**Capítulo 94**

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Alice

TK: Qualé, amor, faz isso não pô. - se aproximou de mim, e eu já empurrei ele com tudo pra trás.

Alice: Eu não tô de brincadeira, Tiago. Sai daqui!. Não quero mais nada com tu não.

TK: Tá ficando maluca? - gritou, segurando meus braços, sem apertar. - Eu te amo caralho, para com isso!.

Alice: Eu não vou brigar, nem bater, nem nada disso, não quero me magoar mais, então por favor, vai embora. - pedi baixo, sentindo um aperto enorme no peito.

TK: Me perdoa cara, na boa. Te amo pra caralho, mulher. Quero ficar contigo e com a nossa filha, pô, bem na moralzinha. - tentou se aproximar de novo, e eu me afastei.

Alice: Cara, você me escondeu essa porra por tempos, deixou que eu descobrisse a porra toda pela boca dos outros. VOCÊ MATOU MEUS PAIS, TIAGO!. DEIXOU EU E MEU IRMÃO SEM PAIS. - gritei, querendo socar a cara dele.

TK: Tu ainda não entendeu que eu não sabia que eram teus pais, caralho? Qual parte tu ainda não pegou? - gritou também, me pegando pela nuca. - E se tu ainda não entendeu também o que eu faço da vida, vou te explicar pô...- deu uma pausa. - Eu mato vacilão desde os meus onze anos de idade. Matei gente pra caralho, e na boa? Não me arrependo não. Teus pais estavam devendo uma grana alta aqui, depois de pegarem o dinheiro emprestado, pra "tentar" salvar o bagulho de drogas deles...

Alice: Tá maluco, Tiago? Meus pais eram médicos...

TK: Eles foram mandados embora depois de serem pegos roubando caixas e caixas de remedios e medicamentos do hospital. Isso faz três anos!.

Me soltei dele, passando as mãos entre meus cabelos. Minha cabeça só faltava explodir de tanta coisa que estava acontecendo.

TK: Eles se envolveram com o Rui, um parceiro meu ai da facção. Mandaram o papo que queria ser os novos traficantes de drogas pro morro do Rui, dizendo que eles tinham um galpão ai, que tinha uma cambada de gente fazendo drogas para serem vendidas. - parou de falar, pegando seda e maconha no guarda roupa pra bolar um. - O bagulho ficou dando certo por lá por volta de um ano, mas ai, a produção lá começou a ficar ruim pra caralho, e chegar droga só da pior qualidade, ruinzona mermo, e deram um prejuízo do caralho pro Rui, então vieram pedir grana aqui na Pedreira. Pegaram mais de 120 mil reais, em nota mermo, mandando o papo que pagariam em até 3 meses.

Alice: Para...para de falar...- pedi baixo, sentindo um aperto enorme no peito.

TK: Não pô, tu não queria a verdade? - me encarou, acedendo o cigarro. - Tô te contando a verdade, carai, agora aguente. - suspirou, tragando o cigarro logo em seguida. - Passou três meses, e nada deles aparecerem por aqui pra pagar a dívida. Bagulho aqui na favela começou a cair, e eu precisava demais desse dinheiro que eles pegaram pra poder ajeitar as coisas aqui na quebrada, então mandei um menor atrás dos coroa. Deram sumiço legal, vizinhos até mandaram o papo que tinham viajado pra fora do país.

Na mesma hora que ele disse isso, a viajem que fiz com meus pais e o Antony para a Austrália veio na mente. Eles chegaram em casa doidos, e já foram arrumando nossas coisas, sem dar muitas explicações. Isso dois meses antes de eu vir pro baile daqui.

TK: Botei essa ideia de lado um pouco, e fui seguindo com as paradas. Foi ai que te conheci, e a gente ficou naquele baile. Eu nem fazia ideia que tu era filha deles, na boa mermo. - me olhou, soprando a fumaça. - E com o bagulho todo da gravidez, eu acabei esquecendo dessa dívida deles. Mas ai, depois de uma cota, resolvi ir atras, pessoalmente mermo. Eles não quiseram pagar, me peitando e os caralhos, e eu sem paciência, atirei mermo, e foda se.

Eu tentava processar tudo, mas tava difícil.

TK: Essa é a verdade, pô. Teus pais não eram quem tu pensava não. Tu me julgou tanto por eu ser traficante, e os caralhos, mas tu vivia na mesma casa com dois traficantes, que se fazia de bons moços.

Cai na cama chorando, com ele só me olhando, enquanto fumava. Minha cabeça doia pra caralho só de pensar que isso tudo pode ser realmente verdade.

Meus pais traficantes?

Eles me julgaram tanto quando souberam que eu estava grávida de um, mas na real eles também era traficantes, até pior que o Tiago.

TK: Vai me perdoar, ou não, pô? - se aproximou de mim.

Alice: Já disse pra você ir embora, Tiago. Essa história toda que tu me contou não muda nada!. Você escondeu tudo de mim, quem sabe o que tu ainda esconde né...

TK: Iiih, tá suave, pô. Tu ta ai com a cabeça quente, cheia das ideias, nem pensando direito, mas sei que depois dos bagulhos tudo, tu vai me entender.

Disse e por fim saiu dali do quarto, fechando a porta.

Eu ainda tentava processar tudo o que ele me disse, mas estava muito difícil. Era cada coisa, mano!.

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Quanto mais rápido vocs bateram as metas, mas rapido termino esse livro, pois com ele completo.

Mente de um FaveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora