capítulo 90

1.4K 141 10
                                    

Pov: Jade Picon

Passei a tarde tão entretida na faxina que não vi o tempo passar. Nina e Gaigher chegaram com as compras, Duda e Poloni voltaram do aeroporto e enquanto o Tuim e o Patrick não chegaram eu resolvi ir tomar logo um banho. Depois de limpar cada canto dessa casa eu estava exausta e me sentindo suja.

— E o Marc ? Saudades dele. — Duda perguntou se sentando na minha cama.

— Marc foi fazer intercâmbio no Canadá semana passada. — Respondi tirando a roupa e indo até o banheiro do meu quarto.

Peguei os meus produtos da Eudora, os quais eu sou embaixadora, e resolvi lavar o cabelo já que ele estava oleoso. Coloquei para tomar um banho frio e enquanto fazia cada processo da hidratação no cabelo escutava um som alto dos meninos na sala com a música do L7. Demorei um pouco e assim que acabei voltei enrolada na toalha para o meu quarto.

— Só toma banho direito aos sábados, nos outros dias é banho de gato. — Nina falou e eu dei língua para ela.

— Me respeita!

  Abri meu closet e procurei alguma roupa fresca para vestir. Não quero nada arrumado até porque não vou sair e nem muito fechado porque hoje está fazendo um calor absurdo aqui em São Paulo. No final das contas eu peguei um vestido qualquer que vi pela frente, ele é leve e azul bebê. Vesti e fui pentear o cabelo optando por deixar molhado para que seque naturalmente.

— Vocês já pediram comida ? — Perguntei para Nina e Duda que estavam deitadas na minha cama.

— Os meninos disseram que estão esperando o Patrick vir. 

— Patrick disse que vai trazer um amigo dele. — Falei borrifando algumas gotas de perfume no pescoço.

— Se for aquele Dennis ele pode dar meia volta e ir para casa. — Nina disse e quando eu ia responder a porta se abriu com o Gaigher entrando.

— Sim, pinguelo de borboleta. O Dennis já te fez algo para você odiar o menino ? — Gaigher perguntou pegando o perfume da minha mão e passando nele.

— Não, tampa de binga. Mas eu tenho o direito de não ir com a cara dele.

— Vocês dois e esses apelidos cheios de amor. Não sei qual é o amigo mas se for o Dennis eu vou é rir, agora bora para sala.

  Abri a porta do quarto e esperei todo mundo sair e fui logo atrás. Poloni e Duda já estavam no sofá agarrados, eles no mesmo ambiente não se desgrudam mais, então me sentei no outro sofá e peguei meu celular para fazermos o pedido.

— Vou pedir logo porque enquanto Patrick não chega já vão adiantando e eu estou morrendo de fome. — Falei e liguei para o restaurante que é um dos meus favoritos aqui em São Paulo.

— Aproveitar que estamos juntos aqui e o natal e ano novo vão fazer o quê ? — Tuim perguntou.

— Natal vou passar com a família e ano novo quero passar no Nordeste mas não me programei. — Respondi.

— Bem que a gente podia passar todo mundo junto né ? — Gaigher perguntou se jogando no tapete da sala.

— A gente pode alugar uma casa na praia e rachar o valor. — Poloni deu uma sujestão.

— Rachar o valor com uma milionária entre nós ? Eu não dou um centavo. — Tuim falou fazendo os outros rirem.

— Então fique em Vila Velha com suas queridas.

— Você não supera né ?! — Ele perguntou e eu dei dedo para ele e escutamos a campainha tocar. — Vai lá abrir a porta empregada.

— Tuim eu tô a um passo de mandar você se foder hoje enchendo minha paciência.

Levantei reclamando e quando abri a porta de vez me deparei com o que parecia alusão da realidade. Pisquei algumas vezes, senti meu coração começar a acelerar e eu quase tive certeza de que sairia do peito, minhas mãos soavam frio e eu falava comigo mesmo em pensamento: não pode ser.

— Jade! Ei! — Escutei o Patrick falar e o vi estralar os dedos na minha frente. Desviei o olhar para ele e realmente aquilo não era delírio. Paulo André esta na minha frente.

— Entrem! — Não sabia como agir e tudo o que eu fiz foi dar espaço para que entrassem.

Paulo André me olhava e não fazia questão de esconder isso. Sua aparência permanecia a mesma porém estava mais forte e por um momento incontrolável eu o analisei de cima a baixo até meu olhar encontrar o seu. Fiz um exercício rápido mentalmente porque não queria deixar transparecer que isso mexeu comigo.

— Oi! — Ele falou com sua voz forte e rouca.

— Oi. — O cumprimentei de volta e tentei ser o máximo educada.

— Paulo André eu vou te matar por não contar para gente que você tinha voltado. — Nina correu nos tirando do transe e o abraçou.

Os dois se abraçaram por um bom tempo enquanto os meninos começaram uma espécie de sermão generalizado pelo sumiço dele e por não ter avisado que estava de volta ao Brasil. Fiquei observando a cena dele abraçar um por um e mesmo que estivessem com raiva do PA, parece que tudo sumiu quando ele passou por aquela porta. Eles sentiam falta do Paulo André, eu sentia falta dele. Ver aquilo fez com que eu sentissem meus olhos começarem a marejar então rapidamente eu entrei na cozinha da minha casa.

— Não vou chorar! Não vou chorar! Não vou chorar! — Falei rápido e peguei um copo com água bebendo um gole. — Isso já passou, não tem porque me sentir assim novamente.

  Falei comigo mesmo porque sempre tento me auto convencer daquilo que preciso acreditar para não me desestabilizar. Bebi toda a água e coloquei o copo na pia, quis voltar antes que alguém sentisse minha falta mas a Nina logo entrou me olhando e antes que ela pudesse verbalizar alguma coisa eu falei.

— Tá tudo bem, só vim pegar um copo de água por causa do susto mas tá tudo tranquilo. — Forcei o sorriso máximo que eu consegui e saí de lá para que não houvessem mais perguntas.

— Mas e a Thays e o Peazinho ? — Duda perguntou.

— Vieram também. Não iria deixar eles lá e vir sozinho. — Ele explicou e me parecia estar cansado.

— Psiu! — Patrick falou baixo e encostou a cabeça no meu ombro. — Foi mal não ter dito quem era o amigo.

— Tudo bem. Eu vou deixar para te matar depois porque hoje eu estou muito cansada. — Falei no mesmo tom que ele e escutei sua risada.

  — E o lance lá com a Yasmin ? — Voltei a prestar atenção na conversa quando o Tuim começou a perguntar.

— Longa história. Ainda tem problema rolando mas depois a gente fala sobre isso.

— A comida chegou! — Poloni falou comemorando e foi abrir a porta para pegar.

— Vou pegar os copos. — Falei indo para cozinha.

  Peguei uma bandeja e coloquei os copos, quando me virei para voltar para a sala me assustei com o PA parado na porta.

— Que susto! — Falei colocando a bandeja de volta na mesa.

— Foi mal. — Falou coçando a nuca e decifrei que ele estava sem jeito.

  Nos olhamos por alguns minutos e eu odeio o meu coração por bater tão rápido todas as vezes que o meu olhar cruza o dele desde que ele apareceu lá na sala.

— Como você está ?

— Eu tô bem, e você ? — Perguntei observando um sorriso mínimo surgir em seu rosto.

— Definitivamente melhor depois que voltei.

— Que bom. Fico feliz por você!

  Foi tudo o que eu disse e novamente peguei a bandeja indo para sala sentindo ele vir atrás de mim. Coloquei os copos na mesinha do centro e me sentei no tapete perto da Nina.

— Comida e fofocas da vida do PA. A noite não poderia ser melhor. — Duda comemorou e demos risada.

In Your Eyes - Jadré Onde histórias criam vida. Descubra agora