[...] Eu tentei encontrar amor em
outra pessoa vezes demais
Mas eu espero que você saiba
que eu falo sério quando eu digo que
você é a única que estava em minha mente..
Chegou o dia da mudança e eu estava me sentindo tão cansada fisicamente que não conseguia explicar. Eu só queria continuar dormindo, mas infelizmente tive que levantar.
Agora de manhã o André foi treinar cedinho e eu fui tomar café da manhã com a minha mãe na cafeteria aqui perto, já que a minha casa se resumia em caixas e mais malas.
- Você está com um rostinho abatido, filha.
- Só estou bem cansada, mãe. Essa mudança tem me deixado exausta.
- Porque não me chamou para ajudar? Eu poderia ter feito isso com você para não ficar tão pesado.
- O André me ajudou e ainda me aguentou completamente estressada com ele. Nina também apareceu para dar uma forcinha.
- Meu genro é um menino de ouro. - Falou sorrindo. - Me lembro de você criança dizendo que não se casaria jamais, e quando adolescente você me disse que não aguentaria alguém por muito tempo.
- Minha vida cheia de contradições.
- Fico feliz que esteja formando a sua família, sinal de que a minha menininha que pintava e bordava em casa, inclusive colocando fogo na cozinha, cresceu. - Se em todos os nossos encontros minha mãe não ficar nostálgica, não é ela.
- Sinto falta daquele tempo, por mais que eu não tenha muitas memórias guardadas. Faz parte de quem sou e da minha história.
- Por isso, eu trouxe uma lembrancinha para a sua nova casa. Essa foto aqui é toda sua. - Minha mãe me entrou uma caixinha com um porta retrato dentro.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Essa foto me causou tantas emoções que eu não consigo dizer em palavras o quanto eu os amo. Quandyne deparei já estava chorando feito uma criança.
- Obrigada, mãe. - Levantei indo abraça-la.
- Quero que você seja feliz, Jade. Que Deus abençoe sua nova família, o que vocês tem construído juntos será valioso e eu não estou falando de bens materiais.
Pela minha tpm atacada, eu chorei mais do que o costume. Saí da cafeteria e ainda assim me debrucei em lágrimas dentro do carro olhando aquela foto.
Nunca tive problema com recomeços, muito menos com mudança. Aprendi a lidar com isso desde cedo desde que os meus pais se separaram, sempre me intitulei muito forte, afinal lidar com o ódio gratuito por ser uma pessoa pública desde os 13 anos de idade também não foi nada fácil.
O que eu quero dizer é que cada pedacinho da nossa história molda nosso caráter, molda quem somos. Essa foto da minha família representa a minha primeira essência, a que eu não quero jamais esquecer. Independente das consequências ruins que eu tive que vivenciar ao longo dos anos, eu continuo ser a Jade com as melhores versões de mim.
Assim que me acalmei dirigi até o apartamento, pelo horário o rapaz do carro de mudanças já deveria ter chegado. Paulo André quis contratar um já que não daria para levarmos tudo dentro do carro.
Quando cheguei o André já estava colocando as coisas com o rapaz do lado de fora. Eu subi para dar uma última conferida e ver se não tinha esquecido de mais nada.
Nós decidimos manter o apartamento aqui, quero viver algo novo no Rio de Janeiro mas sei que muitos trabalhos ocorrem aqui. Então não faria sentido me desfazer se irei precisar retornar algumas vezes.
- Tudo pronto. Vamos? - PA perguntou e eu concordei.
Fechei o apartamento, me despedi do porteiro com um até logo e fomos para o carro. Antes eu gostava de viajar de carro mas só de pensar nas horas que vão demorar já me embrulha o estômago.
- Duda conseguiu pegar a chave?
- Sim, sim. Dizendo ela que está tudo lindo.
Eduarda se ofereceu a levar alguém para fazer a limpeza para quando chegarmos não precisar de tanto para ser feito.
- Coloca a nossa playlist. - Pediu e eu conectei meu Spotify. - Aproveita e descansa um pouco, você mau dormiu essa noite.
E foi verdade. Se eu não acordava para ir ao banheiro, eu ficava me remexendo na cama porque toda posição era desconfortável. O que mais uma vez sobrou para o Paulo André, que automaticamente não dormiu direito.
- Amor, você me ama mesmo quando eu estou muito chata com você? - Perguntei e ele deu uma risada enquanto dirigia.
- Tem hora que a vontade de mandar você ir se foder é grande. - Respondeu sério e eu gargalhei. - Mas não deixo de te amar mesmo quando seu humor não está um dos melhores.
- Eu vou melhorar, prometo.
- Não precisa me prometer, nena. Tem momentos que não estamos bem e tá tudo certo. Não tô aqui pra te cobrar perfeição o tempo inteiro. - Coisas que me fazem ter certeza de ele é a minha melhor escolha. - Só vai repensando na questão do meu óleo corporal, ficar sem não dá.
O caminho inteiro foi intercalado em conversas, principalmente da vida dos outros. Paulo André é um fofoqueiro de primeira, se bobear sabe mais coisa do que eu.
Não consegui dormir de forma alguma. Eu estava agoniada por estar no carro, o calor estava me incomodando e o movimento estava me deixando com tontura.
- Para o carro um pouquinho, amor. - Pedi e ele subiu o carro para parar no posto de gasolina.
- Eu tava indo muito rápido?
- Não. Eu que tô enjoando com o movimento, e também tá um calor do caralho. - Falei me abanando com as mãos.
- Tem Dramin que a minha mãe deixa aí no carro, melhor você tomar um.
Abri a pochete dele que fica jogada dentro do carro, peguei o remédio e tomei fazendo careta.
- Se quiser a gente espera para fazer efeito.
- Não! - Respondi de imediato - A gente já está perto, quero chegar logo.
Ele puxou a minha mão entrelaçando na sua e começou a dirigir novamente. E dessa vez foi melhor, consegui relaxar e até dormir mais um pouquinho.
