Capítulo 3 - Crueldade.

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ㅤㅤAs conversas da noite passada deixaram Gabriel bem mais alegre em relação à si mesmo, afinal descobriu que sua amiga assim como ele, não era tão boa no que deveria ser. De acordo com suas próprias palavras, só conseguia fazer magias pequenas e insignificantes comparada à outros magos. Se sentiu menos solitário com isso, mas aonde eles estavam agora? Dentro do reino, comendo algumas guloseimas com algumas barracas ao redor deles, de todos os tipos de diversidades, aquilo era um evento chamado de "Convenção dos Povos".
ㅤㅤInúmeros povos se reuniam com os dragões para celebrar e trazer todo tipo de iguarias e as mais diversas coisas, comidas, espetáculos e tudo que se possa imaginar. O mais comum de se ver por lá eram magos e humanos, mas outras raças também apareciam por lá, algumas bem exóticas; lobisomens, em sua forma humana claro, vampiros usando de mantas tão escuras como a noite e por aí se vai.

ㅤㅤ" O que será que eu deveria fazer agora? Não é todo dia que eu venho para a convenção, Maria também parece não saber. . . " - Gabriel pensou enquanto olhava ao redor, até que fitou uma espécie de tenda, seus lençóis eram um púrpura bem vivo, quando mais mantinha o contato visual, mais tonto acabaria ficando, até que recebeu um tapinha no ombro vindo de Maria.
ㅤㅤ- Gabriel, o que aconteceu? Você ficou esquisito do nada. - Ela ficou preocupada, afinal ele ficou parado por uns segundos como se tivesse visto um fantasma.
ㅤㅤ- H-hm? Não, é que eu achei aquela tenda muito interessante. . . Eu vou lá, pode ir pegando outra coisa para comer. - Deixou Maria ali se divertindo e comprando coisas com seu próprio dinheiro real, enquanto se dirigia até a tenda. Quanto mais próximo ficava de lá, parecia que tudo ao seu redor ficava sombrio e sem vida, talvez fosse impressão ou alucinações de sua cabeça? Por um momento ele cogitou, mas para não perder as forças entrou com tudo lá. As cortinas pela qual entrou se fecharam sozinhas e quando olhou melhor o interior, tinha uma escuridão absoluta e dela; surgiram duas mãos.
ㅤㅤPareciam que estavam em decomposição, com as unhas todas quebradas e parecia que tinham fungos, as mãos. . . Desgastadas e cheias de castigo. Uma voz, esganiçada e sem vida, se originou dali.

ㅤㅤ- M-meu príncipe. . . Finalmente estou vendo seu rosto, após tantos anos. - Gabriel se estremeceu todo após ouvir aquilo, aquele ser já tinha o visto antes? Quando? - Venha, deixe eu ler seu futuro! - Mesmo com medo e com seus instintos o mandando sair dali o mais rápido possível, uma força maior o fez se aproximar e se sentar em uma cadeira à frente daquelas mãos, e então apoiou a sua na mesa, esperando o fenômeno acontecer, ninguém nunca leu seu futuro.
ㅤㅤTomou um susto abrupto, logo quando as mãos agarram seu pulso, e então aquela coisa começou a passar seu dedo podre entre as linhas das mãos de Gabriel, ele parecia estar em transe, até que percebeu um sorriso perturbador e reluzente saindo das sombras, juntamente de um rosto, agora que percebeu que era um senhor de idade muito avançada, com orelhas de elfo, mas pareciam que ia cair, com certeza não eram de verdade.

ㅤㅤ- Seu futuro. . . É cheio de tragédia, dor e grandiosidade. . . Meu príncipe, você vai passar por algo terrível! - Após dar a notícia, aquele senhor começou a gargalhar de forma sinistra, sem parar, sem parar, sem parar. Isso foi o bastante para assustar Gabriel, tal qual saiu correndo dali o mais rápido que pode, reconheceu que nunca deveria ter entrado ali.
" O que foi isso? Tragédia, dor? O que ele quis dizer com aquilo? Eu tô sentindo. . . Medo? " - Gabriel novamente pensou consigo mesmo, seus cabelos antes negros, ficaram em uma coloração mais acinzentada, com algumas mechas roxas, e finalmente gelou após sentir uma mão áspera em seu ombro, achando que era o senhor da tenda querendo o levar, se posicionou e deu um soco, que seu mestre ensinara a ele tempos atrás.
ㅤㅤSeu punho foi agarrado de uma forma serena, era seu mestre, ele mantinha os olhos fechados enquanto sentia que o príncipe estava cheio de pavor, então decidiu o acompanhar até o dojô. - Vamos majestade, você precisa de um pouco de chá. - Sua voz tranquilizou um pouco o garoto, que deixou até mesmo sua cauda sair para fora junto de seus chifres azuis.
ㅤㅤAo chegarem, Gabriel em sinal de respeito se sentou em um tapete enquanto seu mestre se sentava à sua frente e lhe servia um chá, era de alecrim, seu favorito. Então, o garoto tomou sem demorar nada, estava ofegante como se tivesse acabado de sair de um pesadelo horrível.

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