Capítulo 152

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Pov: Paulo André

O plano inicial era uma viagem para a gente aproveitar juntos antes da chegada da nossa filha, e agora está finalizando com os dois brigados e distantes. Ao mesmo tempo que eu sei que vacilei, eu não soube me expressar e acho que acabei piorando as coisas. Eu e a Jade de fato nos entendemos muito bem, mas todas as vezes que rola um desentendimento independente do motivo é bastante ruim de lidar.

Ontem não dormimos no mesmo cômodo, mais uma vez, fiquei na sala e ela dormiu no quarto. Vez ou outra eu levantava para ver se ela tava bem, se precisava de alguma coisa mas ela se mantinha na dela. E desde que acordamos hoje a Jade evitou olhar no meu rosto e só estamos nos falando quando é necessário já que estamos voltando para casa.

— Tá tudo bem? — Perguntei após  atravessarmos Mykonos de barco para poder ir para o aeroporto.

— Tudo. — Respondeu simples mas sabia que ela tinha enjoado quando vi seu rosto vermelho.

Chegamos no aeroporto, passamos por todo o processo de esperar, checar tudo e aguardar o horário do vôo sem trocar uma palavra e aquilo estava me sufocando. Quando deu a hora de embarcar, esperei ela entrar no avião e fui logo em seguida.

Sentei na poltrona perto da dela, observei ela tomar aquele mesmo comprimido e  depois colocar o tapa olho. A viagem vai ser longa, não pegamos vôo direto para o Brasil, ainda tem mais uma parada e depois outro vôo. Praticamente um dia inteiro dentro de avião.

Aproveitei o momento para poder tentar descansar meu físico por mais que a minha cabeça esteja martelando.

[...]

📍Rio de janeiro, Brasil
14:12 pm

Chegamos no aeroporto do Rio de Janeiro agora a pouco, e a primeira coisa que eu enxergo são os nossos amigos nos esperando empolgados.

— Que saudade!! — Nina gritou entusiasmada e abraçou a Jade.

Patrick veio até mim me abraçando mas eu não estava no clima, tava com a cara fechada e não fazia questão de esconder.

— ih, o que rolou? — Perguntou e eu neguei querendo não entrar no assunto.

Abracei a Nina que provavelmente me cumprimentou de boa porque não sabe do que aconteceu.

Entramos no carro do Patrick, e a Nina e a Jade estavam entretidas em uma conversa sobre o enxoval da Clara.

— Teve em Vix esses dias? — Perguntei ao Patrick.

— Que nada, fiquei com a Nina aqui no Rio esses dias que nem em São Paulo fomos. — Falou. — Peazinho vem hoje ainda né?

— Vem, Thays vai trazer mais tarde.

— Sim, me contem... — Nina interrompeu. — Como foi tudo? Aproveitaram bastante?

— E como aproveitamos, cada segundinho. — Jade falou com pura ironia e deboche.

Continuei calado enquanto as duas conversavam. Algumas vezes o Patrick me olhava desconfiado de relance e eu disfarçava.

— Vamos deixar vocês descansarem mas depois temos que marcar uma reunião para acertar algumas coisas de trabalho. — Nina disse assim que o carro parou na porta de casa.

— Tá bom, falo com você no Whatsapp mais tarde.

Descemos do carro, peguei as nossas malas enquanto ela abriu a porta de casa. Jade passou ligeiro subindo as escadas indo direto para o quarto.

Deixei as malas no canto da casa e subi também, precisava colocar o celular para carregar para poder ligar para os meus pais e  saber do Peazinho.

Me sentei no chão do quarto perto da tomada, e escutei o chuveiro ligado no banheiro. Fiquei ali uns vinte minutos conversando com a minha mãe e desviando de todos os assuntos relacionados a Jade que ela entrava.

Até que a Jade passou para o quarto vestida com uma calça e uma blusa.

— Você vai sair? — Perguntei quando percebi que não vestiu sua farda de ficar em casa.

— Marquei consulta com a obstetra para ainda hoje.

— Eu posso ir? Eu te levo. — Ela deu de ombros e eu encarei isso como um sim.

Rapidamente entrei no banheiro, tomei um banho e vesti a primeira roupa do closet que vi pela frente. Jade já me esperava na sala com sua bolsa e os documentos na mão.

Abri a porta do carro para que ela entrasse, e me sentei no banco do motorista.

— Eu entendo que não quer conversar, respeito sua decisão. Mas quando for relacionado a Clara, me avisa. Não fica escondendo as coisas. — Pedi.

Ela não me respondeu nada, e assim fomos o caminho inteiro. Chegamos no consultório e ela só faltou pular do carro, o que me deixa sem saber se é enjôo da gravidez ou enjôo da minha presença.

Não ficamos na sala de espera, como era horário marcado depois de entregar os documentos direitinho, já entramos na sala.

— Fiquei aqui preocupadíssima com a sua mensagem na Grécia, o que nos salvou foi o remédio. — A doutora falou e eu fiquei observando.

— Também fiquei, sei que as vezes é paranóia da minha cabeça mas não senti tanto ela mexer. Ela geralmente faz uma festa na minha barriga...

A doutora fez um milhão de perguntas, puxou a orelha da Jade sobre não estar se alimentando no horário devido e proibiu alguns exercícios físicos por causa do sangramento que a Jade teve.

Ela se deitou na maca para fazer ultrassom e da telinha dava pra ver o corpinho da minha filha já formado. É quando cai a ficha de que falta muito pouco para ela chegar.

— Tá tudo bem com ela, está vendo? — A doutora perguntou mostrando a Jade e ela começou a chorar e eu sabia que era de alívio.

O melhor som da vida invadiu a sala quando a doutora colocou para escutarmos as batidas do coração de Clara. Inevitável não sorrir.

— Você vai precisar voltar aqui mais vezes porque vamos fazer reposição de ferro, vou prescrever umas novas vitaminas e eu preciso que você tome corretamente. E Paulo André, ajuda essa mulher a comer na hora certa, por favor! — A Dra pediu e eu afirmei.

— Fora isso, tudo certo com ela? — Jade perguntou mais uma vez.

— Sua filha está fora de perigo, está saudável e precisando que você se cuide mais e evite qualquer estresse.

Esperamos a médica passar a receita dos remédios que a Jade vai precisar tomar e fomos no carro.

— Passar para comprar seus remédios e depois vou passar para pegar o Peazinho com a Thays. Tudo bem?  — Perguntei enquanto dirigia.

— Uhum.

E assim eu fiz, comprei todos os remédios e alguns chocolates para ela e depois passei para pegar meu filho.

— Saudades demais de você, sabia? — Perguntei enchendo ele de beijos.

Saudade papai. Cadê titia Zadi?

— Tá dentro do carro, bora pra casa?

Ele abraçou a mãe, pegou as coisas dele, cumprimentei a Thays rápido e voltei novamente para o carro.

Titia! — Gritou quando coloquei ele no carro.

— Oi, amor. Tava com saudade de você.

Os dois foram o caminho inteiro em uma conversa entretidos que não tive a coragem de me meter. Peazinho saiu contanto tudo, até às fofocas da mãe e a Jade escutava tudo como uma boa fofoqueira.

Chegamos em casa ao entardecer e eu fui direto com o Peazinho brincar no quarto dele e passar um tempo só nosso.

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É né...

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