CAPITULO VII

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Peggy tinha acabado com qualquer capacidade minha de manter o equilíbrio.
Tínhamos chegado a um ponto que era impossível recuar. Ou eu a destruía ou ela conseguiria me destruir. Eu não poderia ser fraco. Não podia permitir que ela conseguisse seu objetivo ou toda a minha família seria jogada na lama, junto comigo. "Como pude deixar as coisas chegarem a este ponto?"
Eu sabia que ela não toleraria qualquer deslize meu, apesar disso, mesmo sabendo dos riscos, Natasha não saia da minha cabeça. Ela, o seu vestido branco e batom vermelho, cortesia da minha irmã. Carol não sabia o que estava fazendo. Natasha poderia destruir tudo o que eu tinha conseguido realizar até aquele momento, as custas de muito sofrimento.
Claro que não desejava nada além do que seu rosto rubro, sua pele úmida e seus seios ofegantes. Era sexo apenas, nada mais do que isso. Mas, puta que pariu, era o sexo que eu mais desejava nos últimos, o que? Três anos? Dois? Não sei ao certo. O fato era que Natasha estava mexendo comigo de uma maneira que há muito não acontecia.
Não sei se era porque ela tentava controlar o desejo que sentia por mim, um fato raro, já que as mulheres normalmente diziam logo para o que vinham. Natasha era diferente. Olhava-me com desejo. Ofegava. Sentia a intensidade. Mas recuava. Sempre recuava. Algo dentro dela a alertava que era um erro. Um enorme, porém, delicioso erro.
Talvez fosse melhor aceitar logo um encontro com Bernie. Pelo menos eu teria uma tarde de prazer que me faria esquecer de muitas coisas, mesmo que temporariamente. Bernie era boa de cama, contudo era boa apenas nisso. "Não. Melhor descartar este possível reencontro". Com certeza encontraria alguém em minha agenda que me ajudaria a descartar esta ideia absurda de Natasha em minha vida.
Peggy tinha causado o imenso inconveniente de aparecer quando eu menos queria vê-la. Depois de tudo, ela ainda achava que poderia fazer o que desse na sua cabeça. Acreditou que poderia invadir a minha sala me acusando de cercar a vida dela de sombras. É óbvio que eu precisava investigar. Teria que descobrir o que tinha acontecido realmente e não duvidava nada da sua participação naquela história. Eu ainda podia ouvir a sua ameaça.
"Você não vai conseguir nada, Steve. Eu tenho muito mais provas para destruí-lo do que conseguirá contra mim. Entendeu? Se você avançar um pouco mais, ponho tudo a perder. Sem piedade. E você perde."
Era exatamente o que não podia permitir que acontecesse.
Depois de duas reuniões cansativas, uma com meu advogado e outra com um fornecedor de peças, decidi que seria melhor voltar para a empresa e analisar os contratos que havia solicitado a Srta. Romanoff. Encarar Peggy não era uma opção muito atraente, se bem que, do jeito como a minha cabeça estava, não conseguiria mesmo fazer nada de maneira correta.
O elevador seguiu em seu ritmo lento até a minha sala. Estava tudo escuro, mas eu sabia que mesmo assim, meus passos seriam captados pelas câmeras devidamente posicionadas e espalhadas pelo ambiente. Apenas eu podia ativá-las, assim como somente a minha ordem as desativariam. Era a única forma de garantir a privacidade e a segurança dos meus negócios. Depois do que tinha acontecido, era minha obrigação estar sempre atento aos passos de todas as pessoas que se aproximavam da minha sala.
Preferi não acender as luzes. A penumbra da noite deixava uma claridade agradável no ambiente. Procurei os documentos que solicitei e não os encontrei. "Onde será que ela deixou?" Não me dei ao trabalho de sair procurando. Com certeza Natasha tinha esquecido, na verdade eu nem estava muito empolgado com a ideia de analisar contratos.
Servi-me um pouco de uísque e andei pela sala. Tirei o paletó, folguei a camisa, tudo para me sentir um pouco mais leve. Eu nunca conseguiria. Minha alma era pesada demais para permitir esta sensação.
"Você causou tudo isso, Steve. Seu orgulho e egoísmo o transformaram no monstro que é hoje. Não se preocupe em tentar salvar a sua alma, ela já está perdida há muito tempo".
As palavras de Peggy martelavam em minha cabeça, sem cessar. Minha alma já estava perdida. Com certeza já estava. No entanto, não era motivo para desistir. Ainda havia a obrigação de continuar seguindo em frente, até... Até sabe Deus quando.
Deitei um pouco no sofá, mas levantei logo. O desejo por álcool era mais forte do que o desejo de relaxar. Foi neste instante que ouvi o barulho do elevador. No dia a dia não era possível perceber quando alguém subia à minha sala, mas à noite, quando só havia silêncio, chamar o elevador era o mesmo que ligar um despertador. No mesmo instante fiquei tenso. Quem poderia ser?
Liguei rapidamente o computador e acionei as imagens das câmeras. Consegui iniciar tudo antes que o elevador chegasse ao seu destino. Quando a câmera do elevador me deu a imagem de quem estava indo ao meu encontro fiquei sem reação. Natasha. Mas o que ela fazia ali? Desliguei a tela de maneira brusca, pois logo ela chegaria e a sua luz entregaria a minha presença.
Natasha entrou alheia a tudo ao seu redor. Se eu fosse um ladrão ou um assassino, ela seria uma presa fácil. "Natasha, Natasha, o que faz aqui, a esta hora?". Ela caminhou sem muita pressa e ligou o computador. O que queria? Imediatamente fiquei em alerta. Natasha poderia facilmente ser uma espiã, ou mais, poderia ser alguém implantado por Peggy. Era melhor observar. Ligou a impressora e saiu em direção à copa. Foi quando me viu.
Seus olhos ficaram presos aos meus por segundos incontáveis. Não sei se foi pela surpresa ou pelo fato de ser eu, mas ela ficou nitidamente embaraçada. Eu teria que descobrir de que lado Natasha estava. Minha vida se resumia a isso, descobrir em quem podia e em quem não podia confiar. Não sei por que não fiz isso antes, aliás, sei bem porque não fiz. Peggy sempre conseguia me desestabilizar, tirando o meu foco do que era importante.
Mas eu corrigiria aquele erro. Principalmente porque, com Sharon fora da jogada, precisava de alguém para exercer seu papel. Natasha poderia me ajudar, mas antes seria preciso saber exatamente de que lado da história ela estaria. Seu encantamento por mim me ajudaria muito naquele momento.
Fiz sinal para que ela entrasse. Era importante não demonstrar que eu estava desconfiado do motivo da sua presença ali. Como imaginei, Natasha obedeceu a ordem sem contestar e logo estava a minha frente. Analisei seu rosto procurando pelas informações que precisava para começar a agir.

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