CAPÍTULO LII

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Trabalhar sentindo o corpo cansado e descompassado, já que eu havia perdido uma imensa parte da noite, dormido com auxílio de calmantes, não tinha conseguido descansar por horas suficientes, passado por momentos intensos, como uma volta completa em uma montanha-russa e ainda por cima a minha briga com Peggy, não era algo fácil de fazer. Resultado: eu estava praticamente implorando por um banho e minha cama.

Steve, apesar de tudo, parecia mais leve. Ele não fez nenhum esforço para disfarçar seus olhares apaixonados em minha direção, durante todo o dia. O meu amante não ficou muito comigo. Trancado em sua sala quase a tarde inteira ele recusou qualquer comida e fez vários telefonemas. Nossos olhos se encontravam, porém aquela imensa parede de vidro nos separava e eu nada conseguia ouvir do que ele falava.

Almocei com Carol, que estava toda atenciosa por causa da sua atitude na noite anterior, apesar de que ela não demonstrava estar totalmente de acordo com o meu caso com Steve. Ela me disse de maneira muito clara que entendia os motivos do irmão, mas que ainda assim achava errado eu aceitar aquela situação. Que o melhor seria aguardar que ele conseguisse o divórcio, ou pelo menos saísse da casa, para então ficarmos juntos.

Eu entendia Carol, por mais que me doesse saber que não possuía sua aceitação. Carol havia recebido uma criação diferente da minha. A mãe dela morreu cedo e Ana foi a única mulher que o pai teve desde então. Pelo que eu entendi, seu pai era louco por Ana e a respeitava acima de tudo. Foi desta maneira que eles foram criados. Eu desconfiava que uma parte da resistência de Steve em se separar de Peggy, durante muito tempo, foi por causa desta denominação de família perfeita. De casamento eterno.

Pepper estava mais amistosa. Ela ficou tranquila com a minha relação com Steve, principalmente pelo fato de Tony saber e nos apoiar. Tenho que dizer que este ponto me deixou mais forte.

Thor agia como Carol, sem querer participar muito, mas entendendo o que estava acontecendo. Talvez ele conhecesse muito bem a irmã soubesse bem do que ela era capaz.

Passei o dia pensando até onde eu poderia, ou deveria, temer a Peggy. Ela podia fazer qualquer coisa, eu sabia, e ela tinha feito questão de deixar isso claro. Mas até onde eu e Steve iríamos? Queria conversar sobre isso com ele. Meu chefe estava trancado em sua sala, analisando a sua tela do computador, ou conversando por telefone com pessoas que eu não sabia quem eram.

Depois do almoço ele não me chamou. Percebi de imediato que a atmosfera havia mudado. Steve estava tenso, tentava disfarçar, sorrindo para mim sempre que eu me perdia olhando para ele através da parede de vidro que nos separava. Nós precisávamos conversar. Será que ele permitiria mesmo que Carol me levasse para casa? E nós iríamos nos encontrar mais tarde? Ele não me visitava quando Peggy estava na cidade, mas as coisas mudaram. Ou não? Fui interrompida do meu devaneio pelo toque do telefone. Era Steve.

— Oi! – falei timidamente. Ainda estava envergonhada pelo estrago que fiz em seu rosto e pela briga com Peggy pela manhã.

— Pode vir aqui? – sua voz apesar de leve parecia esconder algo.

— Claro! – desliguei o telefone e antes de levantar busquei dentro de mim coragem para ouvir o que ele iria me dizer.

Steve podia voltar com aquela ideia maluca de me abandonar. Fui até a sua sala. Meu chefe me encarava com olhos sérios e mesmo tentando me lançar um sorriso tranquilo dava para sentir o quanto estava tenso.

— Oi – repeti.

— Vem cá! – abriu os braços para mim sugerindo que eu sentasse em seu colo. Oi? Como assim? Estávamos na empresa. Ele era casado, ao menos para os seus funcionários ele ainda era. O que Steve estava fazendo? — Vem – eu não tinha como resistir. Lentamente fui até ele e sentei em seu colo. Ele sorriu, passando as mãos pelos meus cabelos. — Você parece assustada.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora