Encarei ela serinho, e não falei nada. Voltei meu olhar pro teto pensando se deveria falar com ela ou não! Na moral mermo, eu tava precisando desabafar com alguém. Olhei pra ela de novo, e ela ainda me olhava quieta.
TK: Eu tinha 9 anos quando tudo aconteceu. - falei meio baixo, e ela se ajeitou na cama. - Meu pai é dono daqui da Pedreira, morava eu, ele, e a minha mãe, Kamila o nome dela. - sorri de lado. - Ela era carinhosa demais, tá ligado? Cuidava bem demais de mim, já meu pai sempre me batia, e batia nela pra caralho. Pá tu ter noção, uma vez ele comeu uma mina ai na frente de nós dois. - olhei pra ela, e ela abriu a boca diversas vezes, mas não disse nada.
Era foda pra mim falar disso. Tava quase chorando nessa porra já.
TK: Teve um dia que ele chegou drogado pra caralho, bateu demais na minha mãe, na minha frente. Ele pegou a arma e mandou eu atirar nela. Eu não quis, claro, não conseguiria fazer aquilo, então ele atirou, a dezoito anos atrás ele matou minha mãe na minha frente!
******
• Alice •
Eu estava paralisada olhando pra ele. Eu sempre reclamava da minha vida, mas a dele foi muito pior do que a minha.
Eu não sabia o que dizer a ele, nada saia da minha boca, então abracei ele, abracei muito forte, ele não retribuio, mas eu continuei abraçando ele.
Alice: Eu sinto muito, de verdade. - falei baixinho, perto do ouvido dele.
TK: Tá suave. - murmurou.
Suspirei me soltando dele. Encarei seus olhos que não tinham brilho algum. Ele me encarou também, e ficamos nessa troca de olhares por longos minutos.
Alice: Olha, a gente pode tentar ser amigo. - desviei o olhar dele, pro teto.
TK: Pode pá. - respondeu baixinho, e vi de canto de olho que ele ainda me olhava.
Engoli em seco e continuei olhando para o teto, até sentir a respiração dele em meu pescoço. Me arrepiei toda, e fechei meus olhos quando senti seus beijos por meu pescoço.
Ele me puxou mais pra ele, e foi traçando uma linha de beijos até minha boca. Eu continuei parada sentindo seus toques, me arrepiando inteira.
Abri meus olhos, e me afastei dele, levantando da cama. Arrumei minha roupa, e encarei ele de novo, que me olhava parado.
Alice: Você vai dormir aqui? - cocei a garganta.
TK: Vou, tem como eu ir pra casa, não.
Assenti coçando a cabeça. De novo levei meu olhar para o membro dele, engoli em seco, levantando meu olhar pro rosto dele.
Alice: Tem como você vestir alguma coisa? - cruzei os braços.
TK: Pega minha bermuda ali no banheiro. - apontou com a cabeça.
Peguei a bermuda pra ele, e joguei na sua direção. Ele pegou e vestiu a mesma.
Alice: Eu vou ir comer alguma coisa, você quer?
Ele concordou se levantando. Saímos do quarto e descemos para a cozinha. Procurei algo pra comer, e acabei pegando o bolo de chocolate que eu tinha feito de manhã.
Coloquei na mesa com os pratos e me sentei na cadeira. Comi quatro pedaços grandes, enquanto ele só comeu um. Só um, cara! Eu não consigo ver um bolo de chocolate geladinho e comer só UM pedaço, impossível isso!
Depois de comer, deixei as louças na pia, e subi para o quarto. Tiago disse que iria dormir no quarto ao lado, e se foi fechando a porta do meu quarto.
O que ele me contou ficou martelando na minha cabeça. O fato do pai dele ter matado a mãe dele na frente dele me deixou com um sentimento estranho no peito. O pai dele é um monstro, fazer isso na frente de uma criança é horrível.
Espero que meu caminho nunca cruze com o do pai dele!
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Mente de um Favelado
Teen Fiction"Faço o certo, passar dessa pra melhor, é necessário andar de peça caso aconteça o pior. No silêncio da madrugada aguardo meus inimigos pra fazer chover bala. Ai, filha da puta vai ter que aturar, faturando, mano, faturando, fraturando o crânio, ela...