CAPÍTULO LXVII

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Constrangedora era pouco demais para descrever a nossa situação. Depois que minha mãe nos deu as costas, eu e Steve conseguimos nos recompor. Eu não tinha palavras para explicar o que tinha acontecido. A vergonha e o desespero eram enormes.

Steve sentou ao meu lado segurando a minha mão com força. Eu queria que naquele momento Peggy tentasse mais uma vez acabar comigo. Ao menos assim eu conseguiria me livrar daquela conversa.

Minha mãe nunca foi de fazer escândalos em situações como aquela, não que eu já tivesse sido flagrada agarrando algum namorado no sofá da casa dela, mas ela já tinha presenciado uma cena parecida, quando pegou meu pai na cama com uma vizinha nossa. Lembro-me dela tendo uma conversa muito equilibrada com ele para depois decidirem pelo divórcio. Rezei para que nossa conversa fosse equilibrada e que não tivesse separação desta vez.

Steve se remexeu no sofá incomodado com o silêncio que não era rompido por nenhum de nós. Alguém teria que começar. Faltava-me apenas a coragem para fazê-lo. Como explicar a minha mãe o fato de eu ser a amante do chefe, que a mulher dele é uma psicopata, diga-se de passagem, grávida, e que estávamos quase transando na sala porque tínhamos algum tipo de doença crônica que não nos permitia passar mais do que algumas horas sem tocar um no outro? O pior de tudo seria encontrar a forma correta de explicar a minha mãe que o nome desta doença é amor. Ela nunca me perdoaria.

— Mãe...

— Melina...

— Nat...

Falamos todos ao mesmo tempo. Foi ainda mais constrangedor, porque neste momento eu tive que olhá-la, e por conta disso acabei recebendo de uma única vez toda a carga acusatória que fluía de seus olhos. Ali eu soube que a nossa conversa não seria nada fácil.

— Steve – comecei a falar. — Poderia nos deixar a sós?

Pedir que Steve se retirasse era o melhor que podia fazer. Ele não teria muito a acrescentar, ao menos nada que pudesse colaborar para a minha absolvição. Eu não o queria ali. O que eu tinha para dizer a minha mãe, e para ouvir também, era algo que deveria ficar apenas entre nós duas. Ouvi minha mãe puxando o ar como se aquilo tudo a incomodasse mais do que deveria.

— Mas, Natasha... – Steve retrucou inseguro a respeito da minha decisão.

— Por favor! – reiterei a minha posição, certa do que estava fazendo.

— Não sem ouvir o que tenho a dizer – minha mãe falou com voz firme pela primeira vez desde que nos surpreendeu.

— Acho justo, Melina. Antes gostaria de dizer uma coisa.

Eu estava de lado em relação a minha mãe, virada para Steve, com medo do que poderiam dizer um ao outro, no entanto pude perceber, pela minha visão periférica, a sutil mudança de posição de minha mãe que se remexeu na poltrona. Seja lá o que Steve fosse dizer já a estava incomodando.

— Sinto muito pelo que aconteceu – começou nervoso. — Não consigo enxergar, em nenhuma hipótese e sob nenhuma justificativa, uma maneira desta situação ficar confortável para você. Sobretudo estando de posse apenas da parte dos fatos que lhe permitem simplesmente condenar. Não vou enchê-la de informações nesse momento, Melina, porque sei que Natasha o fará assim que eu sair por aquela porta, e ela tem o meu consentimento para fazê-lo.

Minha mãe bufou em desacordo com o consentimento que ele estava me dando, um protesto claro. Lógico que ela não entenderia esta parte. Não enquanto eu não esclarecesse alguns detalhes daquela história. Eu o faria. Era necessário. Ter a autorização de Steve para esclarecer todas as dúvidas me deixava mais tranquila. Eu não trairia a sua confiança.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora