"Você não existe" - PARTE 1

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"Você não existe" é uma música de Potyguara Bardo.

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1

Os dois garotos caminhavam lado a lado, indo em direção ao dormitório. Bakugo sempre dormia cedo, e disse que precisava ir mesmo antes da festa de fim de ano acabar. Kirishima se ofereceu pra ir com ele, numa mistura de preocupação (ainda pelos eventos não tão recentes que haviam acontecido) e vontade de ter um tempo a sós com o loiro.

Havia um silêncio confortável pairando sobre eles. No dia anterior, o garoto estourado já havia dado mostras de que o presente simples, mas de todo coração, que o ruivo havia dado de Natal fez a diferença, e ele estava disposto a tomar uma postura superprotetora na frente dos outros por causa dele.

Kirishima lembrava as milhares de vezes que ele e Bakugo estiveram juntos nas aulas, fazendo trabalhos, estudando, às vezes jogando ou apenas conversando sobre coisas da vida. Lembrou do incômodo recorrente quando conheceu Deku mais a fundo e via como era a relação dos dois, mas jamais tinha ousado tocar no assunto de sexualildade por pensar exatamente que o garoto reagiria incrivelmente mal.

Na cabeça dele, a presença de uma pessoa tão diferente na turma tinha feito bem para todos, principalmente para ele. Pandora era a personificação da doçura de Midoriya com o "não levar desaforo pra casa" de Bakugo, e ele pensava que, exatamente por não estar tão presa à turma, ela tinha a coragem de bater de frente com quem fosse. O que fez ele lembrar de algo e suspirar fundo.

- O que foi, cabelo de merda?

- Acabei de lembrar que Pandora... vai embora, né?

- Como assim?

- Bom, é um intercâmbio... ela não vai ficar aqui com a gente pra sempre. Isso me deixa um pouco triste.

Bakugo ficou calado por um tempo. Kirishima continuou:

- É estranho pensar assim né? Não faz muito tempo que ela chegou e já faz parte do nosso grupo, quase como se tivesse começado o ano estudando conosco.

- Porque ela se mete em tudo que não é da conta dela. - rosnou o outro garoto.

- Ainda bem, né?

- UH?! Como assim? Você comeu um daqueles seus sapatos ridículos e não tá pensando certo mais?

- HAHA, não, Bakugo, é sério! Pensa bem. Ela se meteu em um monte de coisa, conversou com todo mundo da turma, comprou várias brigas... ela é diferente de todos nós e tá mostrando MUITAS coisas pra quem convive com ela. Eu... - disse o garoto, olhando pro amigo, com um sorriso no rosto - eu acho ela incrível!

- Tch! - resmungou, ficando um pouco sem graça.

- Pensar isso só me faz entender cada vez mais... como o tempo que a gente tem pra tudo é curto. - fez um silêncio rápido - Sabe, eu... eu fiquei com medo pra cacete, aquele dia.

- Qual?

- O do acampamento. Acho que eu e o Midoriya, junto com o professor Aizawa, éramos os mais frustrados ali. - disse, abrindo a porta do dormitório - E... a gente apostou muitas fichas na ideia do resgate, eu e o Todoroki.

- O bastardo meio a meio?! - disse o garoto, quase num engasgo.

- Sim! Midoriya estava no hospital e era claro pra qualquer pessoa que ele estava COMPLETAMENTE ARREBENTADO, a gente ia entender se ele não topasse. Mas ainda assim, ele fugiu do hospital, arrastou o Iida e Momo também disse que viria ajudar... foi algo bem ousado e incrível. Acho que nós três ficamos com medo sabe? Mas... - disse ele, respirando aliviado - você tá aqui com a gente. É isso que importa!

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora