Capítulo 27

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Eu não tinha o que falar. Ela estava certa. Eu fui embora, eu me relacionei com outra pessoa, eu fui covarde, eu deixei minha mãe tomar conta da minha alma e me tornei uma cópia barata dela. Todas as palavras que ela proferiu a mim com dor e mágoa, eu merecia ouvir e não tinha como argumentar.

Eu: Me permite voltar amanhã e passar a tarde com vocês? Quero aprender a cuidar dela.

Lern: Sim, tudo bem. – ela levantou e eu levantei junto.

Eu: É pra você. – pegou os presentes na mesa.

Lern: Camila. – tentou protestar.

Eu: Por favor... Abre... – ela abriu. Era uma pulseira com um pingente com a última ultrassonografia que ela fez do nosso bebê que virou anjinho e uma correntinha com um A de Alice e uma asinha de anjo. – É pra simbolizar a Alice e nosso bebezinho que ficou anjinho. Eu achei lindo quando vi. E tenho uma também – mostrei os meus a ela. Eu os usava desde que peguei na joalheria em Dubai.

 Eu os usava desde que peguei na joalheria em Dubai

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Lern: É lindo... – sorriu e deixou cair uma lágrima. Coloquei a correntinha nela. Eu amava aquele sorriso. Logo coloquei no braço dela a pulseira e ficamos com nossas respirações se encontrando.

Eu: Eu te amo. E eu quero você de volta... – sussurrei segurando a nuca dela.

Lern: Você foi embora... Você me magoou. Você foi embora e não lutou por nós – falou baixo e sentida.

Eu: Eu sei... Eu fui uma imbecil... Só me deixa provar que eu não sou essa pessoa horrível que eu fui. – toquei seu rosto.

Lern: Então muda... Mas muda de verdade. – sussurrou e fechou os olhos e eu a beijei. Foi um beijo lento. Senti meu rosto molhar. Abri os olhos e a lágrima dela caia. Eu passei o dedo e sequei colocando minha testa na dela.

Eu: Não quero te fazer chorar mais. Me perdoa? – suspirei.

Lern: Não dá Camila. Ainda não dá. – suspirou.

Eu: Tudo bem, eu espero o tempo que for, e eu não vou me cansar de pedir perdão – ela não disse nada - Vou deixar você descansar. Amanhã eu volto.

Lern: Ok. Boa noite.

Eu: Boa noite... – ela abriu e eu sai. Fui pro meu apartamento e fiquei a noite toda vendo as fotinhos que tirei da minha princesa. Ela era tao linda, tão pequena. Mandei algumas fotos pra Sofia e fiquei conversando com ela e ela apaixonada. Perguntou quando iria falar com nossos pais, eu disse que no final de semana ia pra Miami.

Fiz uma longa reflexão de tudo que eu fiz a Lauren. Do quanto eu a machuquei, do quanto eu a feri, emocionalmente e fisicamente. Meu Deus! Essa não sou eu. Me lembrei de quando nos conhecemos. Foi amor a primeira vista. Nunca acreditei muito nessas coisas, mas pela primeira vez senti as tão famosas borboletas no estômago. Aqueles olhos verdes lindos, o cheiro dela, o sorriso. Tudo nela me encantava. Lauren sempre foi autêntica, sempre teve suas peculiaridades também e que me encantava e a tornava diferente de qualquer garota. Ela chegava e o sol brilhava mais forte, meu dia ficava completo. Sofremos muito para ficarmos juntas. Ela abdicou da convivência com os pais dela, para ser o amor da minha vida. Já choramos muito juntas, por passarmos natais sozinhas, dia das mães, dia dos pais. Embora meus pais não aceitassem quando nos casamos, também não interferiram na minha decisão de me casar com ela e nem param de falar comigo como os pais dela fizeram com ela. Mas minha mãe sempre a desprezou ou a maltratou. Quando estávamos tentando engravidar e ela precisou fazer um tratamento, foi sofrido demais pra ela. Sonhávamos com um bebê, e ela queria muito carregar um bebê nosso. Me lembrei que quando ela começou a fazer tratamento para engravidar, minha mãe começou a ofendê-la em qualquer situação e me senti mal lembrar disso porque em muitas vezes eu não a defendi. Eu era covarde, não a enfrentava nem quando ela me magoava com várias ofensas ou despejando sua frustração pessoal em cima de mim, e para passar por tudo isso eu bebia. E com isso, eu fechei os olhos para as feridas que minha mãe abria na Lauren e eu não fazia nada para cicatriza-la. – É tudo minha culpa – deixei uma lágrima cair. Era tudo culpa minha. Eu perdi meu amor, por minha culpa. Estava determinada a reconquistá-la e ser para ela a mulher que eu não fui. No dia seguinte acordei as 10 da manhã tava exausta não tinha descansado direito ainda. Tomei um bom banho, lavei o cabelo e o sequei. Tava nevando. Passei na padaria tomei café da manhã e fui pra lá. Encontrei a Ally falando com o porteiro.

Eu: Oi Ally – a cumprimentei.

Ally: Oi Camila – suspirou. – Tudo bem?

Eu: Sim e você?

Ally: Tudo bem também.

Eu: Como vai a Nick e o Troy?

Ally: Estão ótimos, obrigada. – sorriu de leve.

Eu: Ally, obrigada por cuidar das minhas meninas, por ser a amiga que você é para Lauren e já sei que você vai ser a madrinha da minha filha junto com a Dinah e fiquei muito feliz com a escolha. – fui amigável. Eu tinha certo receio em falar com a Ally, porque ela não simpatizava comigo, mas sempre me respeitou e respeitou muito nosso casamento.

Ally: Não fique se não quiser. Não a magoe de novo. - falou séria.

Eu: Do que está falando?

Ally: Se não estiver disposta a ser amor, ser luz, ser companheira, mesmo que não haja mais relacionamento entre vocês, não fique para machucar, não fique para magoar. A Lauren não merece, a Lili não merece.

Eu: Eu errei Ally, e eu tenho muita consciência de que tudo isso aconteceu por minha culpa e eu quero consertar.

Ally: Conserte, mas não force a barra. A Lili não é um brinquedo e nem o coração da Lauren. Não queira uma aproximação com ela só para ter sua filha por perto. Ela é a ultima pessoa no mundo a querer que você volte para a vida dela por causa de filho. Ela não pensou duas vezes antes de te tirar da vida dela, para o bem dela e do bebê, e ela faria isso de novo. Quando você foi embora, ela sofreu e muito, mas preferiu sofrer com você longe, namorando a Ariana como se ela nunca tivesse passado pela sua vida, do que correr atras de você e contar que estava grávida. Quando você foi embora, só ficou destruição e uma mulher tentando se refazer para sustentar uma gravidez tão desejada e sonhada sozinha. Quando você foi embora, você deixou o peso da sua mão, a marca dos seus uísques e uma desconfiança que nunca deveria ter existido. E pra que? E por que? Pensa nisso antes de se instalar na vida das duas de novo. Preciso ir. Bom dia – piscou pra mim e saiu.

Eu:Bom dia... –fiquei até tonta. 

CAMREN: QUANDO VOCÊ FOI EMBORA...Onde histórias criam vida. Descubra agora