"Pior que possa imaginar" - PARTE 3

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Bakugo bateu a cara no chão, acordando assustado e gritando "MERDA" o mais baixo que pôde. Ele ainda se revirou tanto que puxou o edredom, e o livro que estava lendo antes de dormir caiu bem no seu mindinho e ele teve que colocar as duas mãos na boca pra não acordar o dormitório inteiro. Aquele sonho tinha sido tão vívido que ele podia jurar que aquela boneca de vudu desgraçada tinha feito alguma coisa com a cabeça dele. Colocou todos os travesseiros que podia na cara pra gritar o máximo que pôde. Ele era péssimo em enfrentar as coisas dentro dele, que não podiam ser explodidas, mas as palavras dela no fim do sonho mostravam que ele realmente tinha necessidade de se mexer além do que já tinha conseguido. Mas antes disso, ele ia tentar dormir de novo.

Do outro lado do corredor, Pandora dormia com os braços abertos, com a bola que o professor Aizawa havia dado a ela numa das mãos. Suas pálpebras revelavam que algo fazia com que o sono da garota fosse inquieto. Para ela, novamente, os barulhos ensurdecedores de toda sorte de animais e as luzes coloridas cortavam o silêncio da noite e ela olhava para o céu, deitada no chão de barriga pra cima. Reconhecendo o cenário rapidamente, ela sentou-se no chão e procurou a forma etérea e assustou-se quando ouviu a voz, próxima ao seu ouvido.

- Por que nós buscamos ao longe algo que está tão perto que nossa mão pode tocar?

- Ah! Eu... desculpe. Onde estamos?

- Nós sabemos onde é.

- Mas... Eu... preciso de ajuda.

- De fato, criança. Muito nos foi negligenciado, e nosso aprendizado terá que ser mais rápido e duro.

- Não tenho me sentido eu mesma, algumas coisas têm acontecido...

- Ah, agora as nossas vozes falam também. É parte do despertar. Mas ainda estamos no processo.

- Eu... eu preciso ficar mais forte. Pra proteger as pessoas... O que devo fazer? - disse, mostrando a bola na mão.

- Nós somos um com o todo. Não se separa algo do todo. E nós podemos caminhar por aqui, se fizermos das coisas um conosco.

- Ser um com o todo...

- Isso. Sempre esteve dentro de nós.

- E quem pode me ajudar? Ainda não entendo o que está acontecendo.

- Aos poucos chegaremos lá. Não prometo que será indolor, mas nunca fugimos da dor. Nós conseguiremos. Vamos voltar.

Pandora abriu os olhos de repente naquela manhã de sábado. Braços abertos, bola na mão. Outro sonho. Espreguiçou, se alongou rapidamente, agradeceu e foi para o banheiro, tirando o pijama e o jogando de forma displicente dentro do cesto de roupas para lavar, sem antes ter observado as marcas de terra na calça e nas costas dele.

Na área comum, alguns alunos já estavam tomando café e conversando animadamente sobre a festa que aconteceria a noite, entre eles Tokoyami, Midoriya, Todoroki e Kirishima. Pandora apareceu na cozinha, com o cabelo enorme preso num rabo de cavalo, usando um short de lycra rosa pink e um moletom escrito "Dead Inside", parecendo a marca da Intel.

- Bom dia meninos! - cumprimentou animada. - Espero não ter demorado muito, Tokoyami-san!

- De forma alguma. O que vai comer agora? - perguntou o garoto gótico.

- Nada não, eu tô bem.

- Uma maçã pelo menos, Pandora-san. - disse ele, esticando a fruta pra garota.

- Ok então. - disse ela, mordendo a fruta com vontade.

- Onde vocês vão? - perguntou Kirishima.

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora