Capítulo 92

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Ela acordou, a enfermeira a ajudou a tomar um banho e se trocar, ela comeu. O médico viria vê-la as 10 horas. Alice levaria a Mel no colégio e Mani buscaria.

Lauren: Amor, tá calada, pensativa o que foi?

Eu: Eu vi minha mãe.

Lauren: Sério? – perguntou assustada.

Eu: Sim – me sentei na cama de frente pra ela. – Eu vi o Fernando de manhã... – contei tudo a ela. – Foi uma sensação estranha. Foi triste vê-la tão debilitada assim amor.

Lauren: Eu entendo... Amor, minha mãe já deve tá chegando, vai lá. Conversa com ela.

Eu: Eu não tenho nada pra falar amor.

Lauren: Escute apenas. Escute o que ela tem pra dizer, mesmo que você não diga nada. Ela deve estar precisando falar.

Eu: Ela apontou uma arma pra você e pra nossa filha, porque está pedindo isso?

Lauren: Camila, ela pagou pelo que fez. Ela foi presa, ficou 45 dias presa, porque eu pedi isso como promotora de justiça na época. Você sabe bem disso. Em consequência do que ela fez, ela perdeu o casamento, parte da empresa, e a filha mais nova, porque a mais velha já não queria mais saber dela. Ela pagou o preço por todas as maldades dela, e foi um preço bem alto e salgado. Se eu perdesse minhas filhas por atos errados meus, seria mil vezes pior do que perder toda a minha fortuna. Eu não tenho o menor interesse de ter uma amizade com a Sinu, mas eu também não tenho interesse em brigar. Eu lancei no mar do esquecimento o que ela me fez e decidi que isso não doeria mais em mim como mãe e como esposa. Eu sei que o que ela te fez doeu muito e eu imagino o quanto é difícil tudo isso pra você, mas você é mais humana que ela, e não vai fazer com ela o que ela fez com você. Não vai desprezá-la. – eu me surpreendi com aquilo tudo. – Não a despreze. Ela pode morrer amanhã, semana que vem, mês que vem, ou daqui 10 anos, a gente não sabe. Não estou pedindo pra você ir lá e fingir que nada aconteceu, porque eu sei que doi e muito ainda. Estou dizendo para não arrastar o peso dessa magoa com você pra sempre. Não precisa ser mãe e filha melhores amigas, mas que tudo fique claro, que os sentimentos sejam expostos e que se ela tiver de partir amanhã ou depois, ela vá com a consciência dela limpa talvez, e o seu coração leve de que você é uma pessoa boa, e é um ser humano melhor a partir do momento que você decidiu não ser como ela. A culpa, ela vai carregar com ela para o tumulo, isso é inevitável, mas você pode tirar todo o sentimento ruim de cima de você.

Eu: Eu carreguei um ódio por tanto tempo amor... – já chorava. – Que eu não sei se consigo...

Lauren: Amor... O ódio é a mesma coisa que tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra. O ódio quando não mata, adoece. Olha o que o ódio fez com ela. Ela está sozinha. Ela tem o marido ao lado dela, mais ninguém. Ela não teve o prazer de conhecer e ver crescer duas netas incríveis, não teve o prazer de casar a filha mais nova e ver os dois netinhos lindos que ela tem, ela talvez nem veja esses bebês aqui na minha barriga virem ao mundo. A vida já está castigando-a o suficiente. Não precisa amá-la se você não quiser, só tenha empatia, e eu sei que isso você tem de sobra...

Clara: Oi hija...

Lauren: Oi mama...

Clara: Camila.

Lauren: Oi Clara... bom dia.

Clara: Bom dia... Olha... Alice e Melissa um dia vão se matar. Achei que ia ter que jogar agua fria nas duas pra separar. – riu.

Eu: Ai meu Deus o que foi dessa vez? – ri.

Clara: Alice tava com pressa pra sair, e a Mel levantou pra pegar as coisas dela só que a Alice tava em pé atrás da Mel tomando uma xicara de chocolate quente...

Lauren: Caiu tudo na Alice... – fez careta.

Clara: E no cabelo da Mel também. Ai as duas se agarraram uma na outra ai o Fred entrou no meio, só sei que eu não sabia quem era Melissa, Alice e Fred. Quando ameacei jogar agua nas duas, cada uma correu nos seus quartos se trocaram de novo, a Mel deu um jeito no cabelo e elas saíram. – a gente deu risada.

Eu: É sogrinha... Isso é normal lá em casa. Com certeza estão de TPM então nesse período costumamos viver experiências de quase morte lá em casa. Nada fora do normal... – ri. – Vou até lá amor, já volto. – a beijei.

Lauren: Ta bom... – sai, entrei no elevador e subi. Parei em frente ao quarto e bati. Meu coração estava disparado. Fernando abriu a porta. Quando me viu ele deu um sorriso enorme.

Fernando: Bom dia... entra... Ela tá bem melhor hoje, já tomou café, tomou banho... – ela assistia algo na tv. – Querida, olha quem veio ver você – ela me olhou e ficou surpresa.

Mãe: Hija? Oh meu Deus... É você... – começou a chorar. Me deu um nó na garganta terrível. Eu me aproximei e ela abriu os braços pra me abraçar. Eu a abracei com cuidado. Não fazia isso há 18 anos. – Como você tá linda. Tá com a carinha cansada o que houve?

Fernando: A esposa dela está internada aqui amor.

Mãe: O que a Lauren tem? – me olhou assustada.

Eu: Ela precisou fazer um procedimento, mas está tudo bem, chegamos ontem e daqui a pouco vamos pra casa. Como a senhora está?

Mãe: Tem dia que estou bem, as vezes me sinto bem mal, mas ontem soube que a medicação nova junto com meu tratamento aumentaram minhas chances de recuperação. E a Sofia vem me ver na semana que vem. – ela sorriu – Ai filha, tenho tanto a te dizer, que eu nem sei por onde começar. – meu celular tocou era Clara.

Eu: Oi Clara? – ela dizia que a médica já estava lá. – Estou descendo, obrigada. – desliguei. – Eu preciso ir, a médica já está no quarto, pra dar alta pra Lauren.

Mãe: Já vai? – ficou triste.

Eu: Eu volto pra gente conversar.

Fernando: Vamos pra casa amanhã. Aqui o nosso endereço – me deu um cartão dele com o endereço.

Eu: Obrigada – coloquei no bolso. – Eu vou te ver em casa, eu prometo – dei um beijo na testa dela. – Vai ficar tudo bem tá?

Mãe: Tá – deixou cair uma lágrima. – Se cuida.

Eu: Você também... – a abracei, me levantei e dei um abraço no Fernando – Eu vou até lá essa semana ligo marcando o horário tá? – sorri de leve.

Fernando: Ok querida, fique a vontade ficaremos felizes em recebe-la.

Eu: Obrigada. Até mais... – olhei pra ela que me deu um aceno com a mão e com um sorriso e sai. O choro foi inevitável. Era um sentimento esquisito de dor, de alegria, de tristeza de ansiedade ao mesmo tempo. Sequei meu rosto antes de chegar no quarto. – Oi... Jhena bom dia.
Jhena: Bom dia.
– sorriu. – Acabei de fazer uma ultrassonografia nela e ela está bem tá. Acabei de assinar a alta, prescrever as medicações para os próximos 15 dias, e o repouso de pelo menos 7 dias, andar o mínimo possível.

Eu:Ok. – ela explicou mais algumas coisas ajudei aLauren se trocar e fomos embora... Cindy já fazia o almoço, Lauren queria ficarno sofá, então peguei um pijama pra ela e coloquei no sofá. Ela deitou e ligoua tv. Ela sabia que eu estava evitando falar sobre o assunto. 

CAMREN: QUANDO VOCÊ FOI EMBORA...Onde histórias criam vida. Descubra agora