Capítulo 91

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XX: Camila? – levantei a cabeça e era o Fernando com um café nas mãos. – Posso?

Eu: Oi Fernando. Claro... – ele se sentou.
Fernando: Como está?

Eu: Bem. E você?
Fernando: Bem na medida do possível. O que faz aqui? Desculpa perguntar.

Eu: Minha esposa está num procedimento fetal para tentar salvar um dos nossos bebês. E você?

Fernando: Oh... Espero que fique tudo bem. Sua mãe está aqui. Ela não reagiu bem a ultima aplicação de interliocina 2. Saiu da UTI antes de ontem.

Eu: Ah sim – meu coração disparou.

Fernando: Ela tem falado muito sobre você, sobre a Sofia. Ela está com muito medo de morrer e não falar com vocês.

Eu: Ela... Ela tá morrendo?

Fernando: Os médicos estão fazendo de tudo. Mas não sabemos se vai dar certo. As chances dela sobreviver aumentaram em 10% já é uma grande vitória, em breve ela fará as cirurgias, mas não sabemos se ela sobreviverá as cirurgias. Ela está preparada pra isso. Ela diz que aceita a morte, mas ela não quer partir sem falar com vocês. Desculpa, você está aqui preocupada com a sua esposa e eu aqui despejando tudo isso em você.

Eu: Não, tudo bem... Entendo sua preocupação. Eu não me sinto preparada pra esse encontro ainda entende?

Fernando: Sim. Ela me contou tudo que fez com você tudo que ela te falou e realmente foi monstruoso. E sei que pedir perdão a você agora que está doente, não apaga o que ela fez, não isenta a culpa que ela tem. Ela me contou tudo quando nos conhecemos. Ela amarga tudo isso desde muito tempo. Esses dias ela estava com muita dor, gemendo mesmo, ai pediu morfina. Depois que aplicaram, ela começou a chorar eu perguntei se não tinha passado e ela disse que sim, mas que a dor maior dela não passaria nunca, e essa dor era ter feito mal a você, a neta dela, a nora e ter abandonado a Sofia. – deixei cair uma lágrima. – Ela se arrepende Camila e é de verdade. Vou indo, ela não gosta de ficar sozinha. Se precisar de alguma coisa me procura, estou no quinto andar, apartamento 529.

Eu: Obrigada. – comi e voltei para a sala de espera. Logo a Jhena veio.

Jhena: Ela está bem, o procedimento foi um sucesso. Se ela logo virá para o quarto tá.

Eu: E agora?

Jhena: Ela vai precisar de uma semana de repouso. O máximo possível. Nada de dirigir. Pode andar pela casa, mas evitar subir e descer escadas o tempo todo. Ficar mais tranquila, sem aborrecimentos. E agora é esperar o bebê reagir. No ultimo exame o batimento dele tava fraco, vamos torcer e esperar que a medicação faça efeito. – logo ela foi para o quarto, as meninas foram embora, minha sogra e eu ficamos lá. Eu fui buscar a Mel na escola.

Mel: Como tá a mamãe?

Eu: Está bem. Sai do hospital e ela tava dormindo.

Mel: Quando ela vai pra casa?

Eu: Amanhã de manhã. – chegamos em casa, almoçamos. A Alice chegou almoçou rápido e foi pra faculdade, tinha um seminário. Só perguntou da mãe, falou com ela no telefone rapidamente e foi pra aula. Eu voltei para o hospital, Clara ficou o dia todo com a gente e foi pra casa. Eu ia dormir no hospital. Lauren dormiu, eu tava sem sono e fui a cantina, comprei um suco e um sanduiche, comi e resolvi ir até a oncologia. A porta do quarto 529 estava aberta. Vi Fernando sentado na poltrona. Me aproximei e ele me viu.

Fernando: Entra – sussurrou e levantou vindo em minha direção.

Eu: Não quero atrapalhar.

Fernando: Ela está dormindo. Está sedada, só acorda de manhã. – era assustador, como ela estava magra. Não tinha cabelos, estava usando um lenço preto e branco da cor do pijama dela. Me sentei na beira da cama, peguei sua mão. Uma lágrima caiu meu olho. Era estranho vê-la assim.

Eu: Como ela está?

Fernando: Passou muito mal agora a noite, foi medicada, trocaram uma medicação e parece que fez efeito. Agora pouco a sedaram para que ela pudesse descansar. Ela tá respondendo a interliocina 2 com uma outra medicação, foi a melhor noticia que tivemos hoje. – sorriu esperançoso.

Eu: Que bom – sorri de leve.

Fernando: Seu pai ligou para falar do projeto, marcou comigo a reunião para semana que vem, eles se falaram por telefone, ela chorou bastante. Falou com a Sofia hoje também. Ela ligou pouco depois, disse que vem na próxima semana. Ela está ansiosa por esse encontro.

Eu: Entendo... Preciso ir...

Fernando: Como está sua esposa?

Eu: Está bem. Amanhã de manhã vamos pra casa.

Fernando: Que ótimo. Digo que esteve aqui?

Eu: Sim, pode dizer.

Fernando: Ok.

Eu: Boa noite.

Fernando:Boa noite... –sai de lá e comecei a chorar. Ela estava muito debilitada, não parecia aquelamulher elegante e forte que sempre foi. Peguei meu celular pra mandar umamensagem pra minha irmã e tinham inúmeras mensagens dela falando que falou coma nossa mãe e que vem pra NY na próxima semana para vê-la. Me deitei um poucoprecisava descansar. Acordei de manhã pouco antes das 7, escovei os denteslavei o rosto, prendi meu cabelo. Logo trouxeram um café da manhã pra mim e praLauren. 

CAMREN: QUANDO VOCÊ FOI EMBORA...Onde histórias criam vida. Descubra agora