CAIXA DE PANDORA - 1º TOMO

"Capitães de Areia" - PARTE 1

Oi gente, tudo bem? Espero que estejam se cuidando com esse calor miserável que tá fazendo.

Como eu tinha avisado no capítulo anterior, demos uma descidiiiiinha da montanha russa, ela vai acabar hoje e depois, vamos dar umas voltinhas aqui e ali, afinal, dia dos namorados tá chegando e não queremos perder esse momento né?

Essa torcida DoraBaku tá demais! Será que finalmente esses cabeças de porta vão decidir falar alguma coisa antes dela ir embora? O que vocês acham?

Obrigada por serem essas pessoas maravilhosas que vocês são. E parabéns eusoufanfiqueira e PrincesaWatanabe , vocês são duas deusas fodas e corajosas. Este capítulo é dedicado a vocês! <3

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"Capitães de Areia" é uma música de Baco Exu do Blues.

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1

[Dois anos atrás]

O dossiê de um dos sidekicks d'A Aldeia tinha chegado há uns dias e tinha deixado os três adultos da casa temerosos. Eles tentaram fazer de tudo para que a rotina das crianças continuasse calma, mas com certeza elas haviam percebido. Os cochichos dentro de casa, os olhares sobressaltados, os levantares de madrugada para verificar se estavam todas em suas camas, assim como conferir as trancas da casa. Pandora então era a que mais entendia que algo estava completamente fora do normal. Talvez ela sentisse neles o cheiro do medo novo, como um animal astuto, ou apenas fosse o sentido igual ao da sua mãe, da conexão universal com todos os seres.

Decidiram, por deliberação democrática, chamar primeiro a garota, alvo da caçada, para uma conversa séria, colocando as cartas na mesa. Os pais, com muito jeito, explicaram sobre a questão da conexão daquela situação toda com a ligação que Uiara havia recebido, as implicações daquilo, quem eram aquelas pessoas e o que queriam fazer, com cuidado pra não dar muitos detalhes horríveis sobre o que havia no material recebido. No fim da conversa, já estavam dando recomendações para a pequena, que como boa filha que era, assentia e concordava com tudo o que estava sendo dito.

— Filha, - disse Cristiano, para a então garota de 14 anos - a regra das individualidades nunca foi tão importante. Preciso... PRECISAMOS que você a respeite. Pra não se colocar mais em risco.

— E não sair sozinha por aí, não! - frisou Jorge - E celular ligado, hein?

Uiara fitou os maridos e disse, na sua voz mais serena:

— Poderiam nos dar uns minutos?

Assim que os dois saíram da sala, a garota se virou pra ela, sentada ao seu lado no sofá, segurou sua mão e perguntou:

— O que foi, mamãe?

Uiara demorou-se, fitando os olhos da garota. Lembrou-se do luar alto, em sua aldeia, quando deu a luz. As duas enormes jabuticabas nos olhos da filha, sempre curiosa, sempre mostrando que sabia mais do que contava. Queria protegê-la, guardá-la a sete chave, para que nenhum monstro tirasse o brilho daqueles olhos, que eram iguais a um céu estrelado. Mas ela era apenas a mãe, e o melhor que poderia fazer era apenas orientá-la, sabia que filhos não eram criados para si, e sim para o mundo.

— Aiyra, ouça bem o que eu vou dizer agora. - respondeu, colocando as mãos da menina entre as suas - Seus pais têm boas intenções, dizendo que tem pessoas más atrás de você e que você precisa se cuidar. E não ache que subestimam sua inteligência, mas eles têm outras forças que correm dentro deles. E você tem a força de todos nós. Por isso eu acredito que você tem como compreender e internalizar o que eu vou dizer agora. Ai, minha filha... Nós queríamos proteger você de tudo... do mundo. Mas não podemos. Então preste muita, muita atenção.