**Capítulo 2**

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Dias atuais...

Matei pela primeira vez aos onze anos, por simplesmente o cara vir falar merda da minha mãe pra mim. Fiquei malucão, e meti bala mermo, tava merecendo morrer aquela porra lá.

Aos 13, entrei pro tráfico daqui da Pedreira, comecei no baixo mermo, só vendendo droga, e cada vez mais fui subindo, até hoje, eu ser o sub daqui dessa quebrada.

Te falar uma coisa, quando eu entra pro crime, não tem mais volta não, pô. Tu entra e não sai mais. Faz coisas fodas que só vai fudendo cada vez mais teu psicológico, te deixa cabreirão com tudo.

Quando era menor, quanto mais gente eu matava, mais eu ficava mal com minhas atitudes. Era foda pô.

Mas hoje em dia eu mato e não sinto mais nada, pois já me acostumei com os bagulhos. Já matei muita gente inocente, e muito vacilão também, não me arrependo, até por que não tem como eu voltar atrás e mudar minhas ações.

Eu sei que um dia eu vou pagar por todos os meus pecados, mas enquanto isso não acontece, só vida que segue, pô.

Eu olhava com tédio a Bruna falar e falar sobre sua unha que tinha quebrado enquanto ela lavava a louça, já tava me estressando com essa porra já.

Eu sinceramente tava pouco se fudendo pra ela e pra porra da unha quebrada dela, só queria fumar um verde em paz e relaxar, pelo menos por alguns minutos.

Desde que me envolvi com essa maluca não tenho um minuto de paz, saiu pra pensar um pouco ela já vem de neura dizendo que eu tava com alguma nega por ai. Malucona.

Sou esses emocionados que fica traindo a mulher com buceta arrombada não. Coisa de moleque fazer isso! Minha mãe sempre disse pra mim nunca fazer com mulher nenhuma o que meu pai fazia pra ela, e eu prometi que não faria isso, e essa promessa eu vou comprir.

Sinto falta pra caralho da minha mãe, da minha rainha. Meu pai tirou ela de mim faz 17 anos já, e ele acha que eu esqueci disso, mas ele tá muito enganado. Só não matei ele ainda por que se não os negos do comando tudo vão cair em cima de mim pra me matar, mas pô, a hora dele tá chegando.

Meu pai ainda é dono daqui da Pedreira, de todos os morros. Eu sou gerente da boca dois do morro da Pedreira. Por mais que eu não queira, eu cruzo com meu pai toda hora. Ele tenta vir conversar comigo e os caralhos, mais sempre tô tentando ignorar.

Bruna: Amor, me dá dinheiro pra eu ir na manicure arrumar minha unha? - sentou no meu colo, fazendo biquinho.

Bufei pegando minha carteira. Geral sabia que a Bruna tava comigo pelo dinheiro, mais eu tava foda se, ela transa bem e é exclusiva pra mim, eu até gosto dela.

Dei 200 conto na mão dela, que se levantou do meu colo toda felizinha. Sai de casa e fui dar uma volta pela quebrada.

Meu pai é dono do complexo da Pedreira, que tem os morros da Terra Nostra, Morro da Largatixa, morro da Quitanda, Favelinha, Joana Dar'c, Eternit, Boa Vista, Chaves, conjunto habitacional Bairro 13, conjunto da Fazenda Botafogo, e o morro da Pedreira, que é o morro principal.

Desde quando eu comecei a entender mais das coisas ele vem dizendo que eu sou seu herdeiro, que vou pegar o comando do complexo inteiro, e minha mãe sempre dizia pra mim estudar bastante, e arranjar um emprego digno, e eu sempre fiz o que ela me pediu. Tenho o ensino fundamental e o médio completos. Eu até pensei em fazer uma faculdade e ir embora desse lugar, mas a vida do crime já tá no meu sangue, tem como correr não.

Mente de um FaveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora