Capítulo Noventa e Dois

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Ele me beijou. Steve Rogers, em meio à tempestade de neve que caía perigosamente do lado de fora, em meio à confusão e transtornos causados por aquela troca de plantas, em meio ao dia extremamente doloroso que sempre era o domingo, me beijou, e o meu mundo perdeu o eixo.

Minha mente, mesmo muito distante, ainda relembrava a última conversa com Bucky e suas palavras que me impulsionaram a estar lá, na casa em que havíamos morado decidida a enfrentar o mundo para estar ao lado do homem que eu amava.

— Faça ele aceitar Bobbi como amante – Bucky falou pela milésima vez, antes que eu finalmente colocasse a peruca, as lentes, a barriga de grávida e caminhasse em direção ao acesso que me levaria para o apartamento da esquina.

— Vou pensar em uma forma de fazer isso. Pode deixar – conferi minha bolsa enquanto passava pelo corredor estreito e entrava na casa de Tony, preocupada com o que poderia ver sem querer. — Tenho que fazê-lo acreditar realmente em nossa separação.

— Você tem apenas um dia, Natasha – suspirei. Eu sabia exatamente o que deveria fazer. Doeria, mas seria breve e rápido e, depois disso, Steve finalmente estaria de volta a minha vida e eu a dele.

— Já está saindo? – Tony nos encontrou antes que eu alcançasse o outro corredor.

— Sim. Tenho pouco tempo. Steve já sabe das plantas trocadas e está me acusando de tentar sabotar o grupo – Tony sorriu sarcasticamente.

— Uma briga de leve é sempre gostosa antes de acertar os pontos – e piscou daquela forma que apenas ele sabia fazer, cafajeste e idiota ao mesmo tempo. — Traga meu irmão para o grupo.

— Só vai depender dele, Tony – conferi os documentos falsos em minha bolsa e a chave do carro que teoricamente pertencia a Marya Konn, minha segunda identidade, a que serviu para me manter invisível aos olhos de Peggy.

— Quebre o coração dele se for necessário, mas traga-o logo para o nosso lado. Ponha um fim nisso – Bucky colocou as mãos em meus ombros me olhando atentamente nos olhos. — Você sabe o que fazer.

— Bucky – pensei duas vezes se deveria mesmo fazer aquele pedido. — Desligue as escutas... Por favor! – ele concordou com um aceno de cabeça, ciente de que tudo o que aconteceria naquela noite deveria pertencer apenas a mim e a Steve.

E assim eu parti no frio, tentando dirigir o mais rápido possível sem colocar a minha vida em risco. Estava muito frio e alguns flocos de neve já brincavam no ar, enfeitando o início da noite. Por precaução, estacionei o carro ainda bem distante da casa. Obviamente, aquele não era o meu carro. Tirei todo o meu disfarce deixando-o escondido em uma pequena maleta. Pelo menos assim eu não despertaria a atenção de Peggy para o nosso encontro.

Do lado de fora estava terrivelmente frio. Muito mais do que eu imaginava. Apertei o casaco em volta do meu corpo e caminhei com a neve já castigando o chão, tomando toda a paisagem e deixando claro que não estava ali para brincar. Apressei o passo, cai, molhei a roupa, mas consegui chegar à porta.

Steve estava estranho, preocupado e não ficou nada feliz em me ver naquele estado. Foi inevitável imaginar como ele reagiria se soubesse que eu estava grávida. Do jeito como ele é superprotetor enlouqueceria apenas com o fato de eu estar no meio daquele frio, toda molhada, arriscando-me a ficar doente.

Enquanto eu aguardava pelo roupão, pensei em como o faria acreditar que passar aquela noite ali não era a minha vontade, mas, por força do destino, não havia outra solução. Eu sabia que precisava magoá-lo, desta vez muito mais do que das outras. Arrumar uma forma de fazê-lo seguir Bobbi e entrar naquele apartamento. Só assim tiraríamos Peggy do nosso encalço.

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