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Capítulo cinco: dias nebulosos e a tortura da pena dele.
Por: Meredith Grey.
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"Todos somos responsáveis de tudo, perante todos.Fiódor Dostoiévski."
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Mais uma segunda, mais um dia para viver, mais uma tentativa de sobreviver, sentei na mesma cadeira de todos os dias para a aula de Edmund que era a última do dia, observei aos poucos a sala ficar cheia, o último a entrar foi DeLuca que me deu um olhar superior, ignorei ele deixando minha atenção em Edmund que já começava a falar, estávamos estudando Tolstói, era um dos meu autores favoritos, então ouvir era fácil, quando ele nos deu a oportunidade de falar permaneci em silêncio, todos foram dando sua opinião até o riquinho, mas eu fiquei em silêncio, hoje não era um bom dia para falar, hoje não era um bom dia pra nada na verdade, se eu não precisasse muito estar na faculdade nem teria saído da cama.
- senhorita Grey? - Edmund chamou.
- sim?
- não deseja falar? - ok! Eu sabia que sempre dava minha opinião, mas o modo que ele me olhou me deixou sem jeito, parecia até uma afronta a ele eu não ter levantado a mão, teria rido da sua expressão desconfiada, mas meu humor não estava ajudando também.
- na verdade não professor... - me limitei a resposta.
- ok! Senhor DeLuca?
Ele não perdeu a oportunidade e começou a dissertar sobre o assunto com facilidade, concordava com seu ponto de vista, mas ainda sim permaneci calada, antes no final da aula Edmund pediu nossos projetos, entreguei o nosso e DeLuca o deles, nosso professor nos olhou por um tempo e falou por fim.
- amanhã digo o que achei... Podem ir... Grey, quero falar com você.
- sim senhor - continuei sentada em minha cadeira enquanto ele tirava as dúvidas de outros alunos, até que me chamou.
- tudo bem?
- sim, só estou indisposta.
- na quinta é aniversário de morte dos seus pais, eu sei.
- só na quinta - concordei.
- pode conversar comigo, Arthur era um grande amigo, eu o admirava muito.
- eu sei professor, mas não ah o que falar... Só não estou bem.
- já te vi vir para a faculdade gripada, rouca e ainda sim falar o que pensa... - ele estava rindo.
- as vezes devemos só ouvir... Se tiver tudo bem, posso ir?
- pode, nos vemos na quarta.
- na quarta - concordei.
DeLuca estava parado no corredor do lado de fora da sala conversando com um outro rapaz, ele me deu uma olhada e falou algo para o cara então veio na minha direção me interceptando, parei de andar para não esbarrar nele.
- então, já tem tanta certeza que vai perder, que decidiu antecipar o silêncio?
- deve ser isso mesmo - concordei com ironia - olha, sinceramente não tô afim de ficar de alfinetadas hoje, pode fazer isso com quem realmente se importa com sua existência patética, agora se me der licença - passei por ele.
- ei?
- o que DeLuca? - virei para olhar ele.
- não precisa ser rude.