"Seu Crime" - PARTE 2

54 11 26
                                    

ALERTA DE GATILHO: DESCRIÇÃO GRÁFICA DE CRISE DE ANSIEDADE

Esse conteúdo pode ser sensível para algumas pessoas. Cuidado ao ler.

____________________________________________________

3

Os ouvidos do garoto pulsavam no ritmo do seu coração. Não podia ser verdade. Talvez o que ela considerava pouco fosse bastante pra ele, tempo é algo relativo, ou ele tivesse escutado mal. A cabeça dele dava voltas, tentando justificar o injustificável. Voltou os olhos para os da menina e, pelas lágrimas penduradas ali, ele havia ouvido muito bem.

- Quanto tempo? - insistiu, com a voz trêmula.

- No máximo... um mês, um mês e meio.

Trinta dias. Trinta? Trinta. Era rápido demais, passaria depressa demais, ele não estava preparado pra isso. Shinso olhou pra ela com um misto de incredulidade e pavor nos olhos, ao que ela respondeu com um sorriso, que emoldurava seu choro.

- Mas... - continuo ela - eu não quero que esses últimos dias sejam tristes. Eu quero aproveitar com vocês, tudo o que eu puder! Quero que essa escola... Não, ESSA CIDADE sejam pequenos pra gente!

Pandora colocou as mãos trêmulas no parapeito, mais uma vez. Não havia muito que pudesse fazer por causa do acordo que seus pais conseguiram. Ela sabia, desde o começo. Ainda assim, ela não estava conformada. Não queria ir, não queria deixar pra trás tantas pessoas que tinha aprendido a amar e admirar em tão pouco tempo. Quem ia treinar com ela tão bem quanto o professor Yamada, ou puxar sua orelha quanto Aizawa? E seus amigos? Tinha tanto a ensinar a eles... havia acabado de reencontrar Alex, quantos momentos incríveis não viveriam juntos se ela pudesse ficar? E... seus amores...

Se surpreendeu então com o peso do corpo do dele em si, a abraçando por trás com firmeza. Entrelaçou os braços no colo dela, colocando as mãos apoiadas nos seus ombros. O corpo de Os cabelos roxos fizeram cócegas no pescoço dela, quando ele enterrou o rosto em seu ombro direito e o beijou. Ficaram assim algum tempo, pensando talvez em como processar tudo aquilo, até que ele disse:

- Eu li.

O coração da estrangeira pulou uma batida.

- O que? - perguntou, mesmo sabendo exatamente do que ele estava falando.

- A música, atrás da foto.

- Ah!

Tentou manter a calma, uma vez que, apesar de todo aquele clima triste que tinha pairado ali, ela tivesse começado a sentir uma euforia repentina. Talvez aquilo amenizasse as coisas, pensou. Talvez fosse a luz de esperança que ela precisava. Indicou pra ele que precisava se mexer, ficou de frente pro menino de olhos roxos e entrelaçou os dedos das mãos com os dele, perguntando:

- E... o que achou?

- Uhm... tem algumas coisas sobre ela que eu quero... perguntar.

- Tudo bem. Pode perguntar! - disse, sorrindo.

- Bem... tem uma parte sobre... precisar do outro.

- Ah, essa parte. Bom, eu não acredito que pessoas realmente... "precisem" umas das outras. A gente tem necessidade de contato com outras pessoas mas não é como se houvesse uma dependência. Na verdade, - continuou, olhando nos olhos dele - o que eu sinto é que... você é uma pessoa que eu adoraria levar pro resto da minha vida, sabe?

- C-como assim? - respondeu, como o coração acelerado.

- Hum... é como se... eu sinto que eu conseguiria dividir diversas coisas, diversos momentos... da minha vida com você. Você me entende e me aceita, e compreende como eu vejo as coisas... não me julga, me apóia. E a gente forma um time muito bom! Sei que a gente tem afetos em comum... seria muito legal levar isso... pra vida, sabe?

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora