"Minha Alma" - PARTE 3

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A iluminação do ginásio naquele fim de tarde era quase nula. Aizawa estava desde o primeiro dia tentando treinar os olhos da garota ao que fosse mais próximo da escuridão. Talvez ela precisasse, poderia ser útil em algum momento, todo cuidado era pouco, principalmente pelo fato de o tempo dela no Japão estar se aproximando do fim. Quando ela estiver fora da U.A., ele não poderia fazer nada para salvá-la.

A pequena menina estava terminando já o alongamento. Era o quinto treinamento daquele, e havia ficado feliz dela ter saído do anterior sem nada quebrado. Tinha melhorado a esquiva, mas o contra ataque ainda era ruim sem as individualidades. Olhou para Recovery Girl, sentada logo ali perto com seu tablet em mãos, provavelmente passando de alguma fase super difícil em "Obey Me!". Aquela velha era terrível.

— Sensei, tô pronta!

Eraser saiu do seu pequeno devaneio então e tomou posição de combate.

— Lembre-se, Pandora: seu objetivo é se manter viva. Não importa o que aconteça.

— Sim, sensei! - respondeu a garota rapidamente, assumindo uma postura que Aizawa desconhecia.

O professor sorriu interessado. A pirralha aprendia, e aprendia muito rápido. Deu a mesma investida que havia usado no primeiro dia, e se surpreendeu quando a garota abriu um espacate e sentou-lhe um murro no saco. Eraser caiu de joelhos no chão, sem ar, enquanto ela pulava por cima da cabeça dele e, por trás, enterrava as unhas afiadas em seu rosto, fazendo questão de prender as dos indicadores dentro das narinas. Ele não sabia que adolescentes tinham unhas tão fortes e tão afiadas.

Os olhos dele lacrimejavam quando conseguiu dar nela uma cotovelada do lado esquerdo, que sabia que era seu lado mais fraco, mas ela não recuou, como seria costumeiro. Apertou ainda mais os dedos da mão esquerda e com a direita, agarrou todo o cabelo que podia e puxou, jogando o herói no chão.

Apesar da dor excruciante, ele não iria pegar leve, então rolou por cima das costas e deu nela um chute no rosto, do qual ele talvez se arrependesse depois, mas foi bem útil para que ele se colocasse novamente de pé rapidamente. Se virou pra ela, ficando surpreso por encontrar a garota já de pé. "Eu não fui gentil naquele chute", pensou.

— Tenho que dizer que estou surpreso. Onde você aprendeu isso? - perguntou, com um meio sorriso no rosto.

— Eu brigava na escola. - disse ela, cuspindo no chão, deixando uma pocinha de sangue.

— E por que parou de lutar desse jeito? - falou Eraser, se mexendo para começar um novo ataque.

— Minha mãe disse que se eu fosse chamada na diretoria da escola, a que eu fui antes da U.A., ela não ia me deixar mais trabalhar na agência. E eu queria muito colocar alargador! - respondeu a garota, partindo pra cima dele.

Eraser Head não poderia estar mais feliz. Era bom ver adolescentes dedicados e com força de vontade, como Midoriya, e essa garota não deixava a desejar. Talvez pelo instinto e a necessidade de sobrevivência, talvez por qualquer outro motivo. Ela quase se assemelhava a Bakugo, dava pra ver que ela estava dentro de um "ambiente confortável", brigando daquele jeito. E ela era forte, muito forte, mesmo sem a individualidade, o que fazia o professor se sentir seguro em poder pegar um pouco mais pesado.

A menina então se aproximou com socos e chutes, e o homem de cabelos negros desviava como podia. Acertou nela um soco nas costelas, que tinha certeza que pararia uma pessoa adulta, mas ela continuou avançando. Ganhou um belo desenho de unhas na bochecha, ao tentar se desviar de um chute alto que nunca veio, e foi substituído com uma pequena mão aberta descendo implacável em sua pele. Yamada ia ficar bravo.

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora