Capítulo 75

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MELISSA NARRANDO...

Tudo que podia ser dito ou não, foi dito naquele grito na frente da família toda. Quando ela saiu eu não conseguia dizer nada só chorar. Eu não tava acreditando no que eu ouvi eu não conseguia dizer nada eu não tinha ar.

Alice: Vem – me abraçou.

Eu: Alice... Eu... Eu... – eu não conseguia falar nada.

Alice: Eu preciso ir atrás dela.

Mãe: Não. Você não vai atrás dela. A mãe dela já foi. Agora vocês não vão resolver nada, só brigar. Vem – minha mãe me levou pro quarto dela e a mama e a Alice vieram atrás.

Mama: Desde quando? – perguntou nervosa.

Mãe: Camila, agora não é hora de brigar. – falou irritada.

Mama: Desde quando você gosta de meninas? Porque nunca contou pra gente Melissa?

Eu: Mama, eu nunca fiquei com meninas. Eu gosto da Nina. É isso que queria ouvir? Acho que já ouviu o suficiente lá embaixo. – chorava.-  Se for pra brigar eu não vou ficar aqui – levantei.

Alice: Senta aqui Melissa. – me puxou e me sentou na cama de novo.

Mãe: Você sabia disso Alice?

Alice: Sabia. Eu que descobri quando nem ela mesmo admitia pra ela.

Mãe: Meu Deus... Vocês são quase irmãs.

Alice: Mãe, não... Não faça isso. Não coloca isso na cabeça dela... Não tem o direito de fazer isso. – falou brava com a minha mãe.

Mãe: ALICE... - falou em tom repreensivo.

Alice: Não tem Alice, não tem nada. Não faz isso. Ela tem 13 anos, a Nina tem 14, são duas meninas, que se gostam e descobriram que se gostam. Não coloquem a convivência das nossas famílias no meio disso pra justificar o sentimento dela ou das duas, não pode fazer isso.
Mama: Mel, porque não nos contou desde o começo? Porque ficou empurrando esse rolo com o Jaiden adiante se você não sentia nada filha?

Eu: Mama, não tem como ficar justificando nada agora. É o que eu sinto e pronto. Eu gosto da Nina e eu não escolhi isso. Juro que se eu pudesse, eu escolheria ser a melhor amiga dela como sempre fui e não a pessoa que gosta dela. E eu sei que ela gosta de mim. Hoje eu e o Jaiden conversamos e ele mais que qualquer um sabe o que eu sinto pela Mel e o que ela sente por mim. Olha eu não vou ficar aqui discutindo isso com vocês. Eu preciso que sejam minha família e não minhas inquisidoras. – levantei e sai do quarto batendo a porta e fui pro meu quarto. Logo a porta se abriu. – Eu não quero conversar mãe... – falei nervosa.

Tia Ally: Sou eu Melzinha... – se sentou na cama.

Eu: Não era pra ser assim tia Ally. – solucei.

Tia Ally: Eu sei querida... – me abraçou – Eu sei que nada disso tá sendo como você gostaria. Mas nem tudo sai como a gente quer ou planeja né? Olha só, eu vou ser avó. Eu nem imaginava que eu seria avó tão cedo assim como a Nick não planejou ser mãe tão nova. E eu sei que você não planejou gostar da Nina, sentir o que sente por ela assim como ela também não esperava por isso. Nem tudo sai como a gente quer meu amor...

Eu: Dói tanto tia Ally, eu não queria nada disso. Se eu pudesse escolher, a gente seria melhores amigas pra sempre, eu gostaria do Jaiden mais que amizade. Mas o que eu sinto por ela e ela por mim é tão nítido que o Jaiden que é super lerdo percebeu. – ela riu.

Tia Ally: É, meu filho é lerdo mesmo. Agora tá tudo muito intenso, tumultuado. Quando voltarmos pra casa, e tudo estiver mais calmo, vocês duas vão conversar e vão se entender.

Eu: Eu to com medo tia, de tê-la perdido pra sempre.

Tia Ally: Não... Você não a perdeu. Ela está confusa e com medo assim como você. Isso tudo vai passar dê tempo ao tempo e tenha paciência com suas mães. Elas estão perdidas no meio disso tudo, elas não sabiam de nada, isso tudo é novo pra elas também.

Eu: Elas como lésbicas deveriam entender tudo isso e não me botar na parede.

Tia Ally: Eu sei, mas elas foram pegas de surpresa como todo mundo nessa casa. Elas estão assustadas com tantas informações. Elas não sabiam que a filha delas gosta de meninas, afinal até hoje a tarde a filha delas beijava um menino. E com a briga toda, com os gritos, elas estão impactadas. Não as julgue. Elas são mães... – tia Ally ficou ali até que eu me acalmasse e saiu. Tomei um banho me troquei olhei se não faltava mais nada pra guardar na mala. Logo ela passou nos chamando pra jantar. Eu não quis comer. A Alice veio pro quarto.

Alice: Tá mais calma?

Eu: To... – suspirei. – Como ela tá?

Alice: Tá no quarto dela, a tia Mani e a dinda conversaram com ela antes do jantar. Ela não quis comer, tava terminando a mala dela. Vai ficar tudo bem. Deixa as coisas esfriarem.

Eu: A mama e a mamãe ainda estão bravas?

Alice: Não. Elas só ficaram assustadas e como sempre surtaram. Não é novidade né Mel. Elas queriam vir falar com você agora mas eu disse pra deixar isso pra amanhã. Chega disso por hoje né? Acho que todo mundo precisa descansar.

Eu: É... Obrigada – a abracei. – Eu te amo. Obrigada por estar comigo sempre.

Alice: Eu também te amo. Muito. – ela foi escovar os dentes e pouco depois a ouvi vomitando. Em seguida a ouvi chorando. Eu ia bater na porta, mas não queria invadir. Depois de uns 20 minutos ela saiu. Ela me olhou e seus olhos encheram de lágrima.

Eu: Não precisa falar nada. – levantei e a abracei – Tá tudo bem. Eu entendo. A gente vai cuidar disso quando voltarmos.

Alice: Não conta nada. Por favor – falou quase se voz.

Eu: Não vou contar. – por um momento esquecemos que a Alice ainda sofria com a anorexia. 

CAMREN: QUANDO VOCÊ FOI EMBORA...Onde histórias criam vida. Descubra agora