando e saí para a tarde chuvosa e fria. Mas nem o frio era capaz de me fazer esquecer das palavras dela "Não. Te amo, Steve. Eu amo o Bucky. Sinto muito".

Apertei os braços em meu corpo como se pudesse me impedir de enlouquecer de vez. Andei pelas ruas geladas e entrei no primeiro bar que encontrei a, não sei quantos metros de distância da empresa.

— Uísque – disse rispidamente. — A melhor garrafa que você tiver – o garçom colocou o copo e a garrafa diante de mim. Ele entendeu o meu desespero.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora