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Capítulo sessenta e três: o purgatório.
Por: Meredith Grey.
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Porque jamais esquecerei, e ela me comove, vossa estimada e boa imagem paterna, quando no mundo, uma vez por outra, me ensináveis como o homem se torna eterno.
A divina comédia - Dante Alighieri.
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Que dor, por que ainda doía tanto se eu estava morta? Talvez eu não tenha merecido o paraíso e esse seja meu purgatório, então Dante estava certo, que trágico, morrer tão jovem e não conquistar o paraíso, mas afinal o que eu fiz para merece-lo? Nada! Então terei que suportar a dor, só lamentava que no purgatório não teria Andrew, lamentava por mim que não havia pior castigo que esse, mas ficava feliz por que ele estava vivo, talvez levasse um tempo, mas, ele ia recuperar e seguir em frente.
- Não somos um amor para recordar e sim um amor para viver! Ouviu? Nada de recordações... Nada de desistir, por favor!
Andrew? Olhei em volta, mas não o via em lugar algum, mas não via nada, só ouvia, estava tudo escuro, talvez o purgatório não fosse tão horrível se meu castigo fosse ser assombrada por Andrew, tentei outra vez o encontrar, mas foi em vão.
- você me atormentou, me provocou, me fez gostar de você... - sua voz era sofrida - ... Te admirar ... Te amar, caramba, eu não queria amar ninguém agora... Estava tudo bem na minha vida de baladas, mas você invadiu ela e me fez não ver mais graça nela... Não posso voltar, não quero, não mesmo, eu quero você minha linda sabichona... Meu amor por favor.... Eu só preciso saber que está bem.
Droga! Fala alguma coisa, mas não conseguia, também não conseguia me mover, odeio o purgatório, que castigo horrível, ouvir Andrew, mas não poder lhe ver ou lhe tocar, quem inventou esse tipo de castigo está de parabéns, é horrível mesmo.
- eu te amo - acho que nunca doeu tanto ouvir isso, lembrei do filme um amor para recordar, será que no purgatório era permitido ser irônico?
- Eu te disse ... para não se ... apaixonar por mim.
- roubando falas? ... eu te odeio um pouco hoje.
Ainda não conseguia ver ele, mas acho que esse era o castigo apenas o ouvir, apenas ter aquela voz me perseguindo.
- desculpa - respondi rindo, não sabia se estava me desculpando por roubar a fala ou por ter morrido.
- odeio por me fazer te querer tanto... Odeio que eu não seja mais capaz de estar sem você... Odeio esse medo que senti.
- eu... Te amo... - falei.
Senti a dor voltar, meu peito queimando como se tivesse brasa, minha garganta queimava também, era horrível.
- shiii, calma, descansa, tá tudo bem amor... Agora está tudo bem - o alívio durou um segundo quando senti o calor em meu labios.
Senti a dor diminuir aos poucos, foi quase gratificante, mas agora eu não ouvia Andrew, preferia a dor e ouvir sua voz, preferia qualquer coisa a perder Andrew para sempre.
POR QUE EU TIVE QUE MORRER?
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Por: Andrew DeLuca.
Sai do quarto com urgência e avisei que Meredith estava reagindo, mas quando voltei ela só estava tremendo, a enfermeira saiu e voltou com uma medicação, esperei ela sair e me aproximei de Meredith e beijei seus lábios.