Capítulo 36

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Tudo estava muito bem feito, tudo muito lindo e angelical, um cheiro maravilhoso de comida. Minha irmã interagindo com a Sofia e Alejandro veio com a Alice no colo.

Alejandro: Oi mamãe eu acordei, ninguém me ouviu chorar. E tem um xixi e tanto aqui. – veio com ela no colo.

Eu: Oh filha não ouvi. Dormiu pouquinho. – falava com ela e vi que Alejandro olhava pra sala onde meu pai estava sentado sozinho tomando uísque. – O que foi?
Alejandro: As vezes, para as coisas acontecerem e as palavras não funcionem mais, é preciso arrancar o bandaid de uma só vez.

Eu: Aãnh? – não tinha entendido.

Alejandro: Vou trocá-la.

Eu: Eu troco.

Alejandro: Não querida, deixa que eu faço isso – piscou pra mim e entrou na casa. Camila veio com um copo de suco pra mim.

Mila: O que tá acontecendo ali?

Eu: Estou tentando entender – nos aproximamos e ficamos um pouco escondidas ouvindo a conversa.

Pai: Como faz isso?

Alejandro: Ah não é difícil quer tentar? É só xixi.

Pai: Estou falando como aceita fácil assim.

Alejandro: Já experimentou se entregar abrir o seu coração pra isso? Eu fui muito ignorante com a minha filha e com a sua filha por muito tempo e me vi guiado pela minha mulher porque não era o que eu sentia. Eu senti sim no começo, mas depois já não sentia mais. Eu vi o quanto minha filha sofreu e principalmente a sua filha sofreu e ainda sofre. Ela sente sua falta. E sente muito sua falta, você sempre foi o melhor amigo dela.

Pai: É tudo tão... Contrario ao que eu sempre acreditei. – suspirou.

Alejandro: Alguma vez você imaginou que teria a vida que você tem hoje? A profissão que você tem hoje? Alguma vez você sonhou que você se casaria que sairia de Cuba e moraria aqui em Miami? Imaginou que teria 3 filhos? Que sofreria preconceitos por ser latino estereotipado num país preconceituoso? Alguma vez você imaginou que viveria tudo isso? Eu tenho certeza que não. Nem tudo sai como planejamos. Eu não esperava ter uma filha intersexual, eu nem sabia o que era isso e menos ainda que ela pudesse de fato gostar de mulher e ainda engravidar uma. E hoje olha só o que eu tenho? Essa pequena Sunshine de olhos verdes e cabelo castanhos linda de viver que eu acabaria com o mundo para tê-la bem e feliz. Olha Mike eu sei que é difícil pra você, mas experimenta. – colocou a Alice no colo dele. – O que é padrão é bem chato.

Pai: Alejandro... Não eu... – o cortou.

Alejandro: Volto em cinco minutos... – eu continuava vendo tudo de longe com a Mila e Dinah já estava do meu lado.

Dinah: Se ele não se apaixonar agora eu vou procurar onde coloca pilhas nele porque só pode ser um robô...

Pai: Oi... É... Você é muito pequena... Suas mães são pequenas né é bem obvio. Essas pernas secas, parece um gafanhoto – ela fez bico pra chorar.

Dinah: Ela vai chorar.

Pai: Oh não precisa chorar o vovô tá brincando você é linda – se levantou com ela. – Não chora tá tudo bem. Você não é um gafanhoto. Você é bem bonitinha... – ela olhava pra ele – Ta bom vai, você é linda. – ela deu um sorrisinho – Oh você gostou disso. Você se acha demais garota. – ela fez bico de novo – Você tem o que? 3 meses? E está me entendendo? Você é linda é uma pequena Sunshine e eu acho que gosto de você. – ela sorriu de novo – Você gostou disso? De me ouvir dizer que gosto de você? Você é branquinha igual sua mãe Lauren, ela era branca assim igual a você. Quando ela começava a chorar ficava igual a um pimentão – ela sorriu de novo. – Carinha linda a sua sorrindo – o Alejandro voltou.

Alejandro: Voltei. Vem com o vovô Sunshine – foi pegá-la e meu pai se afastou.
Pai: Não... Deixe-a aqui comigo mais um pouco, a gente tá conversando.

Alejandro: Ta bom – saiu rindo e me viu – Eu falei que as vezes é preciso arrancar o bandaid. Para ele se render não precisava de muita coisa. Sunshine é fofa demais, minha neta é muito fofa, quem não se renderia a ela? Só uma pessoa muito doida não se renderia a ela. – saiu andando. Eu os deixei lá na sala se entendendo e fui comer. Logo o papai veio com ela dormindo.

Pai: Ela dormiu, arruma os travesseiros lá na minha cama vou coloca-la lá – eu fui até lá e coloquei a cercando tirei o sapatinho dela pra ficar confortável, peguei um lençol fininho e coloquei em cima dela e o papai fechou a persiana. Quando eu saia do quarto ele me chamou. – Lauren?

Eu: Oi?

Pai: Me... Me perdoa filha – começou a chorar de soluçar.

Eu: Oh pai – o abracei. Que saudade daquele abraço. 10 anos sem aquele abraço – É claro que eu te perdoo eu sinto tanto a sua falta pai. De te contar tudo de trocar ideias, de ter você do meu lado. – chorava.

Pai: Eu vou compensar todo o tempo perdido filha. Você vai ver. Eu fui um tirano um idiota e eu te amo tanto. Foi difícil te perder e o orgulho não me deixou te ter de volta. Me perdoa.

Eu: Eu te amo pai te amo muito – ficamos nesse abraço muito tempo até a mamãe entrar no quarto e ver a cena e começar a chorar nos abraçando. Ficamos ali vários minutos. Logo todos já sabiam que a reconciliação tinha acontecido e graças ao meu ex sogro. Ele deu o empurrão. Ele piscou pra mim e sorriu. 

CAMREN: QUANDO VOCÊ FOI EMBORA...Onde histórias criam vida. Descubra agora