**Capítulo 5**

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Alice

Lavínia estava no meu ouvido, me enchendo o saco pra ir num baile, não se aonde, e eu já estava começando a ficar irritada com ela falando em meu ouvido.

Alice: Eu já disse que não vou, Lavínia! - bufei cruzando os braços.

Lavínia: O que custa tu ir comigo? Hm? - me encarou.

Alice: Custa muito, tá? É uma favela. Lavínia, uma favela! Tem drogas, armas e traficantes!

Lavínia: Eu chamei você pra ir no baile, e não usar drogas ou se envolver com traficante. - revirou os olhos.

Alice: Vou ver.

Lavínia: Passo aqui hoje, umas dez horas. - falou e saiu da minha casa correndo.

Revirei os olhos e fui almoçar com meus pais. Meus pais são médicos em um hospital aqui na zona sul do Rio, e eu só estudo. A gente mora em uma casa em um condomínio fechado na zona sul também, aqui é até legal, mas não pode fazer uma festinha que os vizinhos enjoados vem encher a merda do saco.

Vontade de mandar ir se fuder, mais mantenho a classe, e sigo bem plena, só por fora mesmo!

Lavínia mora aqui no condomínio também, só que lá do outro lado. Seu pai é engenheiro e sua mãe empresária. Ela tava me enchendo o saco desde ontem, para ir em um baile na favela dos Pedreiros, sei lá qual é o nome daquela favela.

Eu só não quero ir, tenho medo, já vi várias reportagens sobre essas favelas, são perigosas e tem vários traficantes. Não gosto de nenhum!

É cada coisa que já ouvi falar deles, que só de lembrar, me dá arrepios.

******

Descemos na frente daquele morro enorme. Lavínia me obrigou a vir, eu não queria, mas ela começou a fazer aquele drama dela falando que iria embora desse país e nunca mais iria olhar na minha cara.

Eu sabia que ela não faria isso, mais vim mesmo assim pra ela parar de encher o saco, tava me irritando já, e pra não acabar em merda, eu vim.

Meus pais não faziam ideia que eu estava aqui, eles estavam em plantão no hospital, então nem saberia que pisei em uma favela, se soubessem me matariam.

Alice: Só você pra me trazer nesse lugar. - encarei ela.

Ela riu de lado e fomos subindo. Tinha uma rua enorme, e ela estava praticamente vazia, quando a gente ia entrar na favela de vez, do nada, não sei da onde apareceram um monte de cara armado, impedindo nossa passagem. Eu já me tremi toda e dei alguns passos para trás.

- Tão pensando que vão aonde? - um cara com uma arma enorme nas costas perguntou nos olhando.

Lavínia: Baile.

- Com a permissão de quem?

Lavínia: Não conheço ninguém aqui, muito menos os donos pra pedir permissão. - cruzou os braços. - Deixa a gente passar ai, por favor, a gente só quer curtir o baile.

- Vou mandar o papo bom aqui pro chefe.

O menino ficou por maior tempão falando com alguém num rádio, mas deixou a gente passar no final. Subindo, eu dei graças a Deus que eu vim de tênis e não de salto.

Dava pra ouvir o som alto de longe. Quando entramos na quadrinha respirei fundo vendo que ela estava lotada de gente que nunca nem vi na vida.

Mente de um FaveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora