CAIXA DE PANDORA - 1º TOMO

"Você não existe" - PARTE 3

5

- OI! GAROTA ZUMBI!

- Uh? O que foi, Kacchan? - disse ela, puxando o cachecol da boca.

- Preciso falar com você! - rosnou o garoto, chegando perto, com a cara amarrada.

- Tudo bem, pode falar. - falou, olhando pra ele.

Bakugo então olhou para Shinso, que olhou pra ele, trocou olhares com Pandora e olhou pro loiro novamente.

- Oh. Oooooooh... entendi. - disse ele, com um sorriso debochado - Eu vou na frente então, minha obsidiana. - e abaixou pra dar na garota um beijo no rosto antes de sair, enquanto os olhos roxos miravam sem piscar os vermelhos do outro garoto, que agora tremia levemente, com os dentes pra fora.

- Do que esse zumbi de merda te chamou!? - grunhiu.

Pandora colocou a pequena mão gelada sobre a mão do garoto, que imediatamente parou de tremer e olhou pra ela.

- O que você queria falar comigo, Kacchan?

Ele então tirou do bolso um pacotinho e colocou na mão da garota.

- O que é isso? - perguntou, curiosa.

- Eu precisava retribuir o presente de Natal, né?! E como você gosta dessas coisas idiotas nerds, fui caçar algo que talvez você fosse usar.

Dentro do pacotinho, havia uma strap para videogame portátil, com um Pokémon.

- Sableye! Nossa, é o meu FAVORITO! Como você...

- Hunf. Toma cuidado pra não perder o seu gêmeo, foi difícil de achar. - disse ele, sem pensar muito.

- Meu... o que?

- NADA! NÃO PERDE ISSO! - falou, se virando pra sair.

Mas Pandora podia ser tão cabeça dura quanto ele, e conseguiu segurar o garoto pelo blazer.

- Espera.

- O que foi?!

- Vem aqui. - falou, chegando perto dele.

- O que você quer?

- Nada, só... deixa eu te dar um abraço. Pra agradecer.

Pandora abraçou a cintura do garoto, e encostou a cabeça no peito dele. Bakugo ficou por uns instantes no seu silencioso pânico bissexual, sem saber o que fazer com as mãos, mas depois resolveu que a melhor solução era encostá-las de leve no ombro e nas costas da garota. Ele ficou se perguntando se um dia esse tipo de reação ia passar, e se viu brigando com seu eu interior, que esbravejava que nada disso ia mudar enquanto ele não tivesse uma conversa honesta sobre sentimentos com Pandora e Deku. Ouviu então a garota dizer um "obrigada", se soltar da sua cintura, olhar pra ele e sorrir, o que fez com que aquele mesmo eu interior, quase matasse o exterior sufocado, gritando que agora era a hora de falar com ela.

- Vudú... eu...

O loiro não teve tempo de terminar o que estava dizendo.

Pandora abraçou Bakugo, agradecendo o presente, e com a cabeça colada no peito do garoto, conseguiu ouvir o coração acelerar. "Ele é bem carente de carinho", pensou ela. Quando sentiu que devia, soltou a cintura, se virou pra ele e sorriu. Ela queria muito que o garoto sentisse que podia confiar nela, que ela estaria sempre disposta a ajudar. Em questão de segundos, enquanto olhava pra ele, sua mente pareceu ir para um outro lugar, escuro e estranho, e na sua mente ecoou uma voz familiar:

- Desperte.

Pandora sentiu uma dor lancinante atravessar a nova cicatriz nas costas, que ela ainda desconhecia. A garota apertou o blazer do loiro com uma das mãos, mas isso não a impediu de cair de joelhos no chão. Ofegante, ela se contorcia e levava a mão ao local, sem entender o que estava acontecendo.