Jade Picon
Eu namoro um Golden Retriever, simpático, que faz amizades fácil e trata todo mundo muito bem. Eu acho ótimo essas qualidades que norteiam seu caráter, mas nem sempre.
Conhecemos um casal dono do restaurante que viemos e eles são super amigáveis e resolveram passar a tarde conosco. O que pra mim foi ótimo, era bom estar na companhia de pessoas diferentes.
Só que o Paulo André começou a beber e nós sabemos que isso nunca acontece. Não quis ser chata, até porque é legal que ele possa experimentar de novas coisas, estamos na Grécia. Mas era cachaça forte atrás de cachaça que a Luísa fingia ser apenas um drink.
Assim que começou a entardecer os enjôos começaram a aumentar, provavelmente pelo cheiro forte de álcool misturado com chiclete e o PA fedia a bebida. Eu ignorei todas as vezes que Luisa deu em cima do André descaradamente porque estava preocupada em controlar o meu enjôo e não colocar tudo pra fora.
O mal estar começou a piorar e eu segurando o braço do André implorando para que ele entendesse que eu não estava legal. Tentativa falha. Ele está tão bêbado que nem percebe absolutamente nada, e então eu resolvo verbalizar.
Levantei dizendo que já estava na nossa hora, eu não estou legal, o André já bebeu demais e precisamos voltar. Mas a maldita da Luísa inventa de sugerir que a gente durma na casa dela (?)
Sei que somos pessoas públicas, sei que eles já nos viram pela mídia e mesmo assim sair convidando os outros para sua própria casa no primeiro dia me soa estranho.
- Nós não vamos. Eu realmente preciso ir para casa, não tô bem. - Umas dores surgiram no pé da minha barriga.
- Só mais um pouco. - Paulo André pediu e eu quis voar em seu pescoço.
O casal que estava visivelmente vendo o estado do André e o meu próprio estado, não se moveram do lugar. Só colocavam mais pilha para que ficassemos.
Quando eu percebi que a minha palavra não estava valendo de nada ali, eu saí dizendo que ia ao banheiro.
O primeiro garçom que encontrei no caminho eu agradeci mentalmente por saber falar em inglês, pedi que ele me ajudasse que precisava de um táxi para conseguir ir para casa com o meu namorado completamente bêbado.
- Thank you! - Agradeci e dei umas gorjetas para o rapaz que me ajudou encontrando um carro.
Saí de dentro do restaurante e procurei a nossa mesa. O cheiro da cachaça de chiclete me causaria menos náusea do que ver a Luísa se jogando no colo do PA enquanto o marido dela dava risada.
- Vamos, Paulo André. - Falei irritada sem querer olhar na cara desses dois.
Ele levantou do lugar quase cambaleando e eu comecei a sentir raiva dele na mesma hora. Engoli todo o meu estresse para não surtar na frente desses dois, e segurei o braço do André só para que ele pudesse ter um apoio.
- Foi ótimo ter conhecido vocês, pena que por conta da Jade não podemos continuar nossa brincadeira. - Luisa falou.
- Eu já não posso dizer o mesmo, vocês são completamente sem noção.
Puxei o André dali e encontrei o carro me esperando na porta do restaurante. Até eu conseguir colocar o André que não queria entrar no carro de jeito nenhum, demorou horas.
Paulo André falava mil coisas e eu tentava não dar atenção para não me estressar além do que eu deveria.
O carro parou na frente da casa em menos de dez minutos, agradeci e o André saiu tropeçando nas próprias pernas. Abri a porta de casa e ele passou.
- Não sei que merda tem na cabeça de não ter o costume de beber e cair na pilha daquela mulher. Agora sobra pra quem? - Perguntei mais como um desabafo. - De hoje que tô pedindo para você parar.
- Eu quero curtir, vamos aproveitar! - Falou animado e veio pra cima de mim.
- SAI, PAULO ANDRÉ. - Gritei com raiva e ele deu dois passos pra trás.
O mau estar que até então estava indo e voltando se intensificou. Me lembrei que eu não posso de forma alguma me estressar, fazer esforço demais mas dentre as últimas horas foi tudo o que eu fiz.
- A Luisa queria aproveitar e você não deixou. - Falou embolado e a minha mão agarrou certinho no rosto dele.
Só escutei o tapa estralado descontando a raiva que em mim pairava. Nunca fomos disso, mas o momento me pedia por isso e assim eu fiz.
Deixei ele na sala sem escutar qualquer coisa que tentasse me falar. Sentei na cama e desabei. Chorei por estar com as emoções afloradas e por estar com raiva. Até com raiva eu choro.
Respirei fundo algumas vezes na tentativa de controlar a minha respiração e o nervosismo que apareceu. Fiquei uns dez minutos parada sentada na cama olhando para o teto tentando me recuperar.
Escutei um barulho forte na porta e vi o Paulo André se bater e entrar sem camisa. De tudo nessa gravidez, torci muito para não pegar abuso da cara do meu próprio namorado mas depois de hoje não tenho tanta certeza assim...
Levantei e o chamei até o banheiro do quarto. Mesmo rodopiando ele chegou, liguei o chuveiro e só o empurrei com dificuldade pra debaixo da água.
Me sentei na tampa da privada esperando que a água trouxesse pelo menos um por cento da sua sanidade de volta. Depois do tapa que eu dei ele não ousou falar mais nada e eu prefiro assim.
Quando percebi que ele já estava quase dormindo ali, me levantei e estendi a mão para que ele segurasse. Não é fácil ter que servir de apoio grávida para um homem de quase dois metros.
Peguei umas bermuda dele dentro da mala joguei para que ele vestisse e esperei ele terminar. Quando ele deitou na cama segurou o meu pulso e eu o encarei.
- Fica aqui. - Pediu.
Soltei sua mão do meu pulso devagar, peguei dois travesseiros, um cobertor e fui para sala.
- Maldita hora que eu inventei essa viagem. - Falei sozinha.
Me ajustei no sofá e só decidi dormir aqui porque é confortável e eu não vou suportar dormir com o Paulo André. Coloquei uma música no meu fone de ouvido na tentativa de me desligar dos próprios pensamentos.
Até que o enjôo veio com tudo e eu levantei rápido até o vaso colocando tudo o que eu comi hoje para fora. Enquanto o Paulo André dormia, minha madrugada se resumiu em enjôo, vômito e muita, mas muita cólica.
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Certa vez, um filósofo contemporâneo disse que que Nada é para sempre, e não acreditar foi o meu erro.
😕
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In Your Eyes - Jadré
Fanfiction[...] Eu tentei encontrar amor em outra pessoa vezes demais Mas eu espero que você saiba que eu falo sério quando eu digo que você é a única que estava em minha mente..