Dias depois...
Hoje completava 18 anos que minha mãe tinha me deixado. 18 anos que o Gael tirou ela de mim, me deixando totalmente sozinho nessa porra!
Tava foda. Já acordei malzão, mente naquele pique já. Não queria ir trabalhar não, mas tinha que pegar turno.
Bruna: Amor, mas tarde vamos sair pra algum lugar? - me olhou. - Sei lá, jantar fora?
TK: Nem inventa, Bruna, nem inventa. Tu sabe que não posso sair daqui da favela e fica lotando minha mente. - bufei.
Bruna: Nossa, o que qui é? Tá atacado hoje em, pelo amor de Deus. - negou.
TK: Só não enche a porra do meu saco, se ligou? Hoje eu não tô bom, não.
Depois de tomar café, sai de casa arrumando minha fuzil nas costas. Fui de moto até a boca 2. Os menor já tava tudo ali na agilidade dos bagulhos.
Assim que entrei na salinha, Korina já veio fazer toque comigo. Ele sabia que hoje completava mais um ano depois daquela fita, então nem tocava no assunto.
Nesses dias era melhor ninguém me encher a porra da paciência, por que eu não tava bom, não. Descontava a raiva que eu sentia em todo mundo que viesse lotar minha mente.
Fiquei o dia todo vendo os bagulhos dali da boca, e do complexo inteiro. Agora os lucros já estavam subindo novamente, já já o dinheiro começa a entrar igual água, rapa.
De dez da noite, sai da boca pilhadão. Fui direto pro bar da Cida encher a cara. O bar tava vazio, só eu ali. Era terça feira, ficava vazio nesses dias, só lotava de final de semana.
Bebi pá carai, tava doidão já, mas mesmo assim não saia da minha cabeça as lembranças dele atirando nela na minha frente.
Eu queria sair quebrando tudo o que eu visse pela frente, descontar a raiva em alguém, mas sabia que isso não iria adiantar nada, não iria trazer minha mãe de volta, infelizmente!
******
Já era uma e pouca da manhã e eu saindo do bar doidão de cachaça. Andava pelos becos cambaleando pá carai, qualquer hora iria levar um tombo feião.
E como eu disse, levei um rola brabo num beco ai, nem consegui mais levantar. Fiquei xingando enquanto continuava deitado no chão daquele beco sujo. Já tava putão com tudo, queria descontar minha raiva e dor em alguém, principalmente no Gael, ele merecia morrer na covardia, igual ele matou a minha mãe.
Brisei legal ali naquele beco, até ouvir alguém me chamando.
- Tiago? O que tu tá fazendo ai, cara?
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Mente de um Favelado
Teen Fiction"Faço o certo, passar dessa pra melhor, é necessário andar de peça caso aconteça o pior. No silêncio da madrugada aguardo meus inimigos pra fazer chover bala. Ai, filha da puta vai ter que aturar, faturando, mano, faturando, fraturando o crânio, ela...