CAPÍTULO II

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Tentei não transpirar, mas foi impossível. Praticamente corri com a chave do poderoso Rogers na mão, apertando o chaveiro da trava desesperadamente para ver qual carro destrancaria. Graças a Deus logo consegui identificá-lo. Dirigir foi mais complicado. O medo de causar mais dano, além dos já causados, me fez dirigir tão rápido quanto uma lesma. Troquei meu carro de vaga com o dele e em seguida corri de volta para o elevador.

Com certeza meu rosto estava corado e meu cabelo em desordem. Passei os dedos para tirar os nós que se formaram pelo contato com o vento tentando organizar aquela bagunça toda. Respirei fundo diversas vezes disfarçando meu nervosismo quando o elevador parava em algum andar. Com três elevadores no prédio parecia que todos resolveram pegar justamente o meu. Por sinal, era o único que ia para o 16º andar.

Quando consegui chegar, a sala estava vazia. Nada de Carol ou Pepper. A porta do Sr. Rogers estava entreaberta, como se me aguardasse. Pela parede de vidro eu podia vê-lo sentado em sua imponente cadeira, localizada atrás da sua imponente mesa de presidente. Tudo nele era desta forma: imponente. Céus! Ele era lindo, mesmo nessa posição tão arrogante. Caminhei até a minha mesa, indecisa sobre o que fazer.

— Srta. Romanoff.

Ouvi sua voz forte e áspera me chamando. Sem parar em minha mesa, como planejava, entrei vagarosamente em sua sala. Apenas o zumbido baixo, quase imperceptível do seu computador, somado ao barulho do meu salto, ecoava no ar. Meu coração martelava no peito com tal força que tive medo que meu chefe pudesse ouvir e por causa disso inventasse mais algum tipo de punição para mim. Estava realmente incomodada pelo que ele fizera. Que bela maneira de dar boas vindas a uma nova funcionária. Era quase o mesmo que jogá-la janela afora.

Fiquei incontáveis minutos parada sem que ele ao menos se dignasse a me olhar. O Sr. Rogers ora analisava um papel a sua frente, ora analisava a tela do seu computador, sem parecer notar a minha presença. Comecei a ficar impaciente. Meus pés doíam, pela corrida e pela posição tão ereta por tantos minutos.

Comecei a olhar ao meu redor, para passar o tempo. A sala realmente era como um aquário. Totalmente feita de vidro. Transparência para todos os lados. Mas pude notar que, apesar dele deixar claro pela arquitetura do local, que tudo ali estaria à vista de todos, havia persianas, recolhidas, prontas para serem utilizadas em algum momento nem tão transparente.

Notei que não existia armário. Apenas móveis decorativos e baixos, como a pequena peça que ficava ao fundo contendo diversos livros. Dois conjuntos de sofás davam à sala a aparência de receptividade. Um longo tapete felpudo na cor crua alimentava a ideia de conforto que a sala transmitia, apesar de toda a sua elegância. Eu deitaria naquele tapete com muita facilidade.

Uma mesa grande com seis cadeiras, também de madeira ficava no extremo contrário ao que o Sr. Rogers estava, contudo, mais próximo a ele, havia outra menor, mais baixa com duas cadeiras e, no centro dela, um jogo de xadrez. Cada peça parecia uma joia de inestimável valor. Eu podia ver o ouro que as esculpia, só não conseguia identificar as pedras que adornavam seus detalhes.

— Quando acabar com a inspeção... – sobressaltei-me com a sua voz. Era uma acusação tão nítida que chegava a ser constrangedora.

— Desculpe-me!

— Não é o suficiente – fiquei espantada com a facilidade com que ele conseguia ser intragável. — A senhorita agora trabalha para um CEO. É importante que esteja atenta a todas as necessidades deste setor. Deve estar sempre à disposição – ele me olhava censurando minha atitude. Eu só estava observando a sala. Será que isso era um crime?

— Sinto muito – eu sentia mesmo. Mas minha vontade era de gritar e dizer a ele o quanto era insuportável. Algumas lágrimas se formaram, contudo lutei bravamente contra elas.

Pleasure | Love (Romanogers)Onde histórias criam vida. Descubra agora